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Tradição e gastronomia em Sevilha, Espanha

Não é exagero dizer que Sevilha é a maior personificação dos estereótipos espanhóis. Afinal, boa parte do que aparece no nosso imaginário quando se pensa em uma Espanha idealizada está lá. Dos toureiros às dançarinas de flamenco com vestidos de bolinhas, das ruelas com paralelepípedos aos palacetes históricos e tascas com mesas ultra fartas. São nada menos que três construções tombadas pela Unesco na cidade, que é perfeita tradução da Andaluzia, uma das mais sedutoras regiões espanholas.

Além disso, Sevilha é terra dos imperadores romanos Trajano e Adriano, dos alcázares reais e de inúmeras heranças árabes. Seu campanário mais famoso – a Torre La Giralda, de sua gigantesca catedral – já foi um minarete. E ver a cidade do alto de um de seus mais famosos cartões-postais, por mais que exija fôlego e disposição, é tão obrigatório quanto visitar o interior de uma das maiores catedrais góticas do mundo.

A pé, de barco ou de carruagem

Explorar Sevilha é fácil. Isso porque muitas atrações estão razoavelmente próximas umas das outras e metrô e ônibus conectam a cidade todinha. Três dias costumam ser suficientes. A atração mais famosa da cidade é, certamente, o palácio do Alcázar – Real Alcázar de Sevilla. Seu interior é tão espetacular e tão cheio de referências e estilos arquitetônicos que não é raro ter alguma equipe de filmagem rodando por ali. Portanto, prepare-se para passar horas maravilhado.

Trata-se de um dos conjuntos monumentais mais representativos da cultura mediterrânea. Afinal, reúne influências desde a dominação árabe, passa pelo mudéjar da Idade Média e chega ao Renascimento e o Barroco, num conglomerado absolutamente harmônico de culturas e civilizações. Dali, em seguida, rumei para a imensa e coloridíssima Plaza de España. A grandiosa praça é um colírio para os olhos e indiscutivelmente uma das mais bonitas da cidade.

Mesmo que touradas não sejam a sua praia, estão intrínsecas à atmosfera de Sevilla. Aliás, sua bela Plaza de Toros de La Real Maestranza de Caballeria está aberta para visitas turísticas guiadas, para quem quiser entender um pouco melhor as origens e os meandros dessa controversa tradição. É uma das praças de touros mais antigas de toda a Espanha e foi a primeira feita em formato circular, hoje consagrado nacionalmente.

Passado e arquitetura moderna

Como eu tinha tempo na minha caminhada, entrei para espiar a Real Fábrica de Tabacos. Já chegou a ser o maior prédio industrial do mundo e hoje abriga a prestigiosa Universidad de Sevilla. Segui para a Casa de Pilatos, seguramente a mansão mais bem preservada na cidade. Além dos interessantes estilos na arquitetura e nos detalhes, o pátio interno é magnífico e achei uma delícia fazer uma pausa em seus belos jardins. Aliás, para conhecer o passado romano de Sevilha, a gente pode descer aos subsolos da cidade e percorrer os espaços do Antiquarium. O passeio é interessante até para os claustrofóbicos, reunindo restos arqueológicos daquele período.

Mas a atração mais curiosa da cidade é, provavelmente, o Las Setas, ou, traduzindo livremente, “o cogumelo de Sevilha”. É um edifício-instalação na Plaza de la Encarnación, compondo a maior estrutura de madeirado mundo – e um design superdiferente e arrojado. O mirante (a partir de € 5) tem vistas lindas da cidade, bem como parte do moderno edifício sempre presente no horizonte.

Quem estiver com preguiça de andar pelo centro ou quiser descansar um pouco do calorão que assola Sevilha nos meses mais quentes pode apostar num tradicional passeio de carruagem, passando pelos principais pontos turísticos. Além disso, apostar nos cruzeirinhos fluviais pelo Rio Guadalquivir também pode ser uma bela maneira de ver a cidade por outro ângulo e descansar as pernas das andanças.

Praça de touros em Sevilha
Plaza de Toros de La Real Maestranza de Caballeria (foto: shutterstock)

Comer, comer…

Se tem uma cidade que leva o costume do tapeo extremamente a sério, então, essa cidade é Sevilha – dia e noite. Ali, a tradição de “sair de tapas” e ir de bar em bar provando uma taça de álcool com um quitute é quase uma religião. Azeitonas, lulas, jamón, tortillas… As tapas são saborosas, generosas e bem apresentadas até nos mais simples bares. E tudo geralmente regado ao perfumado vinho de Jerez.

Para o almoço, Sevilha tem diversos restaurantes ultraorgulhosos de servirem apenas “ingredientes andaluzes”. A farta cozinha andaluza, sempre regada a muito azeite, é tão sedutora quanto as tapas, o gazpacho e as sobremesas de influência árabe.

Em seguida, após o jantar, atravesse a bela ponte Triana para o bairro homônimo, do outro lado do rio. Além de ter uma vista inebriante, é neste bairro que muitos sevilhanos vão curtir bares ao som de flamenco, como a Sala Tronío ou o Lo Nuestro, por exemplo. Mas atenção: como a noite é realmente uma criança na Espanha, de quinta-feira em diante, o bom mesmo é chegar perto da meia-noite.

E, sobretudo, é um programão assistir a um show de flamenco na cidade que talvez mais respire flamenco do país. São várias as opções para se emocionar com essa dança carregada de beleza e força, como o ótimo Museo del Baile Flamenco. O local é a pedida por ser tipo dois-em-um. Isso porque o preço do show dá direito a visitar também o pequeno museu privado que conta a história do flamenco, criado por Cristina Hoyos, uma das principais dançarinas do gênero. Inesquecível.

Show de Flamenco em Sevilha
Museo del Baile Flamenco (foto: Cristina Hoyos)

Hospedar

Hotel Alcantara: Um hotel em estilo andaluz, com pátio interno e decoração clássica. Além disso, fica em pleno centro histórico. Calle Ximénez de Enciso, 28. Para conferir fotos e diárias, clique aqui!

La Casa del Maestro: Charmoso, ocupa a antiga casa de um maestro de guitarra flamenca ao lado do bairro Santa Cruz. Calle Niño Ricardo, 5. Para conferir fotos e diárias, clique aqui!

Comer

Bodeguita Antonio Romero: Tapas baratas e perfeitas. Calle Harinas, 10, bodeguitaantonioromero.com.

Abantal: Alta gastronomia estrelada. Av. da Independência, 76, abantalrestaurante.es.

 

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