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Curaçao: dicas incríveis para aproveitar a ilha caribenha da melhor forma

A ilha de colonização holandesa Curaçao tem praias deliciosas. Mas ela vai bem além disso, esbanjando cultura e gastronomia.

Vista do centro de Willemstad. (Foto: shutterstock)

Curaçao é um país que faz parte do chamado “ABC caribenho”, ou seja, as iniciais de três ilhas colonizadas pelos Países Baixos: Aruba, Bonaire e Curaçao. Não há voo direto a partir do Brasil, mas é facilmente acessível com conexão em Bogotá, na Colômbia, ou na Cidade do Panamá.

Tem 440 km² – o mesmo tamanho da porção insular de Florianópolis – e uma população de aproximadamente 160 mil pessoas, ou seja, quatro vezes menos que na capital catarinense. Aliás, a comparação não é à toa.

Assim como nosso balneário, Curaçao é um recanto repleto de praias isoladas, distantes das áreas urbanas e com um centrinho cheio de charme, onde as pontes viraram cartão-postal.

Entretanto, a grande diferença é a arquitetura, com seu legado holandês preservadíssimo. Afinal, você provavelmente já deve ter visto alguma vez aquela imagem clássica das casinhas coloridas enfileiradas, todas estreitas e de telhados altos e agudos.

Tudo isso no melhor estilo dos cartões-postais de Amsterdã. No entanto, de frente para o mar.

Quando ir para Curaçao

Curaçao está fora da rota dos furacões, o que permite visitar a ilha sem perigo o ano todo. No entanto, fica mais caro entre o Natal e a Páscoa. Temperaturas quentes são praticamente constantes ao longo do ano e as chuvas são esparsas.

Como chegar

Há um voo direto que sai de Belo Horizonte, Minas Gerais, para o aeroporto Hato (CUR), em Curação, com duração média de 6 horas. Com conexão em Bogotá, voa a Avianca, via Cidade do Panamá, e a Copa Airlines, com duração mínima de 11 horas.

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O bairro central de Willemstad

Punda cresceu em torno do Forte Amsterdã, construído em 1648. Desde então, os holandeses transformaram Curaçao num entreposto comercial. Assim, o porto Schottegat viu décadas e mais décadas de frenesi. Armazéns, lojas, prédios públicos, igrejas…

WILLEMSTAD, CURACAO. (Foto: shutterstock)

Tudo surgiu nesse bairro central e – para alegria dos turistas de hoje – a maioria dessas benesses foi preservada. Por isso, praticamente tudo que se vê nesse lugar é tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.

Uma ilha cheia de cor

Ruazinhas e becos cheios de cor concentram boas lojas, cafés e restaurantes. Dá para achar de tudo: da última moda europeia aos perfumes franceses, de porcelanas inglesas a eletrônicos japoneses (e chineses, claro), sem contar o artesanato da Indonésia e a joias holandesas…

Tudo isso, claro, com um atendimento cheio de simpatia, de um povo que fala quatro línguas no dia a dia (holandês, inglês, espanhol e papiamento).

Portanto, nada mais agradável que passear, de dia ou de noite, pelo gracioso labirinto e, por fim, descontrair num dos bares que ficam de frente para o canal que cruza Willemstad, com a vista privilegiada da pitoresca Ponte Queen Emma (que é apenas para pedestres e se abre quando navios precisam passar) ou da grandiosa Ponte Queen Juliana (com seu enorme vão de 60 metros de altura).

Ponte Queen Emma (foto: shutterstock)

História e museus

Além disso, dá para encontrar muita história por ali. Em Punda, por exemplo, fica o Forte Rif, erguido em 1828 e hoje transformado em shopping center a céu aberto, com uma unidade da rede de hotéis Renaissance ocupando suas dependências.

Sem falar na sinagoga Mikvé Israel-Emanuel – considerada a mais antiga das Américas continuamente em funcionamento. Isso porque nunca deixou de exercer sua função desde a inauguração, em 1732.

Ela acolhe a mais longeva congregação judaica ativa no continente, datada de 1651. Vale a pena conhecer seu museu de arquitetura muito peculiar e acervo instigante.

Rif Fort (foto: divulgação)

Falando em museus, há dois que merecem sua visita. O Maritime Museum conta a história das Grandes Navegações dos séculos 15 e 16 e toda a saga marítima de Curaçao desde então.

Há dezenas de maquetes de navios de todos os tipos e eras – o que fascina, sobretudo, as crianças. Sem contar o passeio de barco pela região portuária, incluído no ingresso (convém consultar antes, pois tem horário e lotação restritos).

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Igualmente imperdível é o Museu Kura Hulanda, situado no bairro de Otrobanda – nome que, no idioma papiamento, refere-se exatamente às “outras bandas”, ou seja, o lado oposto do canal.

Declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, o Kura Hulanda é um dos mais completos museus do mundo sobre a escravidão africana e a cultura dos povos que vieram da África para a América entre os séculos 16 e 19.

Museu Kura Hulanda (foto: shutterstock)

Ele ocupa uma construção histórica ao lado do antigo porto de Willemstad e tem visita guiada e diversos eventos culturais.

Vale lembrar que Curaçao foi, durante séculos, um centro de comercialização de escravos. No museu, descobre-se um dos motivos de a língua local ter tantas palavras e expressões iguaizinhas ao português. 

Além dos escravos trazidos de Cabo Verde e Guiné Bissau, Curaçao recebeu também milhares de judeus oriundos do nosso Nordeste no século 17, assim como negros brasileiros que serviam como “treinadores” dos recém-capturados na África, ensinando-lhes trabalhos domésticos, rurais, língua portuguesa e até mesmo noções de etiqueta.

Mais do que registros soturnos sobre escravidão, o Museu Kura Hulanda é, acima de tudo, um local de celebração à cultura africana e ao combate ao racismo, com alas inteiras dedicadas a folclore, artes, literatura e afins.

Aliás, até mesmo um caprichado painel sobre a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos existe por ali.

Kas di Pal’i Maishi

Não é apenas na porção urbana que a cultura de Curaçao ostenta atrativos históricos de primeira linha.

Na quase deserta costa norte da ilha, a 30 quilômetros de Willemstad, fica o museu Kas di Pal’i Maishi, que celebra as tradições culturais e culinárias africanas com seu acervo de utensílios, roupas e fotos abrigado nas kunuku houses – as casas de argila construídas pelos escravos libertos no final do século 19.

Além de conhecer o modo de vida pós-abolição (que veio em 1863), o visitante pode experimentar pratos típicos, como a sopa de cacto, tomada com pão artesanal.

Landhuis Savonet

Em seguida, um pouco mais adiante, rumo à extremidade norte da ilha, desponta a Landhuis Savonet, uma típica fazenda dos séculos 18 e 19. Naquele tempo, ela produzia lã, milho, legumes, carne e madeira.

Landhuis Savonet. (Foto: shutterstock)

Hoje, entretanto, é um ilustrativo museu que conta toda a história da região, parte da cultura local. A sede, com sua arquitetura colonial, foi um dos bastiões da resistência contra a invasão dos ingleses, em 1804. Aliás, o mais bacana é que a visita a Savonet leva, invariavelmente, a uma das mais belas atrações naturais da ilha: o Parque Nacional Shete Boka.

Parque Nacional Shete Boka

Praticamente ao lado da fazenda, trata-se de um conjunto de sete rochedos (ou sete bocas, em papiamento) através dos quais as águas revoltas do Atlântico quebram de forma espetacular, garantindo um verdadeiro show aos visitantes.

Parque Nacional Shete Boka. (Foto: shutterstock)

Além disso, esse rincão selvagem é adorado pelos adeptos do trekking e da aventura, com suas cavernas, colinas, trilhas e até mesmo pequenas praias isoladas onde se podem apreciar tartarugas, iguanas e outros bichos em seu habitat natural.

Natureza em Curaçao

Não se assuste com as ondas inclementes dessa região, afinal, Curaçao tem dois lados completamente diferentes. Isso porque a porção voltada para a imensidão do Atlântico, a leste e nordeste, é de fato açoitada por águas bravias – tanto que é bem menos habitada e pouco desenvolvida.

Contudo, o lado que olha para a América, a sudoeste e oeste, é banhado por marolas calmas, em nada menos que 38 enseadas espalhadas por 60 quilômetros de costa. Todas elas cumprindo com o estereótipo caribenho, aliás: areias claras e águas verde-esmeralda com uma transparência difícil de acreditar.

Certamente, é difícil definir qual delas é a mais agradável. No entanto, muitos afirmam ser Kenepa Grandi, com seus corais perfeitos para um mergulho de snorkel.

Nessa mesma pegada, há a Playa Forti e a Playa Lagun, muito procuradas devido à presença de tartarugas, atraídas pelos peixes devolvidos ao mar por pescadores da região, após chegarem nas areias com seus barcos coloridos.

Playa Lagun. (Foto: shutterstock)

Por outro lado, outros apontam como a praia mais bacana a pequena e isolada Jeremi, protegida por um enorme paredão de pedra à esquerda e completamente deserta… Mais idílica que ela, só Klein Curaçao, numa ilhota deserta com ares de cenário de Hollywood, aonde só se chega de barco.

Bem diferente da badalada Pirate Bay, que ostenta quiosques com drinques exóticos, aluguel de equipamentos de mergulho, esportes náuticos e afins.

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Onde comer em Curaçao

É bem ali que fica um dos estabelecimentos mais divertidos da ilha, o Pirate Bay Curaçao Beach Club. Com música ao vivo e pratos e drinques típicos, ele é um legítimo restaurante pé na areia. Isso porque as mesas estão, de fato, na praia, e você pode comer, beber e dançar entre um mergulho e outro.

A gastronomia, aliás, é um ponto alto da jornada pela cultura de Curaçao. Assim como em qualquer ilha caribenha, não faltam bons pescados e frutos do mar à mesa.

Se você não prescinde de uma generosa lagosta gratinada ou de fartos camarões fritos à perfeição, com acompanhamentos como abacate, a pedida é o Saltwater, restaurante literalmente sobre o mar, na John F. Kennedy Boulevard.

Keshi Yena

O diferencial dessa ilha é a mescla de culinária africana e holandesa, expressa em pratos como o keshi yena, por exemplo.

A iguaria é feita com uma farta porção de queijo gouda, envolvendo um refogado de frango, cebola, tomate, pimentão, cebola e especiarias. Tudo assado em forno a lenha até atingir uma sutil crocância, servido com chips de banana… Um dos melhores locais para degustar esse prato é o descolado Café Gouverneur de Rouville, em Otrobanda.

Instalado na antiga mansão de um governador local (daí o nome), o lugar ferve no happy hour, quando o clima de descontração se traduz nos drinques coloridos, preparados com o legítimo licor curaçau – que, ao contrário do que todos pensam, não é só azul: ele pode ser produzido igualmente nas cores vermelho, laranja e verde.

Enfim, com a belíssima vista panorâmica das casinhas coloridas de Punda ao longe e a romântica cena dos veleiros cruzando o canal de Willemstad ao pôr do sol, não há forma mais arrebatadora de terminar um dia no Caribe holandês.

Dicas de hotéis em Curaçao

Em minha viagem por Curaçao, fiquei hospedado no Curaçao Suites Hotel, que é bastante simples, mas renovado. Localizado a apenas cinco minutos a pé da Ponte Rainha Emma, o hotel permite aos hóspedes usarem a área de lazer e a academia do hotel vizinho. Langerstraat 13, Otrobanda, Willemstad.

Outra dica legal é o Dreams Curaçao Resort Spa & Casino, que substituiu o tradicional hotel Hilton Curaçao, um dos mais antigos resorts (de verdade) do Caribe, com mais de 50 anos de existência, próximo a praias como a badalada Pirate Bay, por exemplo.

resort é ideal para crianças, com direito a clube e parquinho para os pequenos. John F Kennedy Boulevard, 2.133, Willemstad.

Dreams Curaçao Resort Spa & Casino. (Foto: reprodução Booking)

Já para quem curte um hotel pé na areia, o gigante Lions Dive & Beach Resort é idealPróximo ao Aquário de Curaçao, ele tem escola e operadora de mergulho, além de diversas alas, algumas mais modernas que as outras. Bapor Kibra, Willemstad

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