Saiba o que fazer em Vale do Loire com um roteiro de 4 dias. Conheça corredores medievais, castelos autênticos, jardins cenográficos e uma das maiores rotas de produção de vinho da França.
No centro-norte da França, floresce o Vale do Loire: um corredor histórico de 280 quilômetros que serviu como refúgio de reis que deixaram Paris durante a invasão dos ingleses, nas primeiras metades dos séculos 14 e 15.
O resultado desse êxodo imperial foi a criação da maior concentração de castelos do mundo.
Sendo assim, neste roteiro de 4 dias pelo Vale do Loire, você passará por muitos séculos de história. Afinal, na região, de um total de mil castelos, mais de 300 estão abertos para visitação.
O Loire é uma sequência de cidades com cenografia medieval que se debruçam sobre o rio que dá nome ao lugar, declarado Patrimônio da Humanidade desde 2000.
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Equivocadamente destino bate e volta de quem se hospeda em Paris, o Vale do Loire não cabe em um único dia, já que mais do que lindos, os castelos são complexos e certamente merecem ser visitados sem pressa.
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Como chegar ao Vale do Loire
Com cidades a cerca de uma hora de Paris, o Vale do Loire pode ser explorado de trem, cujas estações ficam em cidades que servem também de base para visitar destinos como Blois, Amboise e Chartres, por exemplo.
Uma alternativa para quem faz questão de estar motorizado, mas não quer dirigir, são os tours privados em vans e com guia trilíngue (francês, inglês e espanhol).
Você também pode ir de Paris ao Vale do Loire de carro.
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Roteiro pelo Vale do Loire: 1º dia – Amboise
A viagem pode começar por Amboise, a uma hora e 40 minutos de trem a partir do aeroporto Charles de Gaulle. É o ponto mais distante do roteiro, mas a ideia foi começar longe para que posteriormente, no último dia, estivéssemos mais próximo da capital francesa para o voo de retorno.
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A 226 quilômetros de Paris, essa comuna do departamento de Indre-et-Loire marca o surgimento do Renascimento francês, cujo principal mecenas foi Francisco I, o jovem rei da França, que reinou de 1515 a 1547.
Após vencer guerras na península italiana, Francisco retornou à França fascinado com os trabalhos de Leonardo da Vinci. Sendo assim, a admiração rendeu um convite ao artista para morar em um dos castelos da corte francesa e acabou virando então o “primeiro pintor, arquiteto e engenheiro do rei”.
Aliás, cada um dos detalhes desse intercâmbio artístico pode ser conferido no Castelo de Clos Lucé, considerado a última residência de Da Vinci, morto no local em 1519.
O mestre do Renascimento está em todos os lugares, dentro e fora do castelo. Os jardins dessa construção dão acesso ao Parque de Leonardo da Vinci, um museu ao ar livre com réplicas das invenções do artista.
Além disso, o paisagismo também é inspirado nos seus trabalhos, como a inovadora Pont à Double Travée, ponte de dois níveis que cruza uma lagoa, rodeada por um bosque.
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Por dentro do Castelo de Clos Lucé
Mas, não é só isso: no interior do castelo é possível visitar também ambientes que recriam espaços frequentados por ele, como o quarto onde morreu sobre a cama de dossel renascentista.
Porém, o destaque mesmo é a reconstrução do ateliê em que Da Vinci criou suas obras. Dali saiu não só o quadro São João Batista, concluído durante sua estadia no Clos Lucé, como também o inacabado A Virgem e o Menino com Santa Ana.
Do seu quarto, Leonardo tinha vista privilegiada de outra construção nobre da cidade, o Castelo Real de Amboise, residência de seu anfitrião, Francisco I, a 400 metros dali. É no Castelo Real de Amboise que fica o túmulo de Leonardo da Vinci, na capela de Saint Hubert.
Navegação pelo Rio Loire
O terraço do castelo, que servia como um mirante estratégico para o Rio Loire, hoje rende principalmente minutos de suspiro frente ao maior rio da França. Com pouco mais de mil quilômetros de extensão e com foz no Oceano Atlântico, ele é conhecido pelos traiçoeiros bancos de areia.
É daí que surge o toue, uma embarcação plana com apenas 20 centímetros de calado, desenhada para navegações em águas rasas.
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A navegação acontece ao longo do dia, em diversos horários de saídas. Porém, o final de tarde a bordo é sobretudo uma das opções mais belas do roteiro. A travessia pode ser acompanhada de um piquenique, com tábua de frios e queijos, pães e, claro, muito vinho francês.
Região Vinícola do Vale do Loire
Certamente vinho não pode faltar! A região é o terceiro maior produtor da bebida (com Denominação de Origem), em toda a França. A rota viticultora de 800 quilômetros de extensão vai do Oceano Atlântico a Sancerre, na parte oriental do Vale do Loire.
Mas da terra não vêm apenas uvas que garantem vinhos frescos e frutados. Das mesmas rochas com as quais se ergueram castelos surgiram também cavernas que, atualmente, funcionam com a finalidade de adegas subterrâneas, como a Cave Duhard, a 600 metros do Castelo Real de Amboise e em frente ao Rio Loire.
A construção do século 16 mostra a história da produção local em um tour sensorial. Em seguida, a visita é encerrada com a degustação de três rótulos da casa, servidos com queijos da região.
Provei o tinto Chinon de 2015, um Vouvray 2016 demi sec e voltamos algumas décadas com um Vouvray 1985, um vinho de gastronomia, elaborado com uva Chenin e sabor persistente na boca.
Roteiro pelo Vale do Loire: 2º dia – Jardim da França
Conhecido também como Jardim da França, o Vale do Loire impressiona pela simetria dos jardins que rodeiam os castelos.
São tantos detalhes históricos e tanta beleza que fazem as visitas fora das propriedades serem igualmente empolgantes quanto as feitas dentro. Assim, o segundo dia do roteiro fica reservado para o Castelo de Chaumont-sur-Loire, que ganhou o mundo com seu Festival Internacional dos Jardins.
Sob o tema Jardins de la Pensée (Jardins do Pensamento, em português), artistas de países como Japão, Coreia do Sul, Rússia e França apresentam obras que vão além de flores, como um jardim azul de meditação e instalações interativas.
As opções de entretenimento do castelo são tão amplas que a própria administração do local recomenda que a visita dure oito horas.
Mas, se você apressar o passo, ainda dá para incluir mais um castelo no seu segundo dia de viagem. A vizinha Blois é endereço de outra construção que impressiona no Vale do Loire.
Erguido no século 9º como fortaleza, o Castelo Real de Blois é conhecido como exemplo da evolução da arquitetura francesa, entre os séculos 13 e 17, com os estilos gótico, renascentista e o clássico. Em outras palavras: por onde se olhe, uma vez no pátio interior, a sensação é de visitar quatro castelos diferentes em um mesmo endereço.
Seu acervo abriga 35 mil obras, algumas delas expostas em salas forradas de belas pinturas. Uma das novidades tecnológicas são os tablets com programa de realidade virtual que recriam os antigos ambientes do castelo.
Roteiro pelo Vale do Loire: 3º dia – Cheverny
Certos castelos do Loire parecem cenários de desenho animado. E no caso de Cheverny, ele é mesmo. O cartunista belga Hergé viu a fachada principal do Castelo de Cheverny e, posteriormente, ambientou as histórias de Tintin e do Capitão Haddock, no fictício Château de Moulinsart.
Em um edifício anexo ao castelo, o Les Secrets Moulinsart tem exposição permanente com salas temáticas que relembram as aventuras do jovem repórter. O museu conduz o visitante por uma viagem não só visual, mas também sonora.
A cenografia faz a gente se sentir em uma história sequenciada de Hergé, com trechos de filmes, diálogos ecoando nos corredores e exibição dos primeiros desenhos do cartunista.
Mas não é de hoje que esse castelo flerta com a literatura. Ali há também 34 painéis de madeira, feitas pelo pintor francês Jean Monier, com cenas do clássico Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.
Explorando o Castelo de Cheverny
A uma hora e 40 minutos de Paris e a 15 quilômetros de Blois, Cheverny é para ser explorado aos poucos. Sob os cuidados da família Hurault há mais de 600 anos, essa construção tem histórias da realeza francesa que se tornam realidade até hoje.
Afinal, o herdeiro da família Hurault, Charles-Antoine de Vibraye, mora em um dos pavilhões do castelo com sua esposa e os três filhos.
Além disso, Cheverny é uma bem preservada mostra do luxo da época, como o mobiliário de carvalho, lareira neorrenascentista na sala de jantar e impressionante tapeçaria nas paredes que contam a história dos poemas épicos da Odisseia, do grego Homero.
A pequena Chambord
A minúscula Chambord tem pouco mais de cem habitantes, entretanto, essa pequena cidade guarda um castelo de proporções colossais.
Em uma área equivalente ao tamanho de Paris, com muros que chegam a 32 quilômetros de extensão, o Castelo de Chambord abriga 300 lareiras e 90 salas abertas à visitação, de um total de 426 dependências. Ou seja, não é à toa que é considerado o maior palácio de todo o Vale do Loire.
Do lado de fora, uma floresta de cinco mil hectares recebe safáris guiados para observação de animais, bem como javalis e veados, cujo ápice da experiência é a brama emitida por esse animal no período de acasalamento, entre setembro e outubro.
Aliás, desde 2017 o Grande Promenade (“Grande Calçadão”) disponibiliza mais de 20 quilômetros de trilhas pela floresta, a mais nova atração ao ar livre desse que é considerado o maior parque fechado da Europa.
Obra-prima do Renascimento francês, Chambord tem uma escadaria em espiral dupla. Espécie de coluna vertebral do castelo, a obra permite que as pessoas subam e desçam por rampas geminadas sem que se cruzem. Certamente coisas de Leonardo da Vinci.
Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, Chambord foi endereço também do esconderijo de mais de 5.400 caixas com obras francesas dos museus de Paris durante a Segunda Guerra Mundial.
Roteiro pelo Vale do Loire: 4º dia – Chartres
A viagem vai chegando ao fim, mas não sem antes fazer uma parada de pelo menos uma noite em Chartres. O local fica a uma hora de trem de Paris. Afinal, essa cidade com talento cenográfico para filmes de época entrou na rota turística do Vale do Loire. Na verdade, a cena e do Chartres en Lumières, ou seja, um festival de video mapping que joga luz sobre monumentos, igrejas, ruas e pontes.
Isso acontece ao longo de seis meses, entre abril e outubro, e é considerado único em todo o mundo pela longa duração. Além disso, o evento passa em 24 pontos da cidade e conta até com um trenzinho que realiza um circuito pelos locais de projeção.
Mas o ponto máximo do Chartres en Lumières é o mapeamento da Catedral de Chartres (Notre-Dame). O local é considerado não apenas uma das maiores catedrais da França, como uma das mais preservadas construções góticas do gênero. Ao longo do ano, tours diários levam visitantes à sua cripta, a terceira maior da Europa.
Em seguida, de volta a Paris, a gente termina a viagem com a sensação de que viveu capítulos de uma autêntica história medieval. Daquelas que levaram séculos para serem escritas.
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Onde se hospedar no Vale do Loire
Em nossa viagem pela região, ficamos hospedados no Relais des Landes. Localizado em uma antiga propriedade vinícola do século 17, esse hotel com quartos espaçosos e ar de casa de campo fica próximo aos principais castelos: Cheverny e Blois (a 15 minutos) e Chambord (30 minutos).
Diárias a partir de € 92. O restaurante local conta com menus de € 34 e de € 42.
Outra boa sugestão é o Jehan De Beauce. Em pleno centro histórico da cidade e em frente à estação de trens de Chartres, esse recém-renovado hotel fica em um edifício dos anos 1930 e tem quartos em estilos art déco e art nouveau.
Diárias a partir de € 120.
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