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Conheça Coimbra, a cidade dos tesouros literários

Não deixe de visitar a Biblioteca Joanina, que fica dentro da Universidade de Coimbra.

Coimbra, Portugal. (shutterstock)

Biblioteca Joanina

Foi em Coimbra que vivi os meus dez minutos de glória. Durante a visita à Biblioteca Joanina, um verdadeiro tesouro que fica dentro da Universidade de Coimbra, pude ficar alguns minutinhos sozinha para fotografá-la.

E estava lá, apenas eu e minha câmera, junto com mais de 60 mil livros que forram as prateleiras do chão ao teto. As amplas estantes de madeira e folhas de ouro adornadas com motivos chineses dão à biblioteca um brilho bem particular ouro e madeira que, por sinal, vieram do Brasil

Ela foi construída entre os anos de 1717 e 1728, a pedido do Rei D. João V (cuja imagem está representada em um grande quadro). O espaço, em estilo barroco e com o teto repleto de pinturas, guarda algumas das obras mais valiosas da Europa, como a primeira edição de Os Lusíadas, de Camões.  

Biblioteca Joanina. (Foto: divulgação)

Apesar de a biblioteca ser a cereja do bolo, visitar o restante da universidade é de lei. Fundada em 1537 e tombada como Patrimônio da Humanidade, o campus ocupa o antigo Paço Real, da época em que a cidade era a capital de Portugal (foi até 1255).

A visita guiada leva para ver também a prisão universitária, onde se confinavam alunos e professores infratores, e a pequena Capela de São Miguel, rica em arte sacra (funcionários e alunos da instituição podem se casar ali). A sala dos Capelos, antiga sala do trono, é hoje usada para a defesa dos doutorados.

Universidade de Coimbra

A Torre do Relógio, o cartão-postal do campus, também pode ser visitada. É preciso pagar um bilhete à parte e vencer 180 degraus para chegar ao alto. A vista lá de cima compensa o esforço! 

A universidade é a alma de Coimbra e seus alunos são o corpo. Identificá-los fora dos muros é fácil por conta dos tradicionais trajes pretos que muitos continuam a usar mesmo não sendo mais obrigatório. 

Devidamente vestidos com a roupa negra, eles caminham pelo centro da cidade cantando em grupos, especialmente nos finais de semana e feriados, em busca de trocados e atenção dos turistas. Em dias comuns, a maioria deixa o uniforme guardado no armário. 

Os jovens costumam bater ponto nos degraus da Rua Quebra Costas (pelo nome, dá para entender como é íngreme a escadaria), endereço perto da universidade que enfileira bares, restaurantes e cafés

Universidade de Coimbra. (Foto: divulgação)

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Sé Velha

Uma caminhada curta leva até a Sé Velha, onde, aos pés da igreja/fortaleza do século 12, acontece a famosa Queima das Fitas, festival em que os alunos da universidade celebram o fim do ano letivo com muita farra, em maio.

Mas não fique admirando a obra apenas de fora, entre para conhecer a única catedral portuguesa construída na época da Reconquista (guerra entre cristão e muçulmanos na Península Ibérica) e que está intacta até hoje. 

Casa Fado ao Centro

Pertinho dali, a Casa Fado ao Centro é uma ótima maneira de conhecer o estilo musical mais famoso do país. É curioso saber que, diferente do que se vê no restante de Portugal, em Coimbra, o estilo é cantado apenas por homens. Essa herança vem da época das serenatas realizadas pelos alunos da universidade para as moçoilas. Os shows acontecem todos os dias às 18h.   

Arco de Almedina. (Foto: divulgação)

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Rio Mondego

Deixando a casa e descendo em direção ao Rio Mondego (rio aclamado em tantas letras de fados e em poemas portugueses), é a vez de passar pelo Arco de Almedina, antigo portão herdado dos tempos em que a cidade esteve sob o domínio mouro. 

A caminhada segue em direção à Praça 8 de Maio, coroada pela Igreja de Santa Cruz, mas com várias pausas para xeretar as lojinhas da rua. Esse é o pedaço mais comercial da cidade e um bom lugar para comprar lembrancinhas para a parentada.

Além dos suvenires clássicos, dez entre dez lojas vendem produtos feitos de cortiça, material extraído das árvores de sombreiros. E você achando que apenas rolha de vinhos era feita de cortiça! Em Portugal, o material está super na moda e é usado para fazer bolsas, sapatos, enfeites para casa, bijoux… 

Mais para explorar 

Se no primeiro dia o bate-perna ficou concentrado na Cidade Alta, junto à universidade, reserve o restante do tempo para conhecer o que há do outro lado da margem do Mondego.

Mirador Penedo da Meditação

Para ter belas vistas de Coimbra, vale visitar o Mirador Penedo da Meditação. O espaço servia como ponto de encontro para muitos poetas e o belo visual associado à tranquilidade do lugar era um combustível de inspiração.

Mosteiro de Santa Clara-a-Nova

Outro lugar para fotos é o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova. Ali, uma estátua da Rainha Isabel (uma das santas mais veneradas do país) desabrocha em meio a um canteiro de rosas, em alusão a um de seus milagres. Na igreja, a urna de prata e cristal é aclamada por ser o seu túmulo. 

Outra figura que rende histórias ao longo das gerações é Inês de Castro. Amante dInfante D. Pedro I, ela foi assassinada a mando do pai do príncipena época D. Afonso IV. Quando chegou a vez de assumir o trono, Pedro mandou que ela fosse desenterrada, coroou-a e exigiu que toda corte a reverenciasse. 

O lugar de sua morte, acredita-se, é hoje a Quinta das Lágrimas, propriedade transformada em hotel, cujos jardins com árvores centenárias podem ser visitados gratuitamente. Na quinta fica a Fonte dos Amores, construída em formato de cruz; segundo a lenda, a água correndo é uma representação do sangue de Inês

Museu Nacional Machado de Castro   

Enorme e completo, o museu ocupa um antigo palácio episcopal com um ótimo acervo de esculturas dos séculos 14 a 16, joalherias, pinturas, cerâmicas e mobiliários de diversas épocas.

Museu Nacional Machado de Castro em Coimbra. (Foto: shutterstock)

No subsolo está o Criptopórtico, um conjunto de fundações que sustentava o fórum romano da época em que Coimbra atendia pelo nome de Aeminium. Os visitantes podem andar pelas galerias romanas antes de visitar o restante da coleção.

Entre os destaques do museu estão a representação da Última Ceia com os apóstolos feitos de barro, a escultura de Cristo após a crucificação e muitos tesouros em joias.

Onde se hospedar em Coimbra

Pertinho da universidade, o Sapientia Boutique Hotel tem acesso fácil a todo o centro histórico. Apesar de estar em um edifício centenário, segue uma linha moderna com muito vidro e belas vistas para a cidade.

Os quartos fazem uma homenagem a personalidades portuguesas, com murais mostrando detalhes de obras de grandes artistas e poetas. Fiquei em um apartamento que homenageava Camões. 

O Sapientia Boutique Hotel. (Foto: reprodução Booking)

Onde comer

O restaurante do Hotel Sapientia fica em um gostoso jardim, o que rende uma refeição descontraída ao ar livre. O menu é sucinto, mas bem amarrado com opções portuguesas de ares bem contemporâneos. 

A posta de salmão com legumes e arroz chega fumegante à mesa, servida na própria chapa. Para compartilhar, invista em um almoço no moderninho Fangas Mercearia e Bar. A ideia ali é pedir entre três ou quatro opções de petiscos e dividir – são porções que servem duas pessoas –, de alheiras a pato e feijoada.  

Mais sobre Coimbra:

Distância: a 91 km de Viseu e a 200 km de Lisboa
Quanto tempo ficar: no mínimo dois dias 
Imperdível: visitar a Biblioteca Joanina e o Museu Nacional Machado de Castro 

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