Como chegar a Montevidéu?
Porta de entrada do país, a capital uruguaia está a menos de três horas de voo de São Paulo e o turista brasileiro só precisa apresentar o RG para entrar. Dirigir a partir dali para outras cidades é muito fácil e rápido, com distâncias que não ultrapassam 200 quilômetros.
Como é?
Montevidéu tem pouco mais de um milhão de habitantes e um quê de cidade pequena – seu ritmo é muito diferente de Buenos Aires ou São Paulo, por exemplo. O centro antigo preserva a história da cidade, bons restaurantes pipocam em diversos bairros e vinhedos cênicos se encarregam de forrar o roteiro dos visitantes.
O que fazer em Montevidéu?
Quem vai à capital uruguaia sabe que ficará um bom tempo zanzando de vinícola em vinícola, mas vale a pena reservar dois dias inteiros para fazer os passeios que não pedem uma taça na mão. Comece pela área da Cidade Velha de Montevidéu, dando o pontapé na Puerta de la Ciudadela, antiga entrada para a parte murada da cidade. As muralhas foram construídas pelos espanhóis no século 18 para evitar a entrada de invasores, principalmente os portugueses que estavam de olho na região.
Seguindo pela Plaza Independencia e caminhando pela rua exclusiva para pedestres, a Peatonal Sarandí, o passar dos anos é contado em cada esquina e nos prédios de diferentes épocas e estilos arquitetônicos.
O centro também é marcado pelo imponente Teatro Solís (de 1856, ainda recebe espetáculos), pela Plaza de la Constitución (localizada entre a catedral e o Cabildo), e o chafariz (que foi a única fonte de água potável da cidade por um período).
Alguns dos prédios históricos mais bonitos da cidade, que transita sem o ritmo de uma capital federal, somam-se a embaixadas de diversos países. Depois da caminhada, vale fazer uma pausa na Librería Más Puro Verso, livraria que funciona em um prédio de 1917 e é Patrimônio Nacional.
Na rua de trás, uma parada que era indispensável até ao escritor Eduardo Galeano: o Café Brasilero, de 1877, que mistura art nouveau em um prédio neoclássico. De brasileiro, hoje, só restou o nome: o café é colombiano, e os clientes, de múltiplas nacionalidades.
A propósito, come-se muito bem na capital. A refeição turística é a do Mercado do Porto, aberto em um edifício histórico de quase 150 anos e estrutura de metal ao estilo inglês. Você pode se sentar no balcão de lugares como a Estancia El Puerto, trocar uma ideia com o churrasqueiro e pedir seu filé no ponto rosado, como manda o manual, acompanhado do onipresente molho chimichurri e uma dose de medio y medio, espumante com vinho branco.
Para continuar na comilança, siga para Pocitos, um bairro alto-astral cheio de barezinhos e restaurantes da moda e com uma praia que é o destino corriqueiro dos moradores no verão. Para dar uma variada na parrilla, a dica é pedir uma mesa no restaurante Tona, do chef Hugo Soca. Ele reluta em servir carnes porque acredita na amplitude da cozinha uruguaia para além dos asados. Carismático, Soca passeia pelo salão perguntando aos clientes se gostaram disso e daquilo. Na casa, aposte nas massas caseiras e nos pescados.
Outro que desapegou do churrasco e prefere servir uma versão da parrilla gourmet é o Francis Punta Carretas. Na sua cozinha são feitos massas, frutos do mar e até sushis. Aposte feliz no Matambrillo de Cerdo Rellenos, carne de porco recheada com mostarda dijon, e finalize com a musse de doce de leite.
Termine o dia na rambla, avenida que fica à beira do Rio da Prata. Ali, os uruguaios passeiam tranquilos pela orla com seu chimarrão a tiracolo. Programe-se para estar ali no pôr do sol e aproveite os bares e lanchonetes desse miolo para beliscar o chivito, um sanduíche de carne, embuti-dos, ovo e salada que ganhou as ruas.
Vinícolas nos arredores de Montevidéu
Uma boa forma para conhecer mais sobre os vinhos uruguaios é cair na estrada e visitar os vinhedos que ficam ao redor de Montevidéu. Ali, o dia passa entre as plantações, segue para as belas salas de degustação e pode terminar ou começar com um almoço com vista para as parreiras. Em comum, todas as vinícolas cultivam a casta de uvas Tannat. De origem francesa, chegou em terras latinas em meados do século 19 – adaptou-se tão bem ao clima e ao solo do Uruguai que virou um dos símbolos do país.
Bodega Bouza
A 20 quilômetros do centro da cidade, é uma ótima bodega para iniciantes, pois “ensina” aos visitantes particularidades do cultivo e da produção. Além do passeio pelas vinhas, pela adega subterrânea e degustação, ainda é possível ver a coleção de 30 veículos antigos da família. Vale se programar para almoçar – da cozinha saem clássicos da culinária nacional, entre eles o saboroso carré de cordeiro.
Carrau
A 25 quilômetros do centro da cidade, a bodega da família Carrau é uma das mais tradicionais. Seguindo os costumes da família italiana de plantadores de uva desde 1752, a nona geração abre as portas do casarão colonial para os visitantes. Vendem dois dos vinhos de Tannat mais reconhecidos do país e proporcionam um passeio pelos vinhedos cênicos.
Juanicó
A 38 quilômetros ao norte da capital, a vinícola faz a colheita totalmente manual para garantir mais qualidade à uva e esse rigor segue também para a adega, onde os barris de carvalho só são usa-dos três vezes antes de serem substituídos. Atualmente, ela é uma das maiores produtoras do país, mas sua tradição vem de 1830. Além do vinho, parte da herança dessa época são os prédios de pedra que, apesar de terem sido reformados ao longo dos anos, mantêm o charme original. Estique para saborear o churrasco da casa que vem casadinho com os rótulos locais.
Artesana
Outra parada que integra o roteiro dos enófilos é a Artesana, a 40 quilômetros de Montevidéu. Desde 2011, cultiva a uva Zinfandel, muito popular na Califórnia. A bodega só produz rótulos tintos, combinando a casta americana com a Tannat. Para prolongar a experiência na casa, o visitante pode participar de aulas de culinária e aprender a fazer o churrasco uruguaio na área do pátio, com vista para os vinhedos.
Onde se hospedar em Montevidéu?
Hotel My Suites: cada andar do edifício é uma homenagem a alguma vinícola uruguaia conhecida. O wine bar deles ostenta uma senhora seleção dos rótulos do país, provando que Montevidéu também é fundamental para degustar o Uruguai.
Hotel Sofitel Casino Carrasco: à beira da rambla do Rio da Prata, é um patrimônio da cidade inaugurado em 1921. Depois de receber em bailes de gala hós-pedes como Albert Einstein, caiu em decadência e fechou as portas em 1997. Foi sacudido por uma recuperação e passou a ser operado pela rede francesa Accor. Pocitos é um bairro alto-astral cheio de barezinhos e restaurantes. Mantém intacto o luxo rebuscado dos tempos áureos nos 116 quartos com camas ultramacias, restaurante de influência francesa, lobby em art déco com seus vitrais coloridos, cassino e spa.
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