Este roteiro no Sul da Itália passa por destinos autênticos como Nápoles, Capri e Sicília. Confira a atrações de cada lugar.
Em um Roteiro pelo Sul da Itália, desconfie se alguém disser que você vai adorar Nápoles de cara. Geralmente não é assim que acontece.
Afinal, ela é famosa por ser caótica, poluída e cheia de trânsito, especialmente no centro. Mas isso significa que você não vai gostar? Provavelmente quer dizer o contrário.
Intensa, é das cidades mais autênticas da Europa e difícil de comparar. Portanto, Nápoles é lugar vivo onde as pessoas estão nas ruas, conversando, divertindo-se e vivendo a vida.
Sul da Itália: Roteiro em Nápoles
Nápoles é uma cidade que mantém, sem esforço, todos os seus sentidos ocupados. As cores ao entardecer, a vida de contemplação no cais do porto e o cheiro de pizza onipresente o dia todo.
No centro, ruas estreitas e prédios com roupas secando nas janelas chegam por vezes a cobrir o horizonte, mas algumas praças, como a Luigi Miraglia e a San Domenico Maggiore ajudam a respirar.
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Além disso, ela é também base para memoráveis passeios de um dia. Conhecer de perto o vulcão Vesúvio é quase tão fascinante quanto ir a Pompeia e Herculano ver com os próprios olhos o estrago de sua mais famosa erupção, no século 1º.
Aliás, também dá para fazer um bate-volta até a ilha de Capri ou então dormir lá. Afinal, todos esses são passeios mais do que recomendados, mas permita-se ficar em Nápoles por tempo suficiente para sentir a cidade.
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À moda napolitana
O tempo passa, mas Nápoles parece não envelhecer. Sua longa história, que remonta aos gregos no século 8º a.C., inclui ainda o domínio bizantino, francês, espanhol e austríaco, sendo que cada um deixou sua marca.
Assim, a cidade se orgulha do Museu Arqueológico Nacional, um dos mais completos em todo o mundo.
No bairro de Spaccanapoli a catedral começou a ser erguida em 1272, mas foi praticamente destruída por um terremoto em 1456. Depois disso foi reerguida e tornou-se um complexo religioso, com a adição da Cappella di San Gennaro. As catacumbas de San Gennaro são uma das atrações mais visitadas da cidade.
Já a Certosa di San Martino, monastério inaugurado em 1325, ostenta uma vasta coleção de arte sacra para além da beleza do prédio em si. O claustro principal, bem como a coleção de presépios feitos por artesãos locais, são um espetáculo.
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Já o Monastério de Santa Chiara parece mais um parque num resort à beira-mar do que um retiro de freiras.
Aliás, não dá para não reparar no monumental edifício do lado Leste da Piazza del Plebiscito. O antigo Palazzo Reale, do século 17, é um dos quatro palácios usados como residências pelos reis Bourbon.
Costuma não estar muito cheio e você pode combinar a visita com o Teatro San Carlo, anexo, um dos maiores da Europa.
Sul da Itália: mais sobre Nápoles
A poucos passos dali, as cinco torres do Castel Nuovo chamam a atenção de quem passa pela Via Vittorio Emanuele III. Era a residência dos reis e vice-reis de Nápoles. A sala de armas, o pátio sul, a Sala Carlos V e a Sala della Loggia são geralmente abertos ao público.
Mais distante do centro e no meio de um belíssimo parque, o Palazzo Reale di Capodimonte nasceu como refúgio de caça para o Rei Carlos III.
Depois foi expandido para virar residência real e abrigar uma coleção de arte herdada por ele. Assim, formou a base para a Galleria Nazionale, uma das melhores coleções de arte da Itália.
No coração da cidade, descendo pela Via Duomo até a esquina com a Piazza San Gaetano, fica um insuspeito portal que parece levar a outra dimensão.
Nada de misticismo, estamos falando de passado mesmo – a 40 metros de profundidade. Com mais de cinco mil anos de história, a complexa rede de corredores, galerias, um aqueduto e até mesmo um teatro fazem da Napoli Sotterranea uma das atrações mais incríveis da cidade.
Por outro lado, dois outros endereços são mais do que recomendados para aproveitar ao ar livre e sentir o verdadeiro astral napolitano.
O primeiro deles é o porto, de onde saem os barcos para Capri, Ischia e Ilhas Eólias. O outro é Santa Lucia, um dos bairros onde isso fica ainda mais latente, nas encostas de Pizzofalcone.
Hotéis em Nápoles
Hotel Naples
Numa das ruas mais centrais de Nápoles, Corso Umberto I, é um quatro estrelas justo que entrega mais do que a ótima localização. O estilo sóbrio porém moderno da decoração combina com o prédio de mais de 100 anos.
Hotel Bella Napoli
Localizado a menos de 500 metros da Estação Central, a partir da qual você pode pegar o trem Circumvesuviana ao longo da Costa Amalfitana para Pompeia e Sorrento. O hotel aceita pets, tem quartos para famílias e oferece wi-fi gratuito.
UNAHOTELS Napoli
Está a apenas 5 minutos a pé da Estação Central de Nápoles e oferece amplos quartos com ar-condicionado, frigobar e menu de travesseiros. O wi-fi é gratuito e o restaurante do hotel o restaurante oferece especialidades napolitanas e mediterrâneas.
A partir de Nápoles: Pompeia
Seguindo o roteiro pelo Sul da Itália, a 25 quilômetros de Nápoles, Pompeia é um dos lugares mais impressionantes não só da Itália como da Terra. Porque cristaliza diante dos olhos o poder da natureza e como dela dependemos e somos reféns.
Uma vez lá, você não demora a entender os porquês de tanta comoção. A cidade sofreu com o vulcão Vesúvio e, cerca de dois mil anos depois, ao escavar as cinzas, arqueólogos encontraram vestígios muito bem preservados.
Dentro do parque e com entrada incluída no ingresso, fica o Museu Vesuviano, onde há ótimas explicações e objetos da vida cotidiana.
A principal entrada das ruínas é pela Porta Marina, uma das oito da cidade murada e repleta de torres.
Você logo passa pelo Templo de Vênus, à época um dos mais ornados e um dos primeiros a serem saqueados. Seguindo pela Via Marina surge o mais antigo dos edifícios religiosos de Pompeia, o Templo de Apolo, e logo adentra o Fórum, coração da rotina local.’
Pelas mansões de Pompeia
Além disso, as mansões de Pompeia permitem ter uma ideia de como era a vida doméstica na época. Entre as mais icônicas, estão a Casa do Fauno, a Casa dos Vettii e a Vila dos Mistérios, que tem 90 quartos e preserva vestígios de uma produção de vinho.
No Lupanar, certamente haverá fila para entrar: o principal prostíbulo da cidade ainda tem quartinhos com camas talhadas em pedra e afrescos muito sugestivos nas paredes.
Ao passar pelo Fórum Triangular, você alcançará os teatros Pequeno e Grande, assim como a caserna dos gladiadores. A poucos passos dali surge o Anfiteatro, o mais antigo construído pelos romanos de que se tem notícia. Certamente mágico.
Hotéis em Pompeia
Hotel Forum
A diária do quarto inclui estacionamento 24 horas e café da manhã. A localização é um dos pontos fortes, já que o hotel está situado em frente à entrada das escavações de Pompeia, a apenas 5 minutos a pé da praça principal. Wi-fi gratuito está disponível em todas as áreas da propriedade.
Resort Bosco De Medici
Distante apenas 700 metros das Ruínas de Pompeia, dispõe de restaurante vinícola e uma piscina com vista panorâmica do Monte Vesúvio. É possível agendar passeios de degustação de vinhos e as suítes possuem banheira de hidromassagem com opções de cromoterapia.
Terra Mia
Situado a 1,5 km das Ruínas de Pompeia e a 2,5 km do Fórum, os quartos dispõem de cozinha totalmente equipada com lava-louças, além de TV de tela plana com canais via satélite. Os hóspedes podem andar de bike nas proximidades.
Sul da Itália: Herculano e Vesúvio
Contudo, se seu interesse em arqueologia não se saciar com Pompeia, considere visitar Herculano. Também no trajeto da ferrovia Circumvesuviana, mas muito menos famosa do que a vizinha, Herculano era uma vila de pescadores com 4 mil habitantes.
Mas diferentemente de Pompeia, aqui foi uma lama vulcânica que cobriu a cidade, que só foi descoberta por escavadores amadores em 1709. Muita coisa foi preservada e belos mosaicos, banhos públicos e pórticos podem ser visitados.
Por fim, quem resolver visitar o vulcão provocador de tudo isso encontrará no Monte Vesúvio um baita destino de bate-volta a partir de Nápoles. Várias agências oferecem tours combinando visitas a Pompeia com uma esticada até a cratera do vulcão.
Pelo caminho, algumas pequeninas chaminés exalam um desagradável odor de enxofre, comprovando que se trata de um vulcão ainda ativo. Lá do alto, a mais bela vista de Nápoles e Capri anula qualquer desconforto.
Sul da Itália: rumo a Capri
Com vários horários ao dia, os barcos rápidos e as balsas rumo a Capri saem dos portos de Beverello ou Calata Porta di Massa, em Nápoles. O tempo de viagem varia entre 50 minutos e uma hora e meia.
De Sorrento, o ponto de partida é a Marina Piccola e o trajeto dura até meia hora. Vale lembrar que a frequência dos barcos muda conforme a época do ano. O funicular para subir da marina de Capri até o centrinho custa em média € 2, assim como o ônibus até Anacapri. Veja mais detalhes aqui.
Aliás, a pé leva cerca de 20 minutos por ruelas-escadarias que serpenteiam entre casas morro acima. Quem, no entanto, quiser aproveitar a praia, nem precisa subir: a enseada principal fica ao lado da Marina Grande e é famosa por seus beach clubs.
Como chegar perto dos Faraglioni
Um bom jeito de chegar perto dos Faraglioni e ainda cobrir os outros destaques é o passeio de barco ao redor de Capri. Há várias empresas que oferecem o serviço na própria marina, logo na saída da balsa que vem do continente.
A volta pela ilha dura cerca de duas horas, passando pelo Arco Natural (outra formação rochosa icônica) e pelas grutas Verde, Bianca e Azzurra – esta última é a mais famosa.
Agora, quem sobe até o centrinho de Capri desemboca na Piazza Umberto I, mais conhecida como Piazzeta, rodeada de cafés e restaurantes. A Via Camerelle é a que coleciona vitrines grifadas.
Pela Via Dalmazio Birago se chega até Certosa di San Giacomo, monastério do século 14 com uma capela. A partir dali, a Via Krupp é um caminho cheio de curvas que desce as encostas até a Marina Piccola.
Conhecendo mais de Capri
No outro extremo da ilha fica a cidade de Anacapri, calminha e – boa notícia! – com preços menores. Ela pode ser alcançada de ônibus ou barco desde Capri, ou a pé por quem tiver disposição.
O destaque aqui é a Villa San Michele, erguida sobre as ruínas de uma antiga vila romana. Logo ao norte da Piazza Vittoria, o complexo abriga esculturas romanas de dois mil anos, além de render vistas impressionantes de Capri.
Hotel em Capri
Hotel La Minerva
Linda localização, com uma super piscina voltada para o mar. Os 19 apartamentos com terraços privativos se espalham em seis níveis pela encosta.
Sul da Itália: rumo a Sicília
Um grande e poderoso paradoxo. Assim pode ser interpretada a Sicília, a meia hora de barco da Calábria, na ponta da “Bota”.
Revelando um lado muito autêntico e diferente da Itália continental, uma mistura de vilarejos cenográficos, ruínas greco-romanas e vulcões disputa a atenção com praias que até parecem de mentira.
Para completar, o passado de invasões e dominações deixou um monumental legado de tesouros ao longo de 25 séculos. Embora as várias regiões da ilha tenham aspectos muito diferentes, o viajante vai, aos poucos, descobrindo o espírito da Sicília.
Explorando Sicília
No quesito paisagens, não dá para dizer que há grandes bosques ou florestas – em alguns trechos do interior da ilha, os locais brincam que o que mais se planta é pedra.
Apesar de não ter um inglês muito afiado, o povo é caloroso, atencioso e sabe da importância do turismo para a economia. Espere, portanto, ser mais bem tratado do que no resto da Itália e comer tão bem quanto nas outras partes do país.
Não se pode, porém, esperar o nível de desenvolvimento das cidades do norte, como Milão e Turim. É mais algo entre Roma e Nápoles, só que o astral é muito outro. Vale dizer também que é bom estar atento para evitar furtos cometidos por batedores de carteira. Mas ao contrário do que os filmes sobre a Máfia podem ter sugerido ao longo de décadas, a Sicília não é tensa nem hostil.
Claro, houve um período em que o poder paralelo controlava a ilha, mas isso já não se percebe em canto algum. Fica a mística de Dom Corleone e da Cosa Nostra, mas muito mais em lojas de suvenir do que qualquer coisa.
Monte Etna
A força geológica que pulsa na Sicília tem como seu maior símbolo o Monte Etna, vulcão mais alto e ativo da Europa, com 3.350 metros. Entre dezembro e fevereiro, durante os invernos mais frios, é possível esquiar na parte alta.
Dá para subir o ano todo, uma parte por estrada e em seguida caminhando, em ônibus 4×4 ou de teleférico. Também ao longo de todo o ano podem acontecer erupções vulcânicas, com maior ou menor intensidade.
Ao longo dos três meses em que morei na ilha, vi quase onipresentemente manchinhas laranjas pelo flanco do vulcão, tanto a partir de Catânia, segunda cidade mais importante da região, quanto de Taormina, uma das grandes joias históricas e parada obrigatória de turistas.
O solo vulcânico da Sicília se fez fértil e nas suas andanças você verá vastas plantações de laranjas e limões. Você também cruzará por um sem-fim de oliveiras, de onde se colhem azeitonas para a produção de azeite extravirgem de alta qualidade. Você provará ainda tomates, pêssegos e cerejas muito suculentos.
Ah, e não podemos esquecer as uvas. Sim, a ilha produz alguns bons vinhos, principalmente na região de Marsala.
De quebra, a Sicília é um dos epicentros gastronômicos da Itália e um dos maiores polos de cozinha mediterrânea. Espere então por peixes frescos, vegetais recém-colhidos e temperos aromáticos.
Palermo: ponto de partida
A capital siciliana é um bom ponto de partida. Não por ter uma beleza imediatamente cativante, mas pela forma como se revela apesar do caos evidente onde vivem 680 mil habitantes.
Quinta maior do país, Palermo é uma cidade na periferia da Europa, mas no centro do mundo antigo. Outrora um emirado árabe e também sede do reino normando, Palermo chegou a ser a principal cidade do continente no século 12. Não demora a entender o porquê.
Capela Palatina
Explícita, a Capela Palatina fala por si só. A principal atração de Palermo é também a mais famosa igreja da ilha. Desenhada pelo Rei Rogerio II da Sicília, em 1130, tem todo seu interior recoberto por mármores preciosos, cúpulas arabescas e delicados mosaicos bizantinos que recontam passagens do Velho Testamento.
Ironicamente, Palermo teve papel de destaque durante as Cruzadas, mas as narrativas que abordam a saga foram feitas por artistas muçulmanos. A capela fica dentro do Palazzo dei Normanni, imensa construção na Piazza della Vittoria, que já foi morada de reis e hoje é a sede do Parlamento Siciliano.
Catedral de Palermo
A disputa pelo título de segundo edifício religioso mais bonito da cidade é um páreo duro. De um lado, a imponente Catedral de Palermo, cuja estrutura foi iniciada no ano 600, transformada em mesquita pelos sarracenos a partir de 800 e depois novamente transformada em igreja cristã pelos normandos, no início do século 12.
Criou-se assim um estilo arquitetônico único, o árabe-normando, repleto de padrões geométricos e afrescos do tipo majólico. Na cripta, há tesouros e joias de monarcas locais, além de um bizarro dente de Santa Rosália, padroeira da cidade.
La Martorana
Do outro lado, La Martorana é deslumbrante. Planejada originalmente para ser uma mesquita no século 12, a estrutura foi concluída em 1433 como igreja de freiras beneditinas. Afrescos e mosaicos em ouro são alguns de seus tesouros. A poucos passos dali fica um ícone informal de Palermo.
Se ninguém lhe dissesse, o cruzamento da Via Maqueda com o Corso Vittorio Emanuele passaria quase batido. Mas o entroncamento de fachadas barrocas, batizado de Quattro Canti, é o coração do centro antigo e artéria para toda parte da cidade.
Piazza Pretoria
Centro cívico de Palermo, a Piazza Pretoria reúne alguns edifícios administrativos e igrejas que envolvem a lindíssima Fontana Pretoria. Nessa versão local, porém muito mais singela, da Fontana di Trevi de Roma, jorra água desde 1573.
Surpreendentes mesmo são as Catacumbas dos Capuchinhos de Palermo, onde, entre os séculos 17 e 19, foram enterrados mais de 8 mil mortos. Alerta: atração não recomendada para viajantes mais sensíveis.
Museu de Arqueologia de Palermo
Por outro lado, todos se encantarão com o Museu de Arqueologia de Palermo, que ocupa um monastério renascentista com galerias repletas de artefatos preciosos do período greco-romano, como enormes frisos narrando a saga de Hércules.
Diferentemente de boa parte das atrações na Sicília, o museu tem bom acesso a cadeirantes. Entre um passeio e outro, conte com almoços e lanchinhos em grandes mercados, como o Di Ballarò e o Della Vucciria.
Praias, templos e vulcão
Embora à beira-mar, Palermo não tem lá praias dignas de nota, com exceção de Mondello, 1 minutos ao norte. Para um mergulho justo, escolha entre San Vito Lo Capo, uma hora e meia a oeste, e Cefalù, uma hora a leste. Ambas têm praias com mar clarinho e boa estrutura.
Agora, se a mística da máfia bater na mente, não hesite em ir à vila de Corleone, 63 quilômetros ilha adentro. Observe os velhinhos papeando misteriosamente nas praças e esquinas, peça uma cerveja e tente começar uma prosa. Poucas vezes na vida recebi tantos olhares de desconfiança. Definitivamente intrigante.
Érice
Em vez de seguir 130 quilômetros pelo interior da ilha rumo à cidade de Agrigento, considere esticar pela costa para fazer algumas paradas. A primeira vai ser quase duas horas de estrada depois: Érice se revela uma cidade cênica, no alto do Monte Éryx (a 750 metros), repleta de fortes e igrejas, onde antes havia cultos pagãos a Vênus, deusa do amor.
O Castello di Venere é hoje pouco mais do que escombros, mas sua localização vale pela vista.
Segesta
Quarenta quilômetros ilha adentro, Segesta surge como a antiga capital dos elimianos, antes da chegada dos gregos. Hoje restam ali um anfiteatro e o Templo Dórico, que data de 430 a.C. – nunca completado, porém muito bem conservado, com quase todas suas colunas de pé.
Na Antiguidade, Segesta manteve um conflito quase eterno com a cidade de Selinunte, a 53 quilômetros ao sul, à beira do Mediterrâneo. Selinunte se gabava de ter sido umas mais ricas e poderosas do planeta até ser completamente destruída. Os vários templos receberam nomes de letras do alfabeto, com destaque para o C e o E.
Agrigento
Agora sim, seguimos por cem quilômetros ao longo da costa até Agrigento. Nessa cidade, nenhum guia vai deixar de insistir para que você conheça o Vale dos Templos.
Revelado ao mundo pelo escritor e estadista alemão Johann Goethe, no século 17, o Valle dei Templi é um daqueles clássicos Patrimônios da Humanidade da Unesco e talvez a primeira grande atração turística da Sicília.
As visitas ocorrem de dia e à noite, com uma iluminação especial e inspiradora – recomendo ver dos dois jeitos. Em diferentes estados de conservação, cinco imensos templos dóricos se espalham por uma belíssima área arborizada. Entre fevereiro e março, a florada das amendoeiras deixa a paisagem simplesmente mágica.
Ragusa
Percorrendo pouco mais de 400 quilômetros em direção leste, chega-se a Ragusa, mais um epicentro de interesse para o visitante. Após ter sido devastada por um terremoto em 1693, a cidade se refez em estilo neoclássico num platô acima da localidade original. Vale pelas igrejas e como parada para almoço ou jantar.
O mesmo terremoto também varreu a cidade de Noto, mas esta se reinventou e é a principal em estilo barroco da Sicília. Seu Palazzo Villadorata e a Catedral de San Nicolò são duas das joias, além de seu festival das flores Infiorata, sempre no terceiro domingo de maio, no qual artistas forram as ruas com mosaicos feitos de pétalas.
A vizinha Módica vale para um rápido passeio e para degustar o melhor chocolate do sul da Itália.
Siracusa
Essas duas cidades – Noto e Módica – ficam ao longo do caminho de 90 quilômetros entre Ragusa e Siracusa.
Não há dúvidas de que Siracusa é o destaque da região. O Parque Arqueológico Neapolis é a prova maior de por que a Sicília ainda é carinhosamente chamada de Magna Grécia por alguns gregos. Nenhum outro lugar evidencia tão bem a força dos helênicos na ilha.
Observando o estado de conservação impressionante da cidade, é difícil acreditar que o Teatro Greco tenha sido erguido cinco séculos antes de Cristo. Atrás, todo um complexo de bem preservadas ruínas justifica um ou dois dias de visitas, com os museus Paolo Orsi e do Papiro.
Catânia
A apenas 50 minutos de carro dali, Catânia é a segunda maior cidade siciliana, com pouco mais de 300 mil habitantes.
Seu charme mediterrâneo se revela em todos os cantinhos. Uma manhã basta para senti-lo na Piazza Duomo, diante da catedral simples, mas que tem na imagem de Santa Ágata, sua padroeira, uma força descomunal.
Todo dia 5 de fevereiro, as festas de celebração são um dos espetáculos de fé mais lindos da Itália. Bem na frente há uma fonte com um obelisco e uma estátua de elefante, símbolo da cidade e do time de futebol.
Um pouco abaixo fica o La Pescheria, famoso mercado de peixes com ótimas opções de almoço. Logo acima começa a Via Etnea, que ruma até o vulcão. Após visitar o Teatro Massimo Bellini, inaugurado em 1890, explore o Museo Civico, que fica dentro do soturno Castello Ursino.
Num passeio leve, descubra o Teatro Romano, pequenino e encravado no meio de várias casinhas sicilianas bem típicas – excelente exemplo de passado e presente coexistindo.
Mais sobre Catânia
Vá de carro ou embarque num ônibus até o vizinho Monte Etna, ou melhor, até a Cratera Silvestri, a 1.900 metros de altitude. Observe alguns dos 700 cones secundários do vulcão.
De lá, embarque num teleférico por mais 600 metros ou então caminhe por duas horas sob vento forte. Em qualquer época do ano faz frio, portanto agasalhe-se bem. A partir dos 2.500 metros, tudo ao redor se transforma numa contundente paisagem que mistura a Lua e Marte, com pequenos cascalhos se transformando em pó sob seus pés e complicando muito a caminhada.
Quem tiver mesmo empenhado em ir até o cume precisa estar acompanhado de um guia autorizado e pagar mais um tanto por isso, além de se esforçar muito. Jipes e ônibus 4×4 levam até a Torre del Filosofo, de onde se tem uma vista impressionante de Catânia e da cratera principal – se as nuvens colaborarem.
Taormina
Lá de cima do Etna, com tempo bom, também dá para ver outra pérola turística da Sicília: Taormina, que merece ser explorada também por terra e não apenas vista de cima.
A pouco mais de 50 quilômetros de Catânia, Taormina fica encravada num terraço do Monte Tauro, 204 metros acima do mar. É difícil não se deixar seduzir pela cidade que inspirou poetas, escritores e amantes.
A antiga capital da Sicília Bizantina no século 9º hoje abriga alguns dos mais elegantes e caros hotéis da ilha. Come-se (e paga-se) muito bem por pratos sofisticados ou nem tanto.
Corso Umberto I
Pela via principal, a Corso Umberto I, você encontrará as principais lojas e restaurantes, mas permita-se desvendar as escadarias, tanto subindo quando descendo. O Teatro Greco tem uma das vistas mais lindas para o Etna e durante o verão costuma ter uma programação focada em música, de ópera a Sting.
Um inusitado teleférico leva até a magnífica prainha de Isola Bella. Sinceramente, não dá para dizer que um dia não é suficiente para ver tudo, mas você pode querer dois ou três dias para sentir o lugar. E vale todo o tempo do mundo. Essa Sicília é uma verdadeira caixa de Pandora.
A partir da Sicília
Ilhas Eólias
Quando alguém diz que vai para a Itália no verão, logo vêm à cabeça Cinque Terre, Costa Amalfitana ou até a Sardenha. Dificilmente se pensa nas Ilhas Eólias.
Ao norte da Sicília, bem pertinho da Calábria, o arquipélago de Isole Eolie, em italiano, ainda é um segredo para muitos turistas. Pois bem, é hora de fazermos as devidas apresentações.
Em ordem alfabética: Alicudi, Filicudi, Lípari, Panarea, Salina, Stromboli e Vulcano. Vai por mim, algumas das melhores praias do Mediterrâneo estão espalhadas por essas sete belíssimas ilhas vulcânicas.
Lípari
Muito mais do que belas praias, Lípari tem mais de 6 mil anos de história, com uma economia baseada na obsidiana, uma pedra negra semipreciosa. Por lá passaram de gregos a piratas, como o lendário Barbarossa, no século 15.
E o legado disso são ruínas com colunas gregas e também fortificações contra a pirataria. Parte considerável desse legado está no ótimo Museo Archeologico Regionale Eoliano.
Melhores praias
Entre as melhores praias, estão a Spiaggia Bianca e a della Papesca. A ilha de Salina, por sua vez, teve a sorte de ter minas de água fresca, por isso é bem mais verde do que as outras.
As caminhadas são o forte, com algumas das melhores vistas do arquipélago a partir de Valdichiesa. Não perca a Praia de Pollara, cenário de alguns filmes, como Il Postino (1994).
Paranea
Com uma pegada mais elitista e um ar de ilha grega, com casinhas todas brancas, a pequena Panarea tem pouco mais de 500 habitantes. É a mais cara e exclusiva de todas. Andar até Punta Milazzese e conhecer o vilarejo da Era do Bronze é o grande programa, assim como dourar ao sol nas praias de Cala Junco e Fumarola.
Já a ilha de Vulcano não costuma atrair muitos visitantes por conta do cheiro forte de enxofre que exala de uma grande fossa. No entanto, há quem atribua às suas lamas medicinais e aos seus banhos quentes propriedades curativas poderosas.
Stromboli
Sem dúvidas, Stromboli exerce um fascínio especial nos viajantes mais curiosos. Há algo de mágico numa ilha que é essencialmente o topo de um imenso vulcão ativo submerso. E bota ativo nisso.
A mais jovem de todas as ilhas do arquipélago – tem apenas 40 mil anos, um bebê para períodos geológicos – tem uma cratera onde a lava fervilha a 920 metros de altura. O trekking até lá demora cerca de seis horas morro acima, mas é recompensado por uma das visões mais marcantes da vida.
Como chegar às Ilhas Eólias
Para chegar às Ilhas Eólias a partir da Sicília, você precisa ir até o porto de Milazzo, distante 130 quilômetros de Catânia ou 200 quilômetros de Palermo. Dali você tem duas opções de embarcação: o ferry, mais lento, ou o aliscafo, barco rápido que “plana” sobre a água.
Geralmente eles fazem o circuito todo, parando em todas as ilhas. Na hora de comprar seu bilhete, basta dizer onde vai descer; os preços são proporcionais. Para se ter uma ideia, Vulcano fica a apenas dez minutos de barco rápido ou 25 minutos de ferry desde Milazzo. Já a viagem até Alicudi demora entre duas e quatro horas.
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