Muito mais que sol e mar. Esse é o slogan adotado pela Paraíba para atrair turistas o ano todo. Seu litoral tem apenas 117 quilômetros de extensão – maior apenas que os dos estados do Piauí e Paraná. Mesmo assim, a faixa que vai da fronteira com o Rio Grande do Norte até os limites com Pernambuco revela atrações muito além das falésias, praias de areia fina, mar azul e águas límpidas. O destino guarda, também, muita história para contar. Nas próximas páginas, você pode ver o que há de melhor no litoral paraibano, dividido em três regiões: João Pessoa, litoral norte e litoral sul.
João Pessoa: onde o sol nasce primeiro
A Paraíba é um destino para ser admirado sem pressa. Menor e menos extravagante que Natal e Fortaleza, sua capital, João Pessoa, ainda não atrai a mesma maré de gente que as irmãs nordestinas. Ainda bem! O sossego, típico de cidade pequena, continua ali, enquanto a modernidade e a agitação chegam devagarinho, sem atrapalhar a calmaria. Ela é uma feliz combinação de praias, atrações históricas e boa gastronomia. As nove praias de águas claras dividem a atenção dos turistas com o centro antigo, onde os estilos barroco, Art Nouveau e Art Déco se revezam nas fachadas das construções históricas.
Comece a desvendar as riquezas de João Pessoa por sua costa. Por estar no ponto mais oriental do país, a capital paraibana é a primeira cidade a receber um dia novinho no horizonte. Antes mesmo das cinco da manhã, os raios de sol apontam e conquistam os turistas que pulam da cama logo cedo. Se você é um deles, vá até uma estação municipal de aluguel de bicicletas e aproveite o início da manhã para um passeio pela ciclovia, que acompanha toda a orla.
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As praias urbanas de João Pessoa são as mais agitadas do litoral paraibano. Tanto burburinho se deve aos vários hotéis, pousadas e restaurantes instalados nas avenidas que acompanham a costa. A primeira parada obrigatória é a praia Cabo Branco. Famosa por abrigar a Ponta do Seixas, ponto extremo do país, ela ainda guarda, acima de suas falésias, um farol homônimo. O monumento, ao contrário de seus congêneres, não foi criado para orientar os navegantes, mas sim para servir como ponto turístico.
Na ponta dessa praia fica um moderno centro cultural – a Estação Cabo Branco. A arquitetura ousada não deixa dúvidas: trata-se de uma obra de Oscar Niemeyer. Nos três primeiros andares da torre espelhada, são expostos trabalhos de artistas locais, e lá no alto o mirante oferece uma vista inigualável de toda a orla de João Pessoa.
Um dos pontos que se observa dali é a praia Tambaú, talvez a mais famosa da cidade. Os coqueiros e as gameleiras são suas marcas registradas. Dela saem os barquinhos que levam turistas para um dos lugares mais bonitos do litoral paraibano, o Picãozinho – um arrecife que funciona como barreira natural, amenizando as ondas que quebram nas areias. Durante a maré baixa, o local torna-se ótimo para os praticantes de mergulho, já que é possível ver de pertinho a fauna marinha.
Ainda na região de Tambaú, confira o Mercado de Artesanato Paraibano. Nele encontra-se de tudo: das singelas estatuetas de cangaceiros feitas em barro a bonecas de estopa, garrafas de cachaças locais e doces, muitos doces caseiros. Se Tambaú não lhe satisfizer, saiba que na parte norte do município fica outra praia superbadalada, a do Bessa. A faixa de areia branca e batida – que se estende por seis quilômetros – é banhada por águas claríssimas e quentes (a quase 28 graus), convidativas para o mergulho. Os ventos favoráveis transformam essa praia em ponto ideal para a prática de surfe e kitesurfe. Dá para marcar e ter aulas desses esportes em uma das várias escolas espalhadas pela orla.
Mas nem só de sol e mar vive a terceira capital mais antiga do país (atrás apenas de Salvador e Rio de Janeiro). João Pessoa, fundada em 1585, tem sim muita história para contar. Aos finais de tarde, aproveite para perambular pelas ruazinhas de paralelepípedos que mostram uma diversidade incrível de estilos. Os rococós característicos da arte barroca do século 17 se misturam graciosamente com o casario colorido no estilo típico da primeira metade do século 20.
Para conhecer o centro antigo, tenha como referência a praça Dom Adauto. Ali fica a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, datada de 1600. De lá, o turista pode caminhar pelas ladeiras até o Centro Cultural São Francisco, formado pela Igreja em homenagem ao mesmo santo e pelo Convento de Santo Antônio, notáveis pela quantidade de ouro no altar. Rival à altura, só a tradicional Igreja Nossa Senhora da Misericórdia, tida como a mais antiga da cidade.
E quando bater aquela fominha, a dica é ir ao bairro Manaíra e deliciar-se no Mangai – um dos mais premiados restaurantes de comida nordestina do país. Lá são servidos exemplares saborosos da culinária local, como o baião de dois. Mas há também receitas com nomes curiosos, como o “sovaco de cobra” (que leva carne de sol moída, milho verde e cebola) e o “gororoba” (feito com macaxeira, charque e queijo). Para os mais iniciados na culinária sertaneja, vale arriscar-se pelos guisados de bode ou pelo sarapatel.
Litoral norte: ao som do saxofone
Por estar exatamente no meio da costa paraibana, João Pessoa é ponto de partida tanto para as atrações do norte do estado quanto do sul – todas elas sempre a uma distância relativamente pequena, a menos de 100 quilômetros. É o caso de Cabedelo, um município com pouco mais de 60 mil habitantes, a apenas 20 quilômetros da capital. Ele é abraçado pelas águas: fica numa península, com o Oceano Atlântico de um lado e o Rio Paraíba do outro. Às margens dele, por sinal, acontece todos os dias um dos rituais mais famosos da região.
Por volta das 17 horas, uma pequena embarcação desliza pelas águas; nela, o músico Jurandy do Sax toca o clássico Bolero de Ravel no instrumento que lhe rendera a fama. Isso acontece desde o ano 2000 e Jurandy ganhou tanta notoriedade que já foi convidado para tocar saxofone em Paris, em eventos da FIFA e em muitos programas de TV. Durante aproximadamente quinze minutos, o som agrada aos ouvidos, enquanto a visão é presenteada com os últimos suspiros do sol, que se esconde ao horizonte. Por isso, o lugar muitas vezes lota de gente.
Depois do espetáculo, vale a pena aproveitar para jantar em um dos vários restaurantes da região e passar pelas lojinhas que vendem peças em algodão colorido, uma marca do comércio local. Se quiser algo mais natural, explore a praia Intermares. Além de point de surfistas e descolados, a região serve como local para a reprodução das tartarugas marinhas. Desta praia saem passeios de catamarã que levam até a Ilha da Areia Vermelha, que emerge das águas durante a maré baixa, formando uma enorme piscina natural a dois quilômetros da costa. A grande novidade dali são os barcos que funcionam como bar – e tornam-se cada vez mais frequentes. A única ressalva é que a diversão só dura até a maré subir.
Mas e a cidade em si? Apesar de pequena, Cabedelo tem lá seu charme. Não deixe de visitar a Fortaleza de Santa Catarina. A construção com mais de 400 anos teve de ser refeita cinco vezes – devido ao desgaste ocasionado pelo sol, pela chuva e pelos ventos. Por isso, preserva traços de diferentes escolas de arte. A austera capela na entrada recepciona os turistas que estendem o passeio pela antiga prisão e pelos alojamentos, hoje usados como galeria de arte. É inspirador caminhar pelos corredores de pedra até chegar à plataforma, onde os canhões miram para o mar.
Ainda ao norte, está a tranquila Lucena – que dista 40 quilômetros de João Pessoa. Para chegar ali, tome um barco em Cabedelo, que fará a travessia do Rio Paraíba. Nas praias de Costinha, Fagundes e do Holandês, os coqueirais imperam na paisagem. No mar, os bancos de areia são responsáveis por calmas piscinas naturais. Aproveite a passagem para conhecer a Igreja Nossa Senhora da Guia, fundada em 1591. Apesar de inacabada, a fachada de pedra é imponente e exibe traços do estilo barroco com toques bem regionais – por exemplo, plantas e frutas brasileiras foram retratadas com esmero.
Por fim, quem viaja com filhos tem que visitar o Projeto Peixe-Boi Marinho, em Rio Tinto. Depois de assistir a um filme educativo na sede do projeto, os visitantes são levados por uma embarcação por um caminho de igarapés pelo Rio Mamanguape, onde fica o viveiro com um simpático morador: o peixe-boi Tita pode não ser celebridade, mas, sem dúvida, é o habitante mais adorado pela criançada.
Litoral sul | Sombra, água fresca e… liberdade!
A parte sul do litoral paraibano é um recanto de paz, onde quilômetros e mais quilômetros de tranquilidade separam as atrações. Para chegar a esses recantos, é necessário pegar a rodovia BR 101. Mas a dica é percorrer as praias de bugue: assim, nenhum detalhe da orla repleta de coqueiros e falésias coloridas escapa da visão.
Comece a explorar a região pela Barra de Gramame, a menos de uma hora de João Pessoa, no município de Conde. Neste estuário, as águas do mar se misturam com as do rio que deságua por lá. Continue pelas areias e chegue à Jacumã, onde fica a Pedra do Amor. A escultura natural possui formato de arco e, segundo a lenda, os casais que a atravessam por baixo são abençoados, com a garantia de amor eterno.
Passando por Coqueirinho, é agradável parar para se refrescar em uma das várias fontes naturais. Apesar do cenário quase intacto, a região conta com boa infraestrutura para receber os visitantes. Na beira da praia, não faltam quiosques e restaurantes servem pratos apetitosos à base de frutos do mar acompanhados de cerveja e drinques preparados com frutas locais.
Por sinal, em toda essa região despontam pousadas e hotéis de qualidade, para todos os bolsos. Lugares como o Maria Bonita, um hotel descolado, com peculiaridades como a piscina com um “visor” que permite aos hóspedes fotografar quem está debaixo d’água. Ou, ainda, a charmosa Pousada das Conchas, em Tabatinga, com seus quartos simples, mas muito confortáveis, e seu restaurante de culinária nordestina típica. Sem contar o Mussulo by Mantra, resort de inspiração africana com parque aquático, quartos luxuosos, animadores para a criançada e muitos outros confortos.
Na última parada, aproveite para se libertar. Em Tambaba, a praia mais famosa de Conde, quem domina são os naturistas, que curtem o sol sem roupas nem preocupação de serem flagrados. Isso porque são proibidas câmeras fotográficas, celulares e filmadoras. A geografia ajuda a manter a discrição: as faixas de areia são quase sempre “escondidas” por paredões de pedras.
Um lugar tão perfeito para quem quer privacidade que já foi até sede de Congresso Internacional de Nudismo. Com ou sem roupa, em bucólicas pousadinhas ou nos resorts de primeira linha, curtindo a paz ou os agitos de cada praia, dificilmente o viajante deixa de se encantar com o litoral da Paraíba. De norte a sul, um destino para curtir aos pouquinhos. Com a suavidade de um sax ao cair da tarde…
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