Saiba quais pontos turísticos visitar no maior parque nacional do País de Gales
Natureza é companhia constante em uma viagem por Gales: juntos, seus três parques nacionais ocupam 20% do território. O maior – e provavelmente mais dramático – é Snowdonia, que abrange parte da costa e o interior de montanhas no noroeste do país.
Ali fica um dos picos mais altos do Reino Unido, Snowdon, com 1.085 metros de altitude – no topo, reza a lenda que o Rei Arthur teria matado e enterrado o gigante Rhitta.
Cidade de Conwy
Vindo de Londres em trem, chega-se à cidadezinha de Conwy, na costa norte, em três horas e meia. Ainda não estamos no parque propriamente dito, mas serve como uma espécie de “aquecimento”, com as montanhas vigilantes ao fundo.
É também onde se tem o primeiro contato com um dos muitos castelos de Gales – são 641 para sermos exatos, a maior concentração do mundo. Patrimônio da Unesco, o Castelo de Conwy foi construído no século 13 sobre um rochedo, à beira do rio de mesmo nome.
Fazia parte do sistema de fortalezas erguido por Eduardo I, rei inglês que empreendeu a conquista dos territórios galeses. Entre as ruínas muito bem conservadas, sustentadas por oito torres, ainda se veem os espaços que correspondiam à prisão, aos apartamentos reais, à capela com vitrais coloridos, à cozinha e aos estábulos.
Em meio às ruelinhas que ficam dentro da parte murada da cidade, eis outro marco histórico de Conwy: a Plas Mawr, uma casa dos tempos elisabetanos que mostra como era a vida de uma família rica no século 16. Um giro por seus quatro andares permite ver cômodos fielmente mobiliados e decorados.
Outra residência peculiar fica na região do porto. Famosa por ser a menor da Grã-Bretanha, segundo o Guinness Book, a casinha de fachada vermelha tem menos de dois metros de largura e três de altura (para dois andares).
Pertencia a um pescador que media pouco mais de 1,80 metro. E é no porto, também, que Conwy exibe outro triunfo: os mexilhões, que aqui crescem naturalmente e são considerados os melhores do Reino Unido. A melhor temporada para prová-los é de setembro a abril – como no restaurante do Castle Hotel, na rua principal.
Llandudno
Atravessando o Rio Conwy por uma das primeiras pontes suspensas do mundo, chegamos à vizinha Llandudno, balneário muito popular no verão.
Além da praia, faz sua fama em cima de Alice no País das Maravilhas: a garotinha que inspirou o escritor Lewis Carroll a criar a história costumava passar férias com sua família na cidade.
Hoje existe aqui até uma rota turística inspirada na personagem: autoguiada, percorre esculturas, o calçadão da praia, o endereço em que antes ficava a casa de veraneio da família e o Hotel St Tudno, onde a menina se hospedou em 1861. Este último serve um ótimo chá da tarde tipicamente britânico, com direito ao bolinho típico welsh cake.
Foi ali que conhecemos Jessica, a atual Miss Alice – Llandudno promove, desde 2000, um concurso anual entre garotas de 8 a 10 anos, que elege uma espécie de “embaixadora mirim” da cidade, sempre vestida a caráter. Mas agora deixemos o País das Maravilhas para trás.
É hora de adentrar o coração de Snowdonia, onde ganha vida a lenda do Rei Arthur. O ideal é alugar um carro para poder rodar livremente – só lembrando que a mão é inglesa e que as estradas costumam ser estreitas e sinuosas.
Vila de Betws-y-Coed
Meia hora ao sul de Conwy, a vila de Betws-y-Coed é considerada a porta de entrada do parque nacional e pode servir de base para quem quer passar algumas noites e explorar a região com calma.
Outra opção é se hospedar em Beddgelert, que merece uma paradinha mesmo se não for para dormir. São dois vilarejos fofos que representam fielmente o interior de Gales, com casas de pedra e pontes pitorescas atravessando riachos.
Llechwedd
É rápido chegar até Llechwedd, um complexo de minas de ardósia, cuja extração esteve entre as atividades mais importantes do país no século 19.
As cavernas, hoje, são atração turística, com passeio em trenzinho que desce pelas profundezas para contar a história da mineração. Curioso também é provar o queijo cheddar maturado nos subterrâneos.
Ali embaixo há, ainda, atrações inesperadas, como o Zip World, que combina o Bounce Below (um conjunto de redes, trampolins, passarelas e escorregadores) e o Caverns (com tirolesas, pontes suspensas e túneis) – além da Titan, ao ar livre, a maior área de tirolesas da Europa, com três circuitos que somam oito quilômetros.
A ardósia é tão importante na história galesa que existe até um museu nacional dedicado ao assunto em Llanberis, a 45 quilômetros de Llechwedd. De entrada gratuita, ocupa as antigas oficinas de uma pedreira e mostra como era a produção. O mais interessante são as casas que reproduzem o modo de vida dos mineradores em quatro décadas diferentes.
Mas Snowdonia é um lugar lindo que merece ser visto não apenas debaixo da terra, e a ida a Llanberis serve também a esse propósito.
De trem ao topo do Monte Snowdon
Daqui sai o trem turístico que leva até o topo do Monte Snowdon, a bordo de locomotivas a vapor de 1896, antes usadas no transporte da ardósia. Chamada de Snowdon Mountain Railway, completa em duas horas o trajeto de subida + parada no topo + descida.
Há outros dois roteiros que cortam o parque nacional, também em trens históricos: o WelshHighland Railways, que vai da vila medieval de Caernarfon até a cidade litorânea de Porthmadog, e o Ffestiniog Railway, entre Porthmadog e Blaenau.
Mas é de carro, descendo desde Betws-y-Coed ou Beddgelert em direção à costa, que temos as melhores vistas de Snowdonia, especialmente do desfiladeiro de Aberglaslyn Pass e do vale de Nant Gwynant – onde foram filmadas cenas de Tomb Raider 2 e, de novo, Rei Arthur.
No fim desse caminho, a próxima parada faz o viajante pensar que está em uma cidadezinha da Itália, na boca do Mediterrâneo. Mas é Portmeirion, um hotel kitsch em formato de vila, erguido a partir dos anos 1920 pelo excêntrico arquiteto Clough Williams-Ellis, à beira do estuário do Rio Dwyryd.
Além das casinhas que abrigam 32 acomodações tipo chalé, tem campanário, catedral tipo duomo, piazza, jardins, cafés, restaurantes e até templo com estátua de Buda. A vila é aberta também para não hóspedes, que pagam uma taxa de entrada e podem participar de tours guiados.
Portmeirion é, enfim, o jeito perfeito de se despedir de Snowdonia e seguir rumo à capital Cardiff.
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Curiosidades sobre o País de Gales
Príncipe de Gales
A tradição de nomear como Príncipe de Gales o filho mais velho do monarca britânico nasceu em 1301, com o rei Eduardo I. E senta que lá vem a lenda: para agradar aos novos “súditos”, ele prometeu que o título seria concedido a um galês que não falasse inglês, levando, então, a esposa grávida para dar à luz no Castelo de Caernafon.
Portanto, seu filho bebê, nascido no país e desconhecedor de qualquer idioma, pôde se tornar Príncipe de Gales. Até hoje, a cerimônia de investidura deve acontecer no mesmo castelo – como ocorreu com Charles, em 1959, aos 11 anos.
Idioma galês
Herança dos celtas, o galês é um dos idiomas nacionais, junto com o inglês. Cheio de consoantes, é falado por 500 mil pessoas, o que equivale a 20% da população.
Todas as placas de sinalização e materiais escritos no país trazem versões nas duas línguas, ensinadas compulsoriamente nas escolas. Fora da Europa, o lugar onde mais se fala galês é em Chubut, na Argentina, graças à imigração no fim do século 19.
Dragão como símbolo nacional
O símbolo nacional também tem origem em uma lenda. No século 5º, um rei tentava construir seu castelo, mas as paredes desmoronavam misteriosamente.
Até que um menino relatou que dois dragões brigavam nos subterrâneos: um vermelho e o outro branco. Representando o povo que deu origem aos galeses, a criatura vermelha finalmente derrotou o adversário – os saxões. O menino, mais tarde, se tornaria o famoso Mago Merlin, conselheiro do Rei Arthur.
Onde se hospedar no País de Gales?
Betws-Y-Coed – The Royal Oak
Na boca do parque nacional de Snowdonia, ocupa uma antiga hospedaria em estilo vitoriano, com quartos aconchegantes.
Portmeirion
Reproduzindo uma vila mediterrânea de influência italiana, tem acomodações tipo chalé e um prédio principal com quartos convencionais.
Cardigan – The Cliff Hotel & Spa
De frente para a baía de Cardigan, afastado do centro, tem 70 quartos simples, porém espaçosos e funcionais, que estão passando por renovação.
St. Davids – Twr y Felin
Perto do centrinho e rodeado por paisagem bucólica, este hotel design ocupa um antigo moinho e tem 21 suítes sofisticadas, com obras de arte por toda a propriedade.