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Tunísia: o que fazer, onde dormir, como chegar e mais!

Fizemos um roteiro de norte a sul na Tunísia, passando por praias de areia fininha à beira do Mediterrâneo e muito mais. Confira como foi a nossa viagem pelo país do norte da África.

Café des Delices, Sidi Bou Said. (Foto: shutterstock)

Neste conteúdo você vai ver:

Uma viagem pela Tunísia

Há razões de sobra para justificar os olhos ambiciosos que, há três milênios, arregalam-se para a Tunísia: o país ocupa um tiquinho do norte da África – praticamente o tamanho do Acre –, mas tem uma diversidade de paisagens dignas de um continente inteiro.

Tem praias de areia branquinha de frente para o Mar Mediterrâneo, montanhas cobertas de neve, florestas, lagos salgados, oásis coloridos por tamareiras e, para arrematar, tem o soberano Deserto do Saara.

Deserto do Saara. (Foto: Danielle Motta)

Sua posição estratégia no comércio entre a África e a Europa também explica por que tantos povos já fincaram a sua bandeira aqui. Os fenícios chegaram primeiro, em 800 a.C., ergueram a antiga capital Cartago, trouxeram o ofício da cerâmica e dominaram o oeste do Mediterrâneo por séculos.

Na sequência, vieram os romanos, que construíram cidades inteiras e levantaram construções colossais – hoje, ruínas bem preservadas e abertas a quem quiser visitar. A seguir, um relato completo de tudo o que encontramos por lá, do Mediterrâneo ao Saara.

Túnis, a capital da Tunísia

A nova versão da Tunísia pós-Primavera Árabe está bem evidente nas ruas de Túnis, a capital do país. Entre história milenar, prédios históricos e uma medina considerada Patrimônio Mundial da Unesco, pipocam estabelecimentos de pegada moderna.

Túnis, Túnisia
Túnis, capital da Tunísia, tem cerca de 600 mil habitantes. (Foto: shutterstock)

Mas nada se compara ao delicioso caos de visitar uma medina, como é conhecido o centro histórico de uma cidade árabe. Com uma área equivalente a 420 campos de futebol e milhares de ruelas, as lojinhas da medina de Túnis vendem uma variedade absurda de produtos.

Tem cerâmicas, bolsas de couro, artigos em palha, temperos, doces, sabonetes, túnicas, chechias e o que mais você imaginar. Pechinchar é uma arte: não aceite pagar, de cara, o primeiro valor ofertado.

Além disso, a medina concentra mais de 700 monumentos, entre palácios, mesquitas, mausoléus, madraças e hamans.

Nessa rota, um dos principais pontos a Grande Mesquita de Zitouna, a mais antiga de Túnis – e a segunda mais antiga do país –, datada de 732. A forma que se vê hoje, no entanto, com arquitetura andaluza semelhante à Mesquita de Córdoba, na Espanha, é resultado de uma reforma total feita no século 9 e dezenas de outras menores empreendidas ao longo do tempo.

A mesquita de Zitouna é um dos destaques de Túnis. (Foto: shutterstock)

Uma dessas renovações incorporou mais de 200 colunas das ruínas romanas de Cartago ao salão de orações. Apenas muçulmanos podem entrar na mesquita, mas você pode dar uma espiadela no pátio interno a partir do rooftop do Panorama Medina Café, enquanto toma o primeiro de muitos chás de hortelã desta viagem.

Mais atrações em Túnis

Uns passinhos a mais e você encontra outro point badalado da medina. O Café M’Rabet fica camuflado entre as quinquilharias das lojas do Souk el Trouk, com estilosa ambientação otomana, em que a ideia é se esparramar no chão para tomar café ou fumar shisha (também conhecido como narguilé).

As ruas Sidi Ben Arous, Dar El Jeld e Pacha são a parte mais atraente da medina, com mansões e mausoléus admiráveis. Por ali, vale visitar o Dar Lasram, palácio do século 19 que era a elegante residência de uma família de aristocratas.

É perto do souk preferido dos turistas, o Souk das Chechias que, como o nome adianta, dedica-se principalmente aos típicos gorros de feltro tunisianos. A rua Sidi Ben Arous também é o endereço de um dos restaurantes mais bem avaliados em Túnis, o Dar El Jeld, em um suntuoso palácio do século 18.

Os típicos mercados árabes recheiam a Medina de Túnis. (Foto: shutterstock)

O menu aposta na alta culinária tunisiana, como o couscous au poissons (cuscuz de peixe) – uma invenção da Tunísia –, servido com vinhos rosé produzidos no próprio país.

Dali é um pulinho para ticar da lista, de uma só vez, os prédios governamentais da Praça da Casbá, quase todos construídos depois da demolição das muralhas da cidadela de Túnis, no final dos anos 1950.

Nas redondezas da Medina, está a igreja católica de São Vicente de Paulo, herança da colonização francesa. No lado de fora, a arquitetura mistura os estilos gótico, mouro e neobizantino. Mais afastado, o Museu Bardo é uma atração de primeiríssimo escalão.

Cartago

Uma herança de peso que os romanos deixaram para a Tunísia é Cartago que, junto à cidade de Dougga, abriga alguns dos sítios arqueológicos mais importantes do país. Ambas são Patrimônio Mundial da Unesco, mas, como Cartago está coladinha a Túnis, a apenas 18 quilômetros, é ela quem leva a fama.

Ruínas da antiga cidade antiga de Cartago, na Tunísia. (Foto: shutterstock)

Fundada pelos fenícios em 814 a.C., Cartago era um dos centros comerciais mais poderosos do mundo, já que daqui se controlavam os barcos que navegavam pelo Mediterrâneo, no trajeto entre a Sicília e o norte da África.

Em 146 a.C., depois de três Guerras Púnicas que duraram 128 anos e deixaram pouco da Cartago original, os romanos tomaram o poder e a reconstruíram todinha para transformá-la na maior cidade do Império Romano na África – e são dessa época as ruínas que hoje atraem tantos turistas.

O que conhecer em Cartago

As mais notáveis são, sem dúvida, as das Termas de Antonino Pio, erguidas no século 2 com vista para o Mar Mediterrâneo. Considerado o maior complexo termal fora de Roma, reunia, sob o mesmo teto, saunas, salas de massagem e de banhos de esfoliação, academia de ginástica, biblioteca, vestiários e diversas piscinas, entre frias, aquecidas e até uma olímpica. Porém, o que se vê hoje é apenas o que sobrou do subsolo.

As Termas de Antonino Pio são ruínas dos tempos da ocupação romana em Cartago. (Foto: shutterstock)

Com um pouco mais de esforço, vale subir à Colina de Byrsa, outro sítio arqueológico de Cartago. Do alto dela, a vista se estica até o Golfo de Túnis e revela a engenhosidade dos antigos portos fenícios, que, por terem forma circular, permitiam à marinha cartaginesa vigiar o mar sem que os inimigos percebessem.

A Colina de Byrsa é, ainda, endereço do Museu Nacional de Cartago. Distribuídas entre as salas de um antigo seminário católico do século 20, as suas coleções agrupam objetos arqueológicos das eras púnica, romana e bizantina encontrados na região.

E, já que se está em Byrsa, por que não uma paradinha na Acropolium? Em uma mescla de estilos gótico, bizantino e mouro, a antiga Catedral de São Luís, depois que foi desconsagrada, virou espaço para eventos e concertos de músicas clássica e tunisiana.

Na colina Byrsa fica a Catedral de St. Louis, construída em 1890 pelo Cardeal Lavigerie. (Foto: shutterstock)

Música, por sinal, é a razão da popularidade do anfiteatro romano, totalmente reconstruído, que também fica na colina: ele é palco do Festival Internacional de Cartago, referência cultural no mundo árabe.

Sidi Bou Said

Confundir o charmoso vilarejo de Sidi Bou Said, a 18 quilômetros de Túnis, com alguma ilha grega é de praxe, graças ao seu visual formado por casinhas pintadas de branco equilibrando-se em encostas, telhados abobadados, bungavílias colorindo as fachadas, ruas estreitas de paralelepípedos e restaurantes debruçados sobre o mar.

Sidi Bou Said. (Foto: shutterstock)

Mas Sidi Bou Said tem as suas peculiaridades, afinal, estamos no norte da África. E isso significa se deparar com mesquitas, lojinhas de artesanato e cerâmica, casarões com arquitetura moura, janelas minuciosamente forjadas e portas incrivelmente azuis.

Por ser compacta, é preciso apenas um bate volta de meio dia a partir de Túnis, que pode ser feito com o mesmo trem TGM que liga a capital a Cartago.

Sidi Bou Said, a vila famosa

A vila ficou famosa também como epicentro cultural do país, com a fundação da Escola de Arte da Tunísia, que, depois da Segunda Guerra Mundial, almejava destacar uma arte genuinamente nacional e mostrar a diversidade da cultura do país.

Mas, de forma geral, Sidi Bou Said sempre foi bem frequentada por artistas e pensadores internacionais, como Paul Klee, Michael Foucault, Gustave Flaubert, Guy de Maupassant e Simone de Beauvoir.

Ruelas e as portas azuis são o charme de Sidi Bou Said. (Foto: shutterstock)

Parte dessa turma costumava trocar ideias no Café des Nattes, ainda hoje ícone no vilarejo. Por dentro, a decoração continua preservando os mesmos estilos bizantino e andaluz de quando foi inaugurado.

O menu, por sua vez, ganhou inserções importantes ao longo dos anos, como o lombo de porco recheado com compota de cebola. O prato pode ser acompanhado do tradicional chá de menta com pinhões.

Outro reduto de peso é o fotogênico Café des Delices, que, de tanto aparecer em quadros, cartões-postais e capas de revistas, acaba tendo preços um pouco mais salgados do que a média.

Bem mais antigo, com raízes no século 18, o Dar el Annabi é outro palácio pomposo que transborda personalidade. Foi a residência de verão da endinheirada família Annabi por cinco gerações, até se converter em museu.

Museu Dar el Annabi. (Foto: shutterstock)

Parte dos 50 cômodos da mansão está aberta à visitação, como o pátio em estilo andaluz com vista para o mar, onde é servido um chazinho de menta aos visitantes. Alguns quartos exibem estátuas de cera que mostram as tradições de uma abastada família tunisiana, como a cerimônia da henna, realizada dias antes de um casamento.

E não para por aí…

E aqui estão mais duas dicas para quem curte arte e moda: a Selma Feriani Gallery, que é uma galeria de arte contemporânea montada nas instalações de um antigo convento dos anos 1960; e a Dar Alaia, a casa do afamado estilista tunisiano Azzedine Alaia, queridinho das top models dos anos 1980. Hoje o espaço exibe as ousadas peças idealizadas por ele.

Hammamet

Foi Hammamet, a 65 quilômetros de Túnis, a responsável por colocar as praias da Tunísia na lista de desejos dos viajantes de luxo, seduzindo com sua combinação de Mar Mediterrâneo azul-turquesa e areias tão finas como farinha.

Hammamet, Tunísia. (Foto: shutterstock)

Em meio à arquitetura branquinha que compete com os balneários mais cobiçados da Grécia, reluzem hotéis cinco estrelas, como o impecável La Badira.

Mas não são apenas os endinheirados que aproveitam a vida por aqui. Hammamet é eclética e acolhedora.

Para simplificar a vida do turista, a cidade foi dividida em três partes. Yasmine-Hammamet e Hammamet Sud são onde você vai investir a maior parte do tempo. As regiões agrupam hotéis-resort, bares, baladas, cassino, campo de golfe, marina e centros de talassoterapia, a especialidade da Tunísia, que consiste em tratamentos estéticos e de saúde com base em propriedades marinhas.

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Medina Yasmine Hammamet. (Foto: shutterstock)

Na outra parte, Hammamet Nord, a paisagem muda: os hotéis e a vida à beira-mar dão lugar ao cenário histórico e cultural da medina, bem mais compacta e tranquila do que a de Túnis.

Entre as casas branquinhas com tetos abobadados, a fortaleza Casbá, do século 9, fica em evidência. Para uma pausa, aposte no Café Sidi Bouhdid, que tem menu simples, com crepes doces e salgados, pizza, bolos, café turco e, claro, chazinho de menta.

Sousse

A cidade de alma boêmia, que mescla pontos turísticos, praias gostosas e ferveção nas melhores baladas no país, é conhecida como a “Ibiza da Tunísia”.

Zona turística de Sousse. (Foto: shutterstock)

E não para por aí: também oferece muitos centros de tratamentos de talassoterapia, produz o melhor azeite de oliva da África e encantar com sua medina do século 9, considerada Patrimônio da Humanidade.

Principais lugares em Sousse

E não é uma medina como as outras. Aqui, há espaço de sobra para flanar entre as lojinhas dos souks Er Ribba e El Kayed e entre os edifícios erguidos dentro dos dois quilômetros e meio de muralhas fortificadas, da época em que os árabes conquistaram a região.

A Casbá, erigida no século 11 no ponto mais alto da medina, é o melhor lugar para entender o alvoroço humano e arquitetônico de Sousse. Ali fica o Museu Arqueológico, com uma farta coleção de mosaicos romanos dos séculos 2 e 3.

Entre as 24 mesquitas presentes por ali, a mais emblemática é a Grande Mesquita de Sousse, datada de 851. Ela foi construída como alternativa à Ribat, o templo mais antigo da medina, que já não suportava o número de convertidos ao islamismo. Em ambas as medinas, não-muçulmanos não podem entrar no salão de orações e em outras áreas sagradas.

Quase emendada à Ribat, fica uma área da medina dedicada a temperos como a onipresente harissa (uma pasta apimentada à base de especiarias), frutas e flores de jasmim, bergamota, figo da Índia, almíscar e rosas.

Sousse, Tunísia. (Foto: shutterstock)

A exemplo de outras medinas, aqui também há centenas de lojinhas de cerâmica, tapetes e presentinhos em geral.

Onde fazer compras

Para compras mais “internacionais”, o enorme Mall of Sousse têm 120 lojas, incluindo marcas conhecidas em todo o mundo. Está a apenas cinco minutos de carro do El Kantaoui, marina que reúne também hotéis com spas de talassoterapia, campos de golfe, restaurantes, bares e casas noturnas.

Durante o dia, é endereço dos praticantes de esqui aquático e parapente. De noite, as baladas mas disputadas são a Rediguana e a Platinum Metalika, especialmente entre junho e outubro.

Para curtir praia, a pedida é Boujaffar. Alguns trechos de areia são reivindicados por hotéis como o Mövenpick Resort & Marine Spa Sousse, que coloca suas espreguiçadeiras também à disposição de não hóspedes, mediante taxa de day use.

El Jem

Pegando estrada em direção ao sul, chega-se à cidade de El Jem, a 70 quilômetros de Sousse. O destaque ali é único e soberano: seu anfiteatro em estilo romano é a segunda maior ruína do gênero ainda existente no mundo, atrás apenas do Coliseu da capital italiana.

Apesar de mais compacto, o tunisiano, que também é Patrimônio Mundial da Unesco, tem uma boa vantagem em relação ao irmão maior: você não vai enfrentar filas nem esbarrar em multidões durante a visita.

Ruínas do maior coliseu do Norte de África. El Jem, Tunísia. (Foto: shutterstock)

O anfiteatro de El Jem foi construído em 238 à semelhança do original romano, para receber até 35 mil pessoas durante os espetáculos com gladiadores e animais selvagens, numa época em que a cidade atendia pelo nome de Thysdrus.

A construção tinha inovações como sistema de água, corredor subterrâneo com celas e uma técnica para elevar os leões na parte central da arena oval.

Quase 1.800 anos depois, apenas uma pequena parte do anfiteatro está destruída. De resto, arquibancadas, arena e passagens subterrâneas seguem intactas. E em pleno uso: entre julho e agosto, o El Jem se transforma em palco para o Festival Internacional da Música Sinfônica, com concertos realizados à luz de velas.

Kairouan

Haje é o nome dado à peregrinação dos muçulmanos à cidade de Meca, na Arábia Saudita. É o último dos cinco pilares do islamismo e, de acordo com o Alcorão, deve ser feito ao menos uma vez na vida pelos muçulmanos.

A Grande Mesquita de Kairouan é destino de peregrinação para os muçulmanos. (Foto: shutterstock)

Como nem todos têm a chance de cumprir a façanha, aceitam-se também outras formas parceladas para completar a Haje. Uma delas é visitar sete vezes Kairouan, a quarta cidade mais sagrada da religião, depois de Meca, Medina e Jerusalém. Só por aí já dá para imaginar o tamanho do orgulho que os tunisianos sentem de Kairouan, que é considerada Patrimônio Mundial da Unesco.

Grande Mesquita

A razão da peregrinação à cidade, que fica a 70 quilômetros de El Jem rumo ao interior do país, é a sua Grande Mesquita, a primeira construída no país, em 670 – e também a mais antiga em toda a África. Do século 8, seu minarete (a torre de onde os muçulmanos são convocados à reza) é também o primeiro a ter sido erigido no mundo.

Sala de oração da Grande Mesquita de Kairouan. (Foto: shutterstock)

A versão que se vê da mesquita atualmente é resultado de várias repaginações feitas ao longo dos séculos com o intuito de acomodar cada vez mais fiéis. A estrutura exterior, com paredes de quase dois metros de espessura, lembra uma fortaleza edificada dentro da medina de Kairouan.

A Grande Mesquita também foi pioneira, na arquitetura islâmica, em usar a técnica de arcos em forma de ferradura, sustentados por colunas em estilos jônico, coríntio e bizantino.

São cerca de 500 colunas e nenhuma é igual à outra. Isso porque muitas delas foram trazidas das ruínas de Cartago, Dougga e Sousse. O pátio é aberto à visitação, mas a entrada à sala de orações é restrita aos muçulmanos. Os curiosos podem espiá-la do lado de fora.

Mesquita das Três Portas

O próximo ponto importante de Kairouan é a Mesquita das Três Portas. Construída em 866, tem a mais antiga fachada minuciosamente decorada de uma mesquita. Outras formas populares de templos religiosos em Kairouan levam o nome de zauia e são mausoléus disfarçados de mesquita.

A Zauia de Sidi Sahab, datada de 1662, ainda tem mais uma serventia: também é uma madraça (escola de estudos do Alcorão). Mas a sua principal atribuição é ser o jazigo de Abu Zama El Belaoui, um dos companheiros do Profeta Maomé. Assim como na Grande Mesquita, apenas os pátios e as galerias, decoradas do chão ao teto com belos azulejos mouros, são abertos à visitação.

Já a Zauia de Sidi Abed el Ghariani, uma das mais admiráveis de Kairouan, é famosa pelo seu poço Bir Barouta, do século 17, com 200 metros de profundidade. Segundo a lenda, um canal subterrâneo o conectaria à fonte Zamzam, em Meca, que, por sua vez, teria surgido no deserto para saciar a sede de Ismael, filho do profeta Abraão.

As ruelas de Kairouan

Cansado do périplo entre mesquitas e zauias? Então é hora de mudar de ares para bater perna no labirinto de ruelas espremidas entre os 3,5 quilômetros de muralhas que delimitam a medina de Kairouan desde o século 18.

Foi nessa parte que os primeiros árabes que chegaram à Tunísia se estabeleceram, em 670 – e, como nunca havia sido habitada antes por fenícios, romanos, otomanos ou bizantinos, Kairouan é a única cidade no país sem qualquer ruína de outros povos.

Diferentemente das medinas muvucadas de Túnis e Sousse, aqui a pegada são ruas tranquilas tomadas por casas residenciais, decoradas com gaiolas e mãos de Fátima. O fervo das compras fica todo no souk coberto da avenida 7 de Novembro – Kaioruan, aliás, é considerada a “capital nacional dos tapetes”, graças à sua ampla produção de diversos estilos tradicionais.

Ruelas de Kairouan. (Foto: shutterstock)

Parte da muralha da medina acomoda o restaurante El Brija, que, apesar da ambientação andaluza, serve ícones da culinária tradicional da Tunísia. Prepare-se para recarregar as energias com porções enormes de salada mechouia, cuscuz de cordeiro e cuscuz de peixe.

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Matmata

Para os desavisados, a região de Matmata, 280 quilômetros ao sul de Kairouan, poderia passar como uma paisagem árida pipocada por montanhas de tons alaranjados. E só!

Portas escavadas nas rochas. (Foto: shutterstock)

Mas uma olhadinha mais atenciosa nos montes enfileirados ao longo do pitoresco vale revela buracos intrigantes, que se assemelham a entradas de cavernas. Essas aberturas são, na verdade, portas de acesso às casas trogloditas, escavadas na terra pelos povos berberes desde o século 11.

Essas entradas se conectam, via passagens subterrâneas, a uma série de cômodos e a um pátio central circular, tudo perfurado dentro da rocha. Algumas chegam a ter dois ou três andares, dependendo da altura na montanha, e podem abrigar diferentes gerações de uma família inteira.

Historiadores sustentam que tal arquitetura era uma forma de proteção contra os ataques impiedosos dos árabes. Para efeitos práticos, esse tipo de construção ainda ajuda a aplacar o calor de até 50C nos dias de verão ou o frio cruel nas noites de inverno, já que, faça chuva ou faça sol, a temperatura dentro de uma casa troglodita ficará sempre em torno dos 20C.

Matmata é um dos poucos vilarejos berberes remanescentes na Tunísia e um dos raros lugares no país onde o idioma amazigh ainda é falado depois da forte opressão imposta pelos árabes para disseminar o islamismo e sua cultura.

Casas trogloditas

Apesar de existirem quase 1.200 casas trogloditas em Matmata, pouquíssimas continuam habitadas. A notícia boa é que parte delas virou atração turística, abrindo suas portas para mostrar como são quartos, cozinhas, pátios e a área de tecelagem de tapetes berberes.

Casas trogloditas com pátios centrais. (Foto: shutterstock)

As visitas costumam ter batucada com instrumentos típicos, simulação de um casamento berbere e pão quentinho servido com mel e azeite, além do incontornável chazinho de menta açucarado.

Também há casas que deram lugar a hospedagens, como o Hotel Les Berberes, cujo restaurante subterrâneo serve comida caseira bem feitinha e cerveja tunisiana gelada, inclusive a não hóspedes.

Douz e Saara

Verdade seja dita: o motivo da ida a Douz, uma cidadezinha de 28 mil habitantes a 90 quilômetros de Matmata, não é mérito todo dela. É que Douz funciona como uma cortina para o Deserto do Saara e é aqui o melhor ponto de partida para os carros 4×4, que seguem rumo aos acampamentos beduínos erguidos dentro do Parque Nacional de Jebil.

Loja de tapetes em Douz. (Foto: shutterstock)

Douz ainda não é o deserto propriamente dito, mas já dá uma palinha do que esperar do Grande Erg Oriental, como é chamada essa porção enorme do deserto que começa na Argélia e se estica até o sul da Tunísia.

Ali você pode fazer passeio de dromedário ou de quadriciclo pelas dunas e bisbilhotar o centrinho – se for uma quinta-feira, tem mercado ao ar livre atrás da mesquita, com vendedores de cabras, ovelhas, mulas e dromedários.

Interessante ainda conhecer o palmeraie, um dos maiores de todos os oásis de deserto da Tunísia, com quase meio milhão de palmeiras – principalmente de tâmaras, que você vai comer em todas as versões, inclusive em pudins, iogurtes, bolos e drinques. Também pode visitar o Museu do Saara.

Mostrar as tradições locais também é o intento do badalado Festival Internacional do Saara, que acontece nos meses de dezembro desde 1910. O evento começou como uma feira anual de noivas beduínas e se transformou em uma celebração da cultura saariana, com exibição de esportes do deserto, maratona de dromedários, corridas de cavalos e de cachorros, luta livre, concurso de poesias, músicas e danças tradicionais e desfiles de cavaleiros.

Tradições e competições locais fazem parte do Festival Internacional do Saara. (Foto: shutterstock)

Saara

Feitas as devidas introduções em Douz, vamos ao Saara. A experiência nessa parte do país começa com a viagem em carro 4×4, em um trajeto de duas horas, feito parte em estrada asfaltada, parte em estrada de terra e mais uma boa parte sacolejando pelas dunas.

Deserto do Saara. (Foto: shutterstock)

Para quem quem passar a noite de forma bem raiz no meio do deserto, o destino são acampamentos como o Camp Mars, distantes de tudo, a começar do 4G. Eletricidade e água corrente também passam longe dali.

Inesquecível ver o pôr do sol alaranjado do alto de uma duna, tomar vinho tunisiano ao redor da fogueira enquanto se assiste ao preparo do taguella (o pão berbere assado nas cinzas), provar pratos típicos do sul da Tunísia e se divertir olhando para as constelações.

Se tiver pique para pular cedinho da cama e encarar o alto da duna, verá um nascer do sol memorável ao lado do imponente Monte Tembaine, a maior montanha rochosa do Saara tunisiano. Com mais tempo, o Camp Mars também oferece atividades extras como passeio de dromedário, tour de jipe pelas dunas, sandboard e aulas de ioga.

Tozeur

Tozeur é, literalmente, um oásis, que fica a 130 quilômetros de Douz. A cidade fica em uma área fértil ao pé das Montanhas Atlas, região em que a presença de água permitiu a plantação de um palmeiral com mais de 200 mil árvores.

Oásis de Chebika. (Foto: shutterstock)

É daqui, inclusive, que sai o segundo produto mais famoso de Tozeur: as tâmaras com a reputação de serem as melhores da Tunísia – uma competição acirrada em um país com mais de 10 milhões de tamareiras!

O primeiro lugar no pódio da fama em Tozeur fica para os filmes gravados nos arredores da cidade. O cineasta George Lucas colocou-a no mapa internacional do turismo ao eleger as planícies áridas próximas a Ong Jmal como cenário da cidade de Mos Espa em filmes de Guerra nas Estrelas.

As quase 20 construções abobadadas erguidas para ser o porto espacial do planeta Tatooine estão intactas e abertas à visitação. Os fãs podem caminhar livremente entre os prédios, entrar nas casas, tirar fotos e ouvir as histórias de bastidores contadas pelos guias.

Com uma formação rochosa que lembra o pescoço e a cabeça de um camelo, o panorama desértico de Ong Jmal também aparece em O Paciente Inglês e Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida.

Os tours guiados visitam ainda a estrutura construída para ser o exterior da casa de Luke Skywalker. Em forma de iglu, foi erguida em um mar de areia à beira do lago salgado Chott El DJerid, a maior planície de sal de todo o Saara, agora completamente seco.

Por ali, onde antes havia água, é possível ver restos de um barco e de um ônibus atolados e, com sorte, achar rosas do deserto, que são formações de areia cristalizada muito comuns por aqui.

Chebika

Alguns oásis na vizinhança de Tozeur garantem a fertilidade na região, como o Chebika, um dos três principais oásis de montanha da Tunísia. Além de providencial para o cultivo de tâmaras, romãs, damascos, pêssegos e laranjas, Chebika virou atração por reunir palmeiras, restos de uma vila berbere abandonada e até ruínas romanas.

Oásis de montanha Chebika, Tozeur. (Foto: shutterstock)

Tudo isso em meio a montanhas esculpidas pelo mar há milhares de anos e uma cachoeira que, mesmo com a estiagem que castiga a região, jorra água sem parar.

Já dentro do limites urbanos, a medina de Tozeur, a Ouled el Hadef, datada do século 14, é uma das mais bem preservadas da Tunísia e é onde se tem a melhor perspectiva da arquitetura de alvenaria texturizada típica do país.

Uma pausa na andança para descansar os pezinhos no rooftop do Café Berbère garante uma visão privilegiada do bairro Ouled el Hadef, enquanto o chazinho de menta cumpre novamente a sua função reconfortante.

Até aqui, você já vai ter perdido as contas de quantas vezes vai ter provado a bebida mais ilustre do norte da África, porque, mesmo que a Tunísia se apresente em sua nova versão, tradições não se abandonam jamais.

Onde ficar na Tunísia

Túnis

Com praia privativa, o Four Seasons fica na badalada região de Gammarth, com 203 acomodações, cinco restaurantes e bares, duas piscinas e 11 salas de tratamento no spa. Mais acessível, no mesmo bairro, o El Mouradi também capricha em piscinas, spa e praia exclusiva.

Four Seasons Hotel Tunis. (Foto: reprodução Booking)

Hammamet

Retomando o glamour da Hammamet dos aos 1930, o incrível La Badira tem como destaque seu restaurante Adra, de culinária tunisiana, e a piscina com borda infinita de frente para o mar.

Quarto La Badira. (Foto: reprodução Booking)

O all-inclusive The Orangers Garden Villas & Bungalows é conectado ao Mediterrâneo por um pedaço de areia com espreguiçadeiras e gazebos. Entre as acomodações, tem chalés com piscina privativa.

Sousse

Debruçado sobre o mar, o Mövenpick Resort & Marine Spa é um complexo turístico orientado para famílias, com praia particular, piscinas, quadras, recreação infantil e spa com talassoterapia.

Mövenpick Resort & Marine Spa. (Foto: reprodução Booking)

Douz

Apesar de precisar de uma reforma nas acomodações, o El Mouradi Douz capricha na área de lazer com piscina gigantesca, piscina infantil, academia e banho turco.

El Mouradi Douz. (Foto: reprodução Booking)

Saara

Acessível somente em veículo 4×4, o Camp Mars é um acampamento para quem quer viver uma experiência imersiva no deserto, sem eletricidade, internet ou água corrente, em uma das 34 tendas.

Camp Mars. (Foto: reprodução Booking)

Já o Tiniri Camp é a pedida para aqueles que não querem perrengue: com conceito de glamping (glamour + camping), tem fotogênicas tendas em estilo domo, com terraço privativo. 

Tozeur

O Anantara Sahara Tozeur Resort & Villas tem 93 acomodações, algumas com piscina privativa e terraço pé na areia. Para completar, tem ótimos restaurantes, três piscinas, spa com banho turco, academia, quadra de tênis, estúdio de ioga, kids club e um bar de uísque e charutos.

Quarto Anantara Sahara Tozeur Resort & Villas. (Foto: reprodução Booking)

Já o Hôtel Ras El Ain Tozeur, próximo à medina, tem piscina ao ar livre, piscina coberta aquecida e infantil, academia e banho turco.

Quando ir a Tunísia

A melhor época é entre março e maio ou entre setembro e novembro, quando as temperaturas são mais agradáveis. Dezembro, janeiro e fevereiro é inverno por lá e, apesar de não fazer tanto frio no norte do país, não dá praia.

Nesses meses, a noite no Deserto do Saara é congelante. De junho a agosto, é comum os termômetros passarem dos 40C no centro e norte da Tunísia – podendo ficar próximos dos 50C no deserto.

Como chegar

Não há voos diretos do Brasil para a Tunísia. Com conexão, voam Air France, ITA Airways, Emirates, Qatar e Turkish, entre outras.

Operadoras como a Flot, especializada em viagens guiadas, tem pacotes que combinam únis, Cartago, Sidi Bou Said, Sousse, Monastir, El Jem, Matmata, Douz, Tozeur, Kairouan e Hammamet, incluindo hospedagem, traslados, passeios guiados e algumas refeições.

Seguro viagem para Tunísia

Para uma viagem mais tranquila pela Tunísia, é imprescindível que você contrate um seguro viagem. Isso, inclusive, para qualquer viagem para fora e dentro do Brasil.

Imprevistos acontecem, e imagine ter que desembolsar um bom dinheiro para cobrir despesas médicas, ou, até mesmo atraso de voos? perda de bagagens? O seguro viagem cobre isso e mais eventos que podem acontecer durante sua ida a Tunísia. Portanto, contrate o seu com um de nossos parceiros!

Chip para celular na Tunísia

Ficar sem conexão de internet durante sua passagem pela Tunísia é algo que não pode ser cogitado. Isso porque o chip internacional é essencial para sua comunicação, utilização do GPS no celular e claro, para garantir suas postagens nas redes sociais.

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