Paradinhas estratégicas para enriquecer o roteiro pelo Alentejo, passando pelas cidades de Elvas, São Pedro do Corval, Herdade do Sobroso e Arraiolos.
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1° parada: Elvas
Desvio entre Vila Viçosa e Torre de Palma Wine Hotel, base para conhecer Marvão, em Alentejo.
O que esperar de uma cidade conhecida como “A Invencível”? Elvas é um destino especialmente interessante para os aficionados por construções militares e curiosidade do tema. Seu apelido é uma referência ao fato de que ela nunca foi, realmente, conquistada por povos inimigos dos portugueses, tendo sido anexada ao país no século 12.
Patrimônio da Unesco e entre as cidades mais fortificadas da Europa, ela sentiu ao longo dos anos os conflitos entre Portugal e os reinos que originaram a Espanha (vale lembrar que estamos a poucos quilômetros da fronteira).
E é uma das únicas da Europa com estrutura bem preservada do século 17. Por isso, as fortificações são a principal atração, sempre celebradas e conservadas. Quem domina o cenário, por exemplo, é o Forte da Graça, no alto de uma colina.
Uma maquete guardada em seu interior permite ter uma dimensão do tamanho e da complexidade da obra, que, de certa forma, parece uma estrela cheia de pontas, muralhas e corredores.
São espaços que funcionaram como sala de estratégia, prisões e áreas de convivência, além de pequenas construções na parte de cima da base, que eram as residências militares. E ali, bem no centro e no topo, o forte é coroado pela Casa do Governador.
Foi só a partir de 1950 que as casas começaram a, de fato, sair da cidade fortificada. A Pousada de Santa Luzia foi a primeira construção fora das muralhas. Mesmo quem decide não passar a noite aqui, como foi nosso caso, pode apreciar seu restaurante: é possível trocar os pratos alentejanos mais pesados, como lombinho de porco, por um bacalhau dourado com batatas.
Dica: Se precisar pedir ajuda, lembre-se de que em Elvas, quando um local fala da cidade, ele se refere à área dentro da muralha. O resto é indicado como bairros. Estacionar o carro na parte histórica é difícil, mas há vagas.
2° parada: São Pedro do Corval
Entre Évora e Monsaraz, em Alentejo
Quatro senhoras batendo papo enquanto trocam sorrisos ao redor de uma mesa. Poderia ser uma tarde entre amigas, mas é trabalho: há anos elas pintam minuciosamente as peças de cerâmica. Essa é uma cena recorrente por aqui, afinal, são muitos anos de tradição na produção de objetos de barro – e apesar do uso de máquinas nos dias de hoje, grande parte do processo ainda é manual.
O dono da São Pedro do Corval, uma das 20 olarias da cidade, conta como tudo funciona, libera a visita pelas instalações e depois vende pratos, potinhos, bandejas, canecas e outros itens.
3° parada: Herdade do Sobroso
Ao sul do trajeto entre Évora e Monsaraz (a 50 minutos), em Alentejo
Os donos, Sofia Ginestal Machado e Filipe Teixeira Pinto, nos recebem como velhos amigos na propriedade Herdade do Sobroso, com 1.600 hectares repartidos entre terrenos de vinha, cultivo, montado e floresta.
Seus vinhos costumam ser frescos pela proximidade com o Rio Guadiana, e as castas tintas predominantes são Aragonez, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Syrah, Alfrocheiro e Trincadeira. Os brancos, apesar de menor expressão, também têm vez com as uvas Antão Vaz, Arinto e Perrum.
Mesmo quem não é tão entendido no assunto curte esse desvio no roteiro. E um dos grandes motivos é o almoço: não há um restaurante propriamente dito, mas uma sala de jantar confortável que faz o visitante sentir-se em casa.
No menu, carne de javali, arroz de polvo, pato… Mas foi a sopa de cação que conquistou o meu paladar – prato tradicional alentejano, leva pão, ovo e queijo, além do peixe. A refeição, com tour pela adega e prova de dois vinhos locais, custa a partir de € 29 por pessoa. Dá para curtir tours de bicicleta, safári fotográfico para observar aves, cervos e outros animais e até passeio de barco na barragem de Alqueva.
4° parada: Arraiolos, em Alentejo
Muitas avós portuguesas tentam, em vão, ensinar a seus netos a tradição de produzir um tapete arraiolo, feito com bordado em lã sobre uma tela de juta, algodão ou linho. Se a tradição da técnica tipicamente portuguesa se perde nas novas gerações, ela permanece viva na cidade de mesmo nome.
Aqui está o Centro de Interpretação do Tapete de Arraiolos: são dois andares dedicados ao produto que, presume-se, começou a ser feito antes do século 16 – os mais antigos têm influência oriental, como tapetes persas e turcos. Neste espaço, há mais de 20 peças, entre cópias e originais.
Depois, mais dez minutos de caminhada levam ao castelo da cidade, também conhecido como Paço dos Alcaides. De 1305, ele se diferencia das demais construções portuguesas por ter linhas circulares. Além disso, está no topo do Monte de São Pedro e proporciona uma vista de 360 graus da planície alentejana. Em uma manhã, dá para conhecer facilmente esses atrativos.
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