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Jerusalém: Um encontro de Terra e Céu

Se você nunca foi para Israel, muito provavelmente tem os mesmos preconceitos tolos que permeavam minha mente antes de, pela primeira vez, pisar no país do Oriente Médio. Para mim, essa terra onde alguns dos mais relevantes fatos históricos da humanidade ocorreram era um lugar tenso e inseguro. Só não me envergonho mais desse conceito tosco por dois motivos: ele não brotou do nada e eu não estava sozinho nesse pensamento equivocado. Tal (pre)conceito é reinante entre quem só ouve falar do país pelos noticiários da TV – como era o meu caso e, possivelmente, o seu.

 

Mercado da Cidade Velha
Mercado da Cidade Velha (foto: divulgação)

 

Por isso, Jerusalém, a capital e o principal destino turístico do país, foi uma das maiores surpresas que já tive. Lá tem história, sim – e muita! Tem locais sagrados, desertos, muros, rochas e caminhos onde humanos perpassam há mais de 3 mil anos. Mas também tem modernidade, glamour, sofisticação e paz.

 

 

 

A seguir, faço minha sugestão para sua viagem, dividindo a cidade sagrada em dois aspectos: tradição e inovação. Ou seja, as atrações turísticas consagradas (e obrigatórias), assim como aquelas que você nem imaginava que existiam (mas que valem a visita). Vamos lá?

 

Jerusalém tradicional

Antes de tudo, é bom você saber: Jerusalém é grande e antiga. A capital israelense tem 900 mil habitantes e mais de 3 mil anos de história incrustada em suas ruas, seus becos e colinas. Para conhecê-la de forma plena, você precisaria ficar ali por, no mínimo, uma semana – sobretudo se é fã de história e religião. Só de museus, há 60 para visitar. No total, são mais de 200 atrações entre marcos históricos, templos, sinagogas, mesquitas, palácios galerias de arte, mercados…

Como a realidade do viajante brasileiro é, em geral, gastar uma semana para o país inteiro, minha dica é ir diretamente ao que é obrigatório: a Cidade Velha. Assim é conhecida a porção milenar delimitada por muralhas, no lado oriental do município.

 

Cidade Velha
Cidade Velha (foto: shutterstock)

 

A Cidade Velha remonta há três milênios e contém alguns dos mais sagrados redutos das três grandes religiões monoteístas do mundo: Judaísmo, CristianismoIslamismo. Apesar de sua diversidade de atrações, dá para visitá-la a pé, desde que você disponha de um dia inteiro para isso. Ou dois, se preferir fazer as coisas com calma e evitar uma desidratação – o calor pode ser forte no verão, entre junho e setembro, época em que estive por lá.

Ela é dividida em quatro setores: Armênio, Cristão, Muçulmano e Judeu. É a Jerusalém original, bíblica, preservada e para lá de mística. Seja você de qual religião for – ou mesmo de nenhuma –, vai se encantar com a atmosfera e o visual desse lugar.

 

Portão de Jaffa
Portão de Jaffa (foto: shutterstock)

 

Você pode entrar na Cidade Velha por um dos sete portões que a circundam. Há um oitavo, o Portão Dourado, que fica fechado – é reservado, segundo o Judaísmo, para a passagem do Messias, quando ele vier. Os islâmicos acreditam que por ali chegarão os homens salvos da perdição no dia do Juízo Final. Já os cristãos consideram-no sagrado por ter sido o local de entrada de Jesus Cristo na cidade em seus últimos dias.

Placa, Jerusalém (foto: shutterstock)

 

 

Eu recomendo o Portão de Jaffa – próximo dos bairros mais novos, onde ficam os hotéis em geral. Logo na entrada, você dá de cara com a imponente Cidadela, também chamada de Torre de David. A pequena fortaleza abriga um museu histórico, jardins e um auditório ao ar livre onde ocorrem recitais, concertos e apresentações artísticas diversas.

 

Uma vez cruzado o portão de Jaffa, na Cidade Velha, o primeiro setor é o armênio, à direita. Ali, o destaque é a Catedral de São Tiago (St. James, em inglês), construída no século 12, em homenagem a dois santos: São Tiago Maior e São Tiago, o Justo. A sede do patriarcado da Igreja Ortodoxa Armênia fica neste local e é famosa pelo seu coral, que se apresenta diariamente, às 15h.

Se você for para o lado esquerdo, vai se deparar com o Bairro Cristão. Coalhado de igrejas e capelas, ele é repleto de vielas e becos, entremeados pela Via Dolorosa, o caminho por onde Jesus passou enquanto carregava a cruz, segundo a crença cristã.

O percurso vive cheio de peregrinos, que entoam cânticos e carregam imagens. Não bastasse isso, você pode, ainda, apreciar as belas igrejas do Redentor e de São João Batista. Mas o ápice de sua passagem pelo bairro cristão será na Igreja do Santo Sepulcro. Nesse lugar, acredita-se que Jesus Cristo tenha sido crucificado e sepultado – e que ali tenha ressuscitado.

 

Igreja do Santo Sepulcro
Igreja do Santo Sepulcro (foto: shutterstock)

 

A construção foi refeita diversas vezes ao longo do tempo e o prédio atual data do século 12. A sensação é bastante forte ao visitar a rocha do Gólgota – onde teria sido cravada a cruz de Jesus Cristo, sobretudo devido às demonstrações de fé dos romeiros. O mesmo ocorre no local do sepultamento, que no século 1º era uma pequena gruta, em torno da qual a igreja foi construída séculos depois.

Muro das Lamentações
Muro das Lamentações (foto: shutterstock)

Tão impressionante quanto a Igreja do Santo Sepulcro é o Muro das Lamentações, no Bairro Judeu. Conhecido em inglês como Western Wall, ele é a grande parede remanescente do Segundo Templo – o templo erguido após o regresso dos judeus que escaparam da escravidão na Babilônia. Este é o local sagrado da fé judaica e o ponto mais visitado por turistas em Jerusalém.

Assim como no Santo Sepulcro, há todo um misticismo e um clima intenso de veneração que emociona os mais religiosos e provoca admiração mesmo em quem não crê. É uma experiência única acompanhar as orações ritmadas e o ato de colocar bilhetes nos vãos das pedras que compõem o muro.

Se você é um fã de história e arqueologia, o passo seguinte é visitar os Western Wall Tunnels. Esse é um passeio absolutamente incrível, pelos subterrâneos próximos ao muro – vale lembrar que do outro lado fica o Monte do Templo, a inexpugnável porção islâmica desse solo sagrado, onde não muçulmanos são proibidos de entrar.

 

Western Wall Tunnels
Western Wall Tunnels (foto: shutterstock)

 

Enquanto a parte do Muro das Lamentações que fica na superfície tem pouco mais de 60 metros de comprimento, a porção subterrânea supera 400 metros. É repleta de sítios arqueológicos e pontos notáveis da fé judaica.

O Monte do Templo, sob domínio islâmico, é fechado à visitação de não muçulmanos. Ainda assim, de diversos pontos da Cidade Velha, você tem bons ângulos para fotografar as colossais construções conhecidas como Mesquita de Al Aqsa e o Domo da Rocha.

 

Domo da Rocha
Domo da Rocha (foto: shutterstock)

 

Apesar dessa proibição, outros pontos do Bairro Muçulmano são abertos para ocidentais. Inclusive o souq – palavra que designa o grande mercado a céu aberto, colorido, barulhento e vibrante. Fora da Cidade Velha, há, ainda, o Monte das Oliveiras com seu mirante, o templo de Maria Madalena (pertencente à Igreja Ortodoxa Russa), o Túmulo de Absalão (num antigo cemitério judaico de 2 mil anos) e diversas outras igrejas de características marcantes, como a de Getsêmani. Sem falar nos milenares bairros da Cidade de David e do Vale de Kidron.

 

Leia mais sobre Jerusalém:

Jerusalém: os melhores lugares para comer

Um museu único em Israel

Jerusalém: bairro de Mamila e Parque Sultan’s Pool

 


Onde se hospedar em Jerusalém?

Shamai Suites
No centro, tem 15 acomodações, algumas com cozinha completa.

Mamilla Hotel
Perto do Portão de Jaffa, possui 194 quartos, alguns com banheira e varanda.

David Citadel
Próximo da Cidade Velha, dispõe de 385 quartos, alguns com banheira e varanda.

 

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