Uma ilha, dois países, um passado conflituoso, um presente arrojado e um futuro cada vez mais promissor no turismo: combinar a Irlanda e Irlanda do Norte em um mesmo roteiro garante muita história, paisagens e cerveja.
Uma só ilha no Atlântico Norte com duas heranças culturais diferentes. De um lado da fronteira está a República da Irlanda, independente desde 1921. Do outro, a Irlanda do Norte, integrante do Reino Unido.
Dublin, faz tempo, é uma das capitais mais populares da Europa. Já Belfast superou um longo e sangrento conflito civil e agora vem conquistando novos visitantes.
Na Irlanda, a população é majoritariamente de nacionalistas católicos. Na Irlanda do Norte, a maioria é legalista protestante, formada por descendentes de ingleses e escoceses.
Cada grupo tem suas tradições. Mas as duas Irlandas compartilham muitos pontos em comum, como arte, gastronomia e algumas das paisagens naturais mais belas e surpreendentes da Europa.
Elas podem ser visitadas de uma só vez, em uma road trip alternando centros urbanos, cenários naturais e ruínas medievais. Não é difícil também fazer o roteiro combinando trem, ônibus, um tour aqui, um motorista particular ali.
O itinerário por Irlanda e Irlanda do Norte pode ter início em Dublin ou em Belfast. Tanto faz. As duas cidades são ligadas por trens rápidos e o trajeto leva cerca de duas horas.
LEIA TAMBÉM: Sabores da Escócia: conheça os pratos típicos da culinária escocesa
O que você precisa saber antes de viajar
Visto
Não é necessário para brasileiros. A partir de 8 de janeiro de 2025, será exigido para a Irlanda do Norte, assim como para todo Reino Unido, a Autorização Eletrônica de Viagem (ETA). O documento vai custar £ 10 (cerca de R$ 72) e terá validade de dois anos.
Como chegar
Não há voos diretos do Brasil para Dublin ou Belfast. A conexão pode ser feita em diversas cidades europeias ou do Reino Unido, dependendo da companhia aérea escolhida.
Como se locomover
Tanto na Irlanda quanto na Irlanda do Norte, dirige-se na mão inglesa (ou seja, o volante fica do lado direito do veículo). De modo geral, as estradas principais são boas. Não é difícil, também, viajar de trem ou ônibus. Há Uber nas cidades maiores, como Dublin, Cork, Limerick, Belfast e Derry-Londonderry. Os centros urbanos são compactos.
Quanto tempo ficar
Para uma road trip por Irlanda e Irlanda do Norte, o ideal são duas semanas: quatro noites em Dublin, duas em Cork, uma em Limerick (Falésias de Moher), três em Belfast, uma na Causeway Coast (Calçada do Gigante), duas em Derry-Londonderry.
Quando ir
Os verões (de junho a agosto) são amenos, com médias abaixo de 20 oC. Os invernos não costumam ter temperaturas extremas (as médias fica acima de 0 oC), mas vento e umidade constante aumentam a sensação térmica de frio. Conte com chuva em qualquer estação.
O que fazer nas duas regiões
Dublin
Os números comprovam a popularidade da capital irlandesa: a cidade abriga 1,5 milhão de habitantes em toda a sua área metropolitana, mas recebe mais de 8,6 milhões de visitantes por ano.
Em outras palavras, Dublin sabe receber muito bem os turistas em seu centro urbano compacto, perfeito para conhecer caminhando, com muitos bares e restaurantes. A maior parte das atrações turísticas está localizada na margem sul do Rio Liffey.
O que fazer em Dublin
Trinity College
Um bom lugar para começar é na Trinity College, fundada no final do século 16 e uma das universidades mais antigas de toda a Europa. Oscar Wilde e Samuel Beckett, para citar apenas dois escritores irlandeses, passaram por lá.
A biblioteca do início do século 18, com estantes em carvalho abrigando mais de 200 mil livros em dois andares no Long Room, é magnífica. Chamada hoje de Old Library, é a maior do país. Há muito o que ver no Trinity, mas é a biblioteca que torna a visita imperdível.
Dublin Castle
O Dublin Castle, outro ponto histórico importante, fica a apenas um quilômetro dali. A meio caminho entre a universidade e o castelo, encontra-se o Pichet, delicioso bistrô de gastronomia francesa com um moderno twist irlandês. A casa se situa na área de Temple Bar, uma das mais antigas da cidade.
Dublin é cultura e história, mas também é festa – e é isso que se vê nessa região revitalizada. Os pubs são parte importante das tradições locais, dividindo espaço com ruas de pedestres restaurantes, casas de música, teatros e lojas.
Pubs em Dublin
Entre os pubs, talvez o mais conhecido seja o Temple Bar Pub, de 1840, com shows de música irlandesa todo dia e o dia todo. Outro pub no mesmo estilo, 200 metros adiante, é o Oliver St John Gogarty. A região é também o endereço do tradicional The Clarence, hotel-butique que pertenceu a Bono e The Edge, do U2.
Um pouco mais distante, mas valendo muito a pena pela experiência, fica a fábrica da Guinness, a cervejaria mais famosa da Irlanda. Bebe-se a cerveja preta em dezenas de outros países, mas “a pint of Guinness” na Guiness Storehouse tem sabor especial.
Ainda que as principais atrações estejam situadas na margem sul, vale atravessar o rio para conhecer o Epic The Irish Emigration – um dos motivos que fez Dublin conquistar em 2024 o título de European Capital of Smart Tourism.
Esse prêmio é um reconhecimento da Comissão Europeia às iniciativas da maior cidade irlandesa de ser cada vez mais acessível, criativa, digital, inclusiva, sustentável e, não menos importante, de valorizar a herança cultural e suas raízes. Cork, a segunda maior do país, no sul da ilha, ficou entre as seis finalistas, de um total de 30 cidades europeias concorrentes.
O Epic é um museu digital e interativo que mostra como 70 milhões de pessoas em diferentes regiões do planeta têm suas origens ligadas a um país pequeno como a Irlanda, com pouco mais de 5,3 milhões de habitantes.
O museu celebra a identidade irlandesa de emigrantes e seus descendentes mundo afora, incluindo personalidades como Bram Stocker, autor de Drácula. É uma imersão na diáspora do povo irlandês contada de maneira fascinante.
Onde ficar em Dublin
The Clarence
Depois de três décadas, os músicos Bono e The Edge, da banda U2, não são mais os proprietários deste hotel-butique de 58 quartos. Mas a boa localização continua sendo um diferencial, na área de Temple Bar, em um prédio de meados do século 19.
Kilkenny
Dublin convida a estender os dias, mas é hora de seguir viagem e atravessar o país de Leste a Oeste para admirar a atração mais popular da Irlanda: as Falésias de Moher, a 330 quilômetros da capital. Um luxo da natureza. Mas vá sem pressa. Há o que fazer no caminho.
Cork, ao Sul, justifica um desvio. Dá para ir direto para as falésias e voltar por Cork, parando aqui e ali, ou vice-versa, deixando os penhascos de Moher como o grande final.
Partindo de Dublin, a primeira parada pode ser em Kilkenny, 130 quilômetros ao sul. Também é possível fazer uma escapada de ida e volta da capital, seja por conta própria ou em tour.
Na pequena e charmosa cidade de 27 mil habitantes, o programa é caminhar pelas ruas calçadas em pedra da Medieval Mile visitando lojas de artesanato e objetos de design.
Para os caçadores de castelos medievais, Kilkenny tem um com origem no início do século 12 e bem no centro da chamada Cidade de Mármore.
Os jardins e o lago artificial são mais recentes, do século 19. Um dos antigos estábulos do Castelo de Kilkenny abriga atualmente o Centro de Design. Logo ao lado, fica a Galeria Nacional de Design e Artesanato.
Cork
É preciso ir muito além de Kilkenny para ter um panorama da diversidade do interior da Irlanda. Fazendo um desvio para Cork, ao Sul, a 260 quilômetros de Dublin ou 155 quilômetros de Kilkenny, vale parar (ou pernoitar) no vilarejo de Cashel.
O que fazer em Cork
Rock of Cashel
O castelo local, Rock of Cashel, é um dos principais monumentos históricos irlandeses. De origem eclesiástica, tem preservadas a capela do século 12 (Cormac’s Chapel) e a catedral gótica do século 13, hoje uma igreja sem teto.
O Cashel Palace é um hotel de luxo com vista para as construções medievais. A casa principal data de 1732 e, por mais de 200 anos, foi residência de arcebispos. Transformada em hotel na década de 1960, recebeu personalidades como Jacqueline Kennedy, Richard Burton e Elizabeth Taylor e a Princesa Diana.
Depois de alguns anos fechado, reabriu no início de 2022 renovado e restaurado. O restaurante Bishop’s Buttery tem uma estrela Michelin.
Se o bolso não permitir o pernoite no Cashel Palace, siga para Cork, com cerca de 225 mil habitantes divididos entre as duas margens do Rio Lee. Cidade universitária, com vida cultural e noturna, Cork é uma queridinha de brasileiros que escolhem estudar inglês na Irlanda. Justifica fácil umas duas noites para conhecer os arredores.
Ela é vibrante e moderna, tendo sido uma das seis finalistas em 2024 do prêmio European Capital of Smart Tourism, da Comissão Europeia. Entre outros objetivos sustentáveis, é uma das cem cidades da União Europeia com a meta de carbono zero até 2030 (como comparação, o objetivo de Dublin é para 2050).
Em diversidade e inclusão, tem um guia sobre acessibilidade em pontos turísticos, transporte e hotéis. É a única cidade da Irlanda membro da Rainbow Cities Network (da qual São Paulo também faz parte), organização de proteção aos direitos da comunidade LGBT+.
Centro de Cork
O centro de Cork, cortado pelo rio, é repleto de pontes ligando as duas margens com construções em estilo georgiano (mais de mil prédios são patrimônios protegidos). No entorno, há muito que explorar, como o Castelo de Blarney e a destilaria Jameson.
A apenas 10 quilômetros de carro do centro de Cork, Blarney é um castelo de meados do século 15 que atrai visitantes beijoqueiros por conta de uma “pedra mágica”. Quem a beija, torna-se uma pessoa eloquente e persuasiva, segunda uma das muitas lendas sobre a pedra – a mais popular diz que foi trazida para a Irlanda durante as Cruzadas.
Uma maneira menos mística de tentar falar com mais desenvoltura é visitar a Old Midleton Distillery, a 20 quilômetros do centro. A mais antiga (1780), maior e mais famosa destilaria do país, onde o Jameson é produzido desde 1975, conta a história do uísque irlandês.
Onde ficar em Cork
Moxy & Residence Inn
Os dois hotéis mais novos no centro da cidade foram recém-inaugurados pela Marriott. São 153 apartamentos no moderninho Moxy e 53 studios ou suítes com quarto e sala no familiar Residence Inn. Entre as amenidades, há um bar de cervejas locais e vinhos.
Falésias de Moher
Hora de tomar o rumo norte. Afinal, o objetivo é chegar às espetaculares Falésias de Moher, a menos de 200 quilômetros de Cork. O pernoite pode ser em Limerick, terceira maior da Irlanda, com boas opções de pubs e restaurantes.
O castelo da vez é a principal atração local: o King’s John, do início do século 13, foi transformado em um museu que conta a história da cidade.
As falésias, a cerca de 90 quilômetros de Limerick, esparramam-se por oito quilômetros extensão, debruçadas sobre o Atlântico Norte, algumas com mais de 200 metros de altura.
A paisagem natural inspirou artistas diversos e foi uma das locações do filme Harry Potter e o Enigma do Príncipe (2009). Moher é ainda área de proteção para aves marinhas.
Chegou, então, o momento de retornar a Dublin, a 270 quilômetros, e começar a outra parte da road trip, na Irlanda do Norte, também com belíssimas paisagens à beira-mar, monumentos históricos e muitos pubs.
No caminho de volta para a capital, nas Midlands, há uma atração que justifica um pit stop: o Mosteiro de Clonmacnoise, sítio arqueológico cristão originalmente do século 6. Aproveite para ver ruínas da catedral e de oito igrejas erguidas entre os séculos 10 e 13.
Onde ficar em Limerick
Clayton Hotel
No centro da cidade, tem 158 quartos em um edifício erguido em 2002 e renovado há dois anos. Pertence a um grupo de hotelaria irlandês e se apresenta como o hotel mais alto do país, com 17 andares.
Belfast
Parte do Reino Unido, a Irlanda do Norte é repleta de boas surpresas e contrastes. Em uma área da capital há pinturas em muros e fachadas defendendo determinada posição política e religiosa. Ao mesmo tempo, no bairro vizinho, grafites apoiam outro partido político, uma religião diferente.
Passear pelas ruas da Belfast é tentar entender um violento conflito civil que deixou a Irlanda do Norte no ostracismo por quase 30 anos no final do século 20. Católicos nacionalistas buscavam a independência e a formação de uma república com a Irlanda.
Belfast se transformou em lugar efervescente preservando centenas de murais em cores fortes para que não seja esquecido o conturbado período conhecido como The Troubles. Hoje são pontos turísticos chamados de “muros da paz”,
O mais extenso e famoso deles é o da Cupar Way, coberto de desenhos pregando harmonia. Outros grafites, da década de 1980, são partidários e contam a história recente defendendo um lado ou outro.
Para ver os murais, há tours organizados em black cabs, os tradicionais táxis pretos ingleses. É possível, também, fazer um roteiro por conta própria.
Cathedral Quarter
O epicentro da vida artística e boêmia de Belfast fica no entorno da Catedral de Santa Ana. Um dos bairros mais antigos da cidade, o Cathedral Quarter tem ruas calçadas em pedra e bares animados que reúnem moradores e visitantes (o que incluía o elenco de Game of Thrones).
Uma dica de restaurante é o bistrô Waterman, do chef local Niall McKenna, que conquistou o selo Bib Gourmand (bom custo x benefício) do Guia Michelin.
Crown Liquor Saloon
O pub mais antigo, bonito e famoso da capital é o Crown Liquor Saloon, há quase 200 anos na Great Victoria Street, no centro. A sensação é de entrar em um túnel do tempo e desembarcar em plena era vitoriana, em um ambiente repleto de detalhes, com cerâmicas, marcenaria, mosaicos e vitrais muito bem preservados.
Tudo data de uma reforma no final do século 19, feita pelo então proprietário Patrick Flanagan, irlandês católico. Diz a lenda que quem escolheu o nome foi a mulher dele, legalista protestante. Flanagan providenciou uma coroa em um mosaico na calçada onde até hoje todos têm que pisar antes de entrar no bar.
No centro fica também o monumental Belfast City Hall, na Donegall Square. A escada principal do Titanic teria sido inspirada na escadaria da prefeitura, inaugurada em 1906. Já o museu que conta a história do naufrágio mais famoso do mundo tem um bairro para chamar de seu, o Titanic Quarter.
De frente para o mar, é o endereço do estaleiro Harland & Wolff, responsável pela construção do transatlântico. O moderno museu tem o formato e altura da popa da embarcação naufragada.
Titanic Belfast
O Titanic Belfast conta a história do importante passado industrial do bairro, do projeto e da construção do navio famoso e de sua primeira e única viagem pela Atlântico Norte, que começou no porto da cidade. Desde a abertura, já recebeu cerca de oito milhões de visitantes, que geraram em torno de 75 milhões de libras (mais de meio bilhão de reais).
O museu detalha minúcias do navio, passeia por cabines e áreas comuns das três classes e mostra os emocionantes diálogos finais travados a bordo depois do encontro com o iceberg no oceano. Uma sensacional exposição multimídia narra desde a etapa de desenho da embarcação até o naufrágio, com histórias de quem não sobreviveu à tragédia.
Se fosse apenas sobre o transatlântico, o Titanic Belfast já seria fascinante. Mas é sobre o passado e o futuro da cidade. O foco é na indústria marítima, que moveu Belfast entre o fim do século 19 e a primeira metade do 20.
O Titanic é apenas um entre as dezenas de navios locais. No final do século 20 os estaleiros entraram em decadência, assim como toda a capital. Recentemente, o próprio Harland & Wolff se declarou insolvente.
Titanic Hotel
Ao lado do museu fica o Titanic Hotel, no prédio que abrigava os escritórios do estaleiro Harland & Wolff. Dois imensos guindastes da H&W da década de 1970, pintados de amarelo, também fazem parte da paisagem. Ícones da cidade, são conhecidos como Sansão & Golias.
O Titanic Quarter guarda ainda “a pegada do Titanic na história”: a Titanic’s Dock & Pump-House é a doca seca onde o transatlântico recebeu os últimos retoques antes de ser lançado ao mar. Na região ficam também os Titanic Studios, um dos maiores da Europa, onde foi gravada a maioria das cenas em estúdio de Game of Thrones.
Os estúdios (também conhecidos como Paint Hall, pois partes dos navios eram pintados ali) não são abertos ao público.
Onde ficar em Belfast
Titanic Hotel
Com 119 quartos, a construção de seis andares do final do século 19 era a sede do estaleiro Harland & Wolff, onde nasceu o Titanic. Há um belo bar e restaurante em uma das salas em estilo vitoriano.
Derry-Londonderry
Perto da fronteira norte com a Irlanda, a segunda maior cidade da Irlanda do Norte esteve na linha de frente do conflito entre os que defendiam lealdade ao Reino Unido e os que buscavam se reunir com a República da Irlanda em um só país.
Com o acordo de paz entre protestantes legalistas e católicos nacionalistas, o nome composto prevaleceu, abraçando os termos usados pelos lados antagonistas para se referir à cidade.
Como a capital Belfast, Derry-Londonderry está se transformando neste início do século. Em 2023, recebeu 1,3 milhão de visitantes, algo inimaginável há 25 anos. Até o número de cruzeiros marítimos está aumentando.
Na temporada de 2024, passaram pela cidade 14 navios, entre maio e setembro, de companhias como Seabourn, Norwegian e Azamara.
Atrações em Derry-Londonderry
A principal atração de Derry-Londonderry é sua cidade murada, muito bem preservada. Com 1,5 quilômetro de extensão, do alto de oito metros de altura e quatro séculos, as vistas são panorâmicas. Dá para observar também o passado mais recente, como o bairro de Bogside.
Epicentro dos conflitos do período do The Troubles, Bogside foi o trágico palco do Bloody Sunday, em 1972, quando tropas britânicas abriram fogo durante uma manifestação civil e mataram 14 pessoas. Uma década depois, o horror do Domingo Sangrento inspirou a canção Sunday Bloody Sunday, da banda irlandesa U2.
Em 2024, foi inaugurado no bairro o Peacemakers Museum, que conta os bastidores do Good Friday Agreement, como ficou conhecido o Acordo de Belfast, que pôs fim aos conflitos em 1998. Por sua atuação nas negociações, o político nacionalista John Hume (1937-2020) foi reconhecido com o Nobel da Paz.
O prêmio pode ser visto no museu do Guildhall, no centro, em frente a um dos portões da antiga cidade murada.
No início dos conflitos, o bonito prédio neogótico do Guildhall, do final do século 19, foi alvo de duas bombas. Restaurado, virou atração turística com belos vitrais e muita história além do Nobel.
Fica perto da Peace Bridge, simbólica ponte de pedestres que atravessa o Rio Foyle desde 2011, unindo duas áreas que estiveram em lados opostos durantes os Troubles.
A partir do Guidhall, uns 15 minutos de caminhada pela ponte leva à Ebrington Square, praça na margem leste do Rio Foyle e antigo quartel dos britânicos. As muralhas inspiram o nome de uma premiada cervejaria artesanal local, a Walled City Brewery, que completa dez anos em 2025 instalada em uma construção da segunda metade do século 19.
Onde ficar em Derry-Londonderry
The Ebrington
Recém-aberto em uma construção georgiana de meados do século 19, tem spa, 89 quartos e vistas da Peace Bridge. Fica em uma praça repleta de bares e restaurantes.
Calçada dos Gigantes
Uma das atrações naturais mais famosas de toda a ilha, a espetacular paisagem da Giant’s Causeway, ou Calçada do Gigante, fica no trecho do litoral norte voltado para a Escócia, a menos de 100 quilômetros tanto de Belfast quanto de Derry-Londonderry.
Uma lenda milenar conta que o calçadão à beira das águas geladas do Atlântico Norte era onde se divertia o gigante irlandês Finn McCool. Há um pequeno trecho similar da calçada em uma ilha escocesa desabitada, reforçando o mito de que McCool iria andando até lá.
Do ponto de vista geológico, a impressionante Calçada do Gigante reúne aproximadamente 40 mil colunas de basalto, a maioria em formato hexagonal, criadas há mais de 60 milhões de anos por atividade vulcânica.
As duas histórias, a mitológica e a geológica, são bem contadas no centro de visitantes, que também tem uma boa loja de artesanato local.
Patrimônio Mundial pela Unesco, o único na Irlanda do Norte, as colunas que formam a Calçada do Gigante compõem penhascos escarpados e panoramas incríveis. Foram cenário da capa do álbum do Led Zeppelin de 1973, Houses of the Holy, e de alguns filmes.
Divirta-se como McCool, caminhando pela calçada e apreciando cada ângulo mais incrível que o outro. Há diversos tipos de trilhas com diferentes extensões e graus de dificuldade. Apenas tome cuidado ao subir nas pedras mais altas, porque muitas são lisas e escorregadias.
Opção de hospedagem
Ballygally Castle
Na Causeway Coast, em uma praia banhada pela Baía de Ballygally, o castelo do século 17 tem 54 quartos, a maioria em uma construção anexa bem mais recente.
LEIA TAMBÉM:
Veja como visitar o castelo onde morreu a Rainha Elizabeth II
9 dicas de atrações para curtir em Londres
Experiência Saltburn: 4 castelos para conhecer de graça inspirados no filme
O que fazer em South Kensington, Londres
Gastronomia nórdica: o que a culinária da região mais ao norte do planeta tem a oferecer