Seychelles era o destino em que eu sonhava passar a minha lua de mel, isso lá nos idos de 2002. Na época, não deu, pois naqueles tempos soava como algo caro demais, longe demais, exótico demais…
Sabe aquela velha história de alinhar sonho e realidade? Então, acabei viajando para Porto de Galinhas, mas a vontade de ir para o arquipélago não passou ao longo dos anos. Enfim, um dia chegou minha vez e foi para lá que fui para comemorar!
Viajei com a Qatar Airlines e aproveitei a conexão em Doha para ficar dois dias no Emirado e turbinar a viagem com uma ótima experiência pelo Oriente Médio. De Doha até Mahé, a maior ilha do arquipélago, foram seis horas.
Conhecendo Mahé
Com cerca de 80 mil habitantes, Mahé concentra 80% da população de Seychelles e abriga a capital Victoria, considerada a menor capital da África, com apenas 44 km². Apesar de reunir 115 ilhas, poucas têm números expressivos de moradores.
Já conhece o nosso Guia de Seychelles? Clique aqui e compre o seu!
Minha viagem de cinco dias se concentrou em Mahé, Praslin e La Digue. Logo após o desembarque, já troquei dinheiro no aeroporto. Embora o dólar e cartões de crédito sejam bem aceitos, ter a moeda local sempre ajuda na hora de pagar serviços e compras de baixo valor. A cotação da rupia é favorável frente ao real, R$ 1 equivale a 4 rupias (apenas para referência, uma água custa 20 rupias nos bares da cidade; já nos hotéis, prepare-se para pagar 60 rupias).
Vale a pena também alugar um carro para rodar pela ilha e montar seu próprio roteiro. O valor médio da diária é de R$ 250. A mão de direção é inglesa, herança da colonização britânica que perdurou até 1976. Quem também deu seus pitacos por ali foram os franceses, que comandaram a região no século 16, o que explica a influência da culinária crioula nas receitas típicas da ilha.
Boa gastronomia em Seychelles
Senti esse clima à moda francesa no restaurante Le Jardin Du Roi, situado no alto de um morro e que oferece panorâmicas deslumbrantes entre céu, mar e mata. A propriedade cultiva seus próprios temperos e outras plantas típicas da ilha. Então, é possível fazer uma caminhada por ali e ter uma verdadeira aula de botânica. A proprietária, Micheline Georges, coincidentemente sogra de uma brasileira e apaixonada pelo Brasil, é quem comanda a cozinha.
A comida é caseira e reflete a gastronomia do arquipélago, baseada em peixes, frutos do mar e uma grande variedade de pimentões. Boa pedida é o peixe servido em folhas de banana (250 rupias) e o crepe de frutos do mar (170 rupias). No local existe um pequeno museu, abrigado na casa construída há quatro gerações. Ali, parte da história da ilha e da família Georges é contada por meio de fotos, objetos e documentos. Antes de ir embora, nada mais gostoso que se esparramar nas cadeiras na varanda e ficar curtindo o visual sem pressa.
Um spa no paraíso
Esse clima relax continuou no Frangipani, o spa do Valmer Resort, onde me hospedei por duas noites. O canto dos pássaros embala a massagem (R$ 250 por 90 minutos) e o banho de hidromassagem (instalada no meio da mata). O hotel tem, ainda, uma piscina no topo da montanha, com vista sensacional para o pôr do sol, bar molhado, restaurante e 29 acomodações, com diárias a partir de R$ 800, incluindo café da manhã. Por fim, a poucos metros do resort, a Baie Lazare empolga: é uma praia com água calma, clara e morna. Dá para fazer snorkeling e nadar na companhia de diversos peixes coloridos.
Victoria: nem tudo é praia
Reservar um dia para conhecer a capital, Victoria, ajuda a entender como a vida em Seychelles se organiza. O mercado central, o Victoria Market, de 1840, é o endereço para comprar temperos, ervas, sarongues coloridos e lembrancinhas de Seychelles, como essências à base de coco-do-mar, fruto típico da ilha, e artesanatos. Sábado é o dia mais concorrido para visitá-lo.
Bem pertinho, uma parada no templo Arul Mihu Navasakthi Vinayagar é obrigatória. Construído em 1992, é o único da religião hindu no país. Apesar de pequeno, a fachada colorida e coberta com esculturas de Ganesha e Shiva pode ser vista de longe. Saindo dali, aproveite para caminhar pelo centro da capital para entender melhor a cultura seychelense, a língua crioula (nativa da região) e a arquitetura das casas que evidenciam a influência da colonização europeia.
Para admirar a vista
Deixando a capital, meu destino foi o mirante de Mission Lodge, situado em um dos pontos mais altos da Ilha. As ruínas relembram que ali funcionou uma escola dirigida por missionários para educar filhos de ex-escravos. Foi ali também que a rainha Elizabeth ll sentou-se para tomar um chá e apreciar a vista privilegiada das praias do lado sul de Mahé.
Enfim, a parada para o almoço foi no Bravo Restaurant, um local descolado, na marina da Eden Island, onde pedimos uma pizza muito bem servida (R$ 43) e um sanduíche Big Charlie, equivalente ao nosso famoso x-bacon (R$ 53). A ilha é pequena, mas abriga casas cinematográficas e iates igualmente luxuosos. Do píer, saem passeios que levam os turistas para diversas praias do arquipélago.
Para os amantes de caminhada, a pedida é o Morne Blanc, uma trilha feita a partir do Parque Nacional Morne e que leva ao topo de uma montanha com vista para a costa oeste de Mahé. A subida é feita por um caminho bem sinalizado e demora cerca de 45 minutos. Entretanto, o esforço é mais do que recompensado ao chegar lá no alto e contemplar a vista estonteante.
Praslin: um pedacinho do Éden
Se Mahé já nos dá aquela sensação de tranquilidade, sossego e vontade zero de ir embora, Praslin potencializa tudo isso. Com aproximadamente 8 mil habitantes e apenas 12 quilômetros de extensão, Praslin guarda boas surpresas. Saindo de Mahé, há duas formas de chegar: de catamarã, com duração de uma hora (R$ 325 ida e volta); ou avião, operado pela Air Seychelles em parceria com a Etihad, com duração de 15 minutos (R$ 400 ida e volta). Fomos de catamarã e voltamos de avião.
O barco depende da condição do mar para fazer uma viagem tranquila. Portanto, se você tem fraqueza com o balanço das ondas, escolha o avião. Lembre-se apenas de fazer a reserva antecipada e comprar sempre o bilhete de ida e volta, uma vez que a saída do país será por Mahé.
Explorando Praslin
Começamos a explorar a segunda maior Ilha de Seychelles pelo Vallée de Mai, uma reserva que abriga o coco-do-mar, uma espécie típica da região, que pode pesar até 30 quilos e se assemelha ao coco que conhecemos por aqui – o curioso é que tem a forma de coxas, com o “púbis” em uma das faces.
O passeio é feito por cinco trilhas com níveis de dificuldades diferentes. O parque é Patrimônio da Humanidade e diz a lenda que é um pedacinho do que foi o bíblico Jardim do Éden. Conta com vegetação fechada, grandes palmeiras, variedade de plantas e pássaros. É possível, quando o parque não está muito cheio, avistar o papagaio preto, ave em extinção e encontrada apenas em Praslin. A entrada custa R$ 85.
A hospedagem foi no Le Duc De Praslin Hotel, na Baie Sainte Anne, localizado em uma vila muito simpática, com galerias de arte, lojinhas, restaurantes, bar – além da praia, a menos de dois minutos a pé. O hotel conta com 28 acomodações distribuídas em sete categorias, com diárias a partir de R$ 1.100, incluindo café da manhã.
Praias de tirar o fôlego em Seychelles
Saindo do Vallée de Mai, era hora de encontrar Anse Lazio, considerada, e com razão, uma das dez praias mais bonitas do mundo. Como de costume em Seychelles, leve sempre uma toalha, canga, ou alguma coisa para você poder se esticar na areia, pois não são comuns cadeiras, espreguiçadeiras ou qualquer estrutura nas praias. Então, procure uma sombrinha natural para tirar aquele descanso merecido e deixar seus pertences.
Embora Seychelles tenha um baixíssimo índice de criminalidade, é aconselhável não levar objetos de valor. Uma sugestão para quando bater a fome é beliscar no Bonbon Plume, a menos de 15 metros da água. O restaurante tem excelentes opções de frutos do mar e porções caprichadas.
Outra praia que não pode ficar de fora do roteiro em Praslin é a Anse Georgette. O acesso é feito pelo hotel Constance Lémuria, por isso, é preciso fazer um cadastro de visitante para registrar a entrada. Vale reservar uma mesa em um dos seus três restaurantes, como, por exemplo, o The Nest, localizado na encosta do morro, que tem um visual incrível e uma comida espetacular.
La Digue: sonho de aposentadoria
Bem pertinho de Praslin está a ilha La Digue, meu sonho de consumo para quando eu parar de trabalhar. Com apenas 3.500 habitantes, está a menos de 20 minutos de catamarã (R$ 550 ida e volta) de Praslin. Reserve um dia inteiro e atente-se apenas aos horários de volta, pois ali é fácil se esquecer da vida. Basicamente, a ilha tem uma escola, uma igreja, um parque, uma delegacia… Um de tudo, sabe?
Em La Digue não são permitidos carros: a locomoção é feita a pé, de bicicleta (aluguel por R$ 50) ou carrinhos de golfe, em que um “guia” fica à sua disposição das 10h às 16h por R$ 500. Sugiro optar pela bike, já que o terreno é plano e a maior parte do chão, asfaltado.
O trajeto contorna a ilha e, pelo caminho, é comum se deparar com as tartarugas gigantes, típicas de Seychelles. Pedale tranquilamente, curtindo a paisagem e aquele clima de paraíso. O almoço foi no restaurante Fish Trap, uma excelente opção para quem ama frutos do mar. O espaguete com camarão é divino e muito bem servido (R$ 75).
A praia mais bela de Seychelles
Em La Digue está a Anse Source d’Argent, a praia mais estonteante que conheci na minha vida. Sabe quando você compra um celular novo e vem uma imagem de proteção de tela com uma praia incrível? Pois bem, é ela. É preciso deixar a bicicleta e andar um pouco. Um restaurante simples e com ambiente bem agradável fica na entrada da trilha. No caminho, há também uma pequena tenda que vende água de coco e aluga snorkel. Há várias entradinhas para a praia . Vale andar por toda a extensão da trilha, pouco mais de 500 metros, para se deparar com novos visuais e selfies cada vez melhores.
Enfim, pegamos o último transfer de volta a Praslin e fechamos a noite no Café Des Arts, um restaurante romântico, perfeito para comemorar os 15 anos de casamento.
E importante: quando voltei ao Brasil, a primeira coisa que fiz foi trocar a foto da tela do meu celular. Escolhi a daquela praia incrível, sabe? Com a diferença de que quem tirou essa fui eu.
Você sabia que as Ilhas Seychelles abrigam um dos ecossistemas marinhos mais preservados do mundo? Então aproveite para ler mais sobre este lugar tão incrível em nosso Guia de Seychelles, que traz todos os atrativos para você curtir o arquipélago ao máximo, em texto escrito por um de nossos jornalistas que viajou para lá. Afinal, quem sabe Seychelles não é o destino da sua próxima viagem? Clique aqui, compre o seu e boa leitura!
Leia também:
Seychelles: conheça 4 ilhas exclusivas do arquipélago
6 trilhas para fazer em Seychelles