O número exato, o empresário e produtor de conteúdo digital Caio Mudalen não lembra mais, mas sabe que já fez “mais de 30 cruzeiros” em seus 34 anos de vida. O primeiro deles foi quando tinha apenas 4 anos. Entusiastas por esse tipo de viagem, os pais de Caio acabaram transmitindo a paixão aos filhos. E, assim como uma herança, a família toda compartilha da mesma vocação. Inclusive, foi em alto-mar, a bordo do navio Prima, que Caio pediu Ana em casamento – ela, mais uma fã de carteirinha dos navios.
Na história de Caio, um detalhe chama a atenção: pelo menos metade das suas viagens foi realizada em navios da Norwegian Cruise Line (NCL). Segundo explica o empresário, a preferência pela empresa também vem da época em que viajava com os pais. “Sempre nos identificamos com o conceito ‘freestyle cruising’ da NCL”, conta.
Isso quer dizer que os hóspedes estão livres de uma agenda fechada, têm liberdade de horários na hora do jantar, não precisam sentar todos os dias à mesma mesa e não há exigências de vestimentas formais. “Não me preocupar com a roupa e poder jantar no horário de minha preferência são dois itens que fazem toda a diferença”, diz o empresário.
No contrafluxo da maioria dos cruzeiros, o estilo livre sempre foi uma das bandeiras levantadas pela Norwegian e é regra em toda a sua frota, que hoje soma 18 navios e navega por mais de 400 destinos.
Um novo estilo
Sentir-se livre também é um dos lemas do navio Prima, lançado em agosto de 2022 e que inaugura uma nova classe de transatlânticos da empresa. Com 1.600 cabines, que acomodam mais de 3 mil pessoas, o Prima é tido como uma das embarcações mais inovadoras da atualidade. E ele já chega chegando: foi eleito pela Cruise Critic Editors’ Picks Awards como o melhor navio de 2022. Recebeu destaque também pelo entretenimento a bordo e por ser a melhor opção para viajantes individuais.
E foi justamente o lazer que mais chamou a atenção durante minha experiência a bordo do navio Prima. Há, simplesmente, uma pista de kart de três andares posicionada nos deques mais altos. Isso mesmo, uma pista de 400 metros, 14 curvas e com subidas e descidas que deixam o trajeto mais emocionante.
A vivência é muito bacana: depois que os “pilotos” colocam o macacão e o capacete, o instrutor passa os cuidados principais, que são basicamente evitar ultrapassagens e nunca descer do veículo no meio da pista. Um botão no volante faz o papel de “turbo” e permite aceleração em alguns trechos. Mas, por motivos óbvios, a velocidade do carrinho é controlada.
De qualquer forma, é uma experiência tão inusitada que eu só conseguia pensar que estava dirigindo um kart no meio do oceano. Até o Caio, habitué de cruzeiros, ficou impressionado: “Sensacional!”, resumiu ele. Para correr na pista é preciso ter pelo menos 1,40 m de altura e estar com sapatos fechados. A corrida dura oito minutos e tem custo adicional.
Outros destaques a bordo
Quem gosta de sentir frio na barriga vai adorar o The Drop, um tobogã que despenca por dez deques. O curioso é que a gente sofre por antecipação, antes mesmo de começar a queda, por conta da contagem regressiva. Quando ela se encerra, o chão se abre e a pessoa despenca do 18º deque até o oitavo em poucos segundos.
Boa parte do trajeto é no escuro, mas um trecho com fibra transparente permite olhar o mar durante a descida. Não é tão rápido como parece e o nervosismo fica reservado para o começo mesmo.
Já o The Rush é um tobogã padrão em que a pessoa pode ir deitada ou sentada em tapetes, e em duplas, já que são dois escorregadores lado a lado. Ele é todo escuro e cheio de curvas. Quem vai deitado consegue ir mais rápido que quem desce sentado – conclusão tirada depois que desci alguma vezes em diferentes posições.
Depois dos tobogãs, é a vez de experimentar o toboágua, The Wave. Basta sentar nas boias individuais e escorregar até um half que faz a boia girar antes de descer. É tranquilo e refrescante! Quando for curtir o The Wave, não esqueça de levar o celular para fotografar o visual lá de cima.
O espaço reserva os melhores cliques do navio, exatamente por estar no ponto mais alto da embarcação e em frente à piscina principal e à pista de kart.
Sem deixar o deque 18, reserve tempo para aproveitar o circuito de minigolfe com diferentes cenários, o tiro ao alvo virtual e um pingue-pongue curioso (já que a mesa é em formato de tubo para a bolinha não ficar fugindo toda hora), além de miniquadras de tênis e outros jogos.
Outro espaço que empolga é a Pavilion Gallery. Logo na entrada, dá para se ter uma ideia de que tecnologia é o tema ali. Um túnel com projeções coloridas termina em uma ampla sala com jogos de realidade virtual e simuladores. Escape room, simuladores de corrida de fórmula 1, de fuga de dinossauros e de matança de zumbis, além de golfe virtual e uma viagem sobrevoando os cenários mais famosos do mundo são os destaques (atrações pagas à parte).
Desfile à beira-mar
Sabe aquela imagem de uma piscina enorme que fica no deque superior do navio e geralmente está apinhada de gente? Pois bem, esqueça isso no Prima. O navio tem uma piscina principal rodeada de espreguiçadeiras e com telão, mas que nada tem a ver com o piscinão de muitos navios. A aposta do transatlântico foi investir em mais opções, porém menores, posicionadas em diferentes pontos.
Como no caso das duas piscinas de bordas infinitas localizadas no oitavo deque, uma de cada lado do navio. Por não estarem em um andar alto, elas ficam quase no nível do mar. O fato de terem bordas com placas de vidro ajudam a lapidar o visual “infinito”. Ao lado, amplas espreguiçadeiras posicionadas dentro de espelhos d’água deixam o espaço ainda mais irresistível. Assistir ao pôr do sol dali é daqueles momentos para não esquecer mais.
Também com detalhes de vidro, a piscina da área exclusiva The Heaven já virou o cartão-postal do Prima e, sem dúvida, é uma das áreas mais desejadas do navio (conto mais detalhes no box). Outras duas opções estão localizadas no spa, ambas com bom tamanho para relaxar. Já quem está em busca de água quentinha e borbulhante pode ficar no ofurô do Beach Club, outra área reservada no Prima.
O deque 8 também é o endereço do Ocean Boulevard, uma das sensações do Prima. Trata-se de um calçadão de 4 mil metros pipocado de atrações e restaurantes. É ali que estão as passarelas com chão de vidro. A diversão é andar olhando para baixo, para ver o navio cortando o mar. Quem tem aflição passa rapidinho; quem não tem até senta na plataforma transparente para tirar fotos.
A passarela fica grudadinha ao The Concourse, um jardim de esculturas à beira-mar. Destaque para a obra Sacred Trinity, do artista Alexander Krivosheiw, feita em aço e que muda de tonalidades dependendo da claridade do dia. À noite, fica toda iluminada. O espaço em si é calmo e tranquilo, ótimo para ler ou só ficar ali, vendo o oceano a perder de vista.
O céu no mar
Um refúgio de luxo no ponto mais alto do navio. Assim é a área privativa The Haven by Norwegian, com 107 cabines amplas e confortáveis, posicionadas na parte traseira da embarcação. O acesso exclusivo é liberado somente com o cartão da cabine, e o espaço conta ainda com piscina, bar, solário e restaurante.
Quem viaja na The Haven tem prioridade no embarque, desembarque e reservas nos restaurantes, além de um serviço pessoal de concierge e mordomo 24 horas por dia durante toda a estadia (ele poderá servir o jantar no quarto, por exemplo). No Haven Sundeck, fica a piscina de borda infinita com parede de vidro, o lugar mais instagramável do navio.
Na parte do solário, reservada para maiores de 16 anos, a tranquilidade dita o ritmo, com banheira de hidromassagem e espreguiçadeiras.
Navegar é preciso, comer também
Existe uma verdade absoluta quando se fala em cruzeiros: são viagens para quem gosta de comer. A verdade é que você come, mesmo quando não está com fome, tamanha a fartura e variedade. Quem resiste a uma máquina de sorvete de casquinha dando sopa para se servir quantas vezes quiser? Difícil ter controle quando há 18 opções de restaurantes e 17 bares e lounges.
A gastronomia, afinal, é um dos temas centrais da nova categoria de seis navios da NCL, inaugurada com o Prima. Incluso em todas as tarifas, o restaurante Surfside Café & Grill é um bufê, ou melhor, um senhor bufê que funciona nas três refeições e segue aberto noite adentro. Ele fica junto à piscina principal, no deque 17.
O espaço tem um gostoso clima informal, a sensação é de estar em um restaurante à beira da praia, em parte graças aos janelões preenchidos pelo azul do mar. A comida é separada por estações: começa nas saladas e vai até a sobremesa, com cerca de dez nichos entre elas. E não tem como errar, já que bufês são sempre coringas pela variedade de opções e por não fugirem da gastronomia internacional.
Também incluso nas tarifas, os restaurantes Hudson’s e The Commodore Room são à la carte. Abrem para o almoço e jantar e têm um clima mais requintado, mas o estilo freestyle de horários e vestimenta permanece em cantinho do navio.
O cardápio é enxuto, com cerca de quatro opções de cada tema, entre massas, da terra e do mar. Destaque para o escalope de vitela com aspargos e carne de caranguejo e o clássico bife Wellington. Somam-se às sugestões paella, risotos, salmão grelhado e pratos asiáticos.
Inovador, o Indulge Food Hall é uma espécie de praça de alimentação com 11 opções de restaurantes para escolher. Situado no Ocean Boulevard, o espaço tem mesas internas e externas – em cada uma, há um tablet com todas as opções integradas, assim o viajante faz o pedido sem precisar se levantar da mesa.
E tem muita coisa: opções de tapas, hambúrgueres, vários tipos de macarrão, rotisserie, clássicos indianos, vegetarianos… Quem faz um cruzeiro curto, não consegue conhecer tudo o que há.
A verdade é que vivenciar a gastronomia a bordo é parte da experiência de viajar em um navio como o Prima, mesmo quando isso envolve algum investimento. Pagos à parte, os restaurantes de especialidades abrem no jantar e exigem reservas feitas com antecedência.
No restaurante Hasuki, o teppanyaki vira um verdadeiro show, em que os cozinheiros cantam e fazem brincadeiras a cada ingrediente colocado na chapa. Risadas e boa comida garantidas!
A gastronomia mexicana está reservada para os Los Lobos; a francesa para o impecável Le Bistro; a italiana para o Onda by Scarpetta (com forno de pizza à lenha); especialidades mediterrâneas e frutos do mar para o Palomar. Tem ainda as carnes da Cagney’s Steakhouse e os sushis e sashimis do Nama.
Independentemente de qual opção você escolher, a noite pós-jantar pode terminar com um último drinque no Metropolitan, um bar com pegada sustentável onde todas as bebidas são certificadas por suas boas práticas. Mas não só: muitos drinques são feitos com parte de alimentos que não são usados e seriam descartados, como cascas de frutas, por exemplo.
Se você é do time dos “inimigos do fim”, estique um pouco mais no pub Syd Norman’s Pour House, onde bandas tocam ao vivo, em meio a fotos e guitarras autografadas por astros do rock. Ou vá se divertir no Karooke Smash, onde uma parte da plateia canta e a outra dá risada, com clássicos que, não importa a nacionalidade do cantor, todo mundo consegue acompanhar (nem que seja só o refrão). E, se ainda não chegou a sua hora de parar, há o cassino para fazer companhia madrugada afora.
Teatro ou balada?
O show acabou e eu fiquei esperando para ver como o Prima Theater, teatro de três andares do navio, se transformaria em uma balada. Por meio de um sistema automatizado, os assentos utilizados pela plateia são dobrados e recuam abrindo espaço para uma pista de dança. Então, no mesmo espaço em que acontecem shows padrão Broadway, como o musical que conta a história da cantora Donna Summer, acontece também balada ao estilo Las Vegas e festas com ritmos latinos.
Leia também: Norwegian Prima estreia musical de Donna Summer a bordo
Cabines para diferentes perfis
A leveza no design que vemos em boa parte dos ambientes do Prima está refletida também em suas cabines. Há 13 categorias distintas, que têm em comum a funcionalidade. Até mesmo as cabines internas apresentam ambientes fluídos, algo que não é comum nesse tipo de acomodação.
Funcionalidade é a palavra de ordem até nos banheiros, que, mesmo compactos, (quem faz cruzeiro pela primeira vez pode estranhar) atendem muito bem às necessidades. Os armários, também pequenos, não foram criados para acomodar muita bagagem, mas as camas são vazadas embaixo, o que permite alocar as malas no chão. As tomadas inteligentes, com diferentes tipos de entrada, são outra facilidade e tanto.
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Se puder, invista em uma cabine com varanda – é um divisor de águas na sua experiência a bordo. Há diferentes configurações espalhadas por vários deques do navio. Entre as opções, estão as categorias Spa e Club, com fácil acesso ao spa e à academia.
E o Prima repetiu uma fórmula de sucesso de outros navios da Norwegian: as suítes para viajantes solo. Com cama de solteiro e compactas, essas cabines já renderam diversas premiações à companhia. Afinal, fazer um cruzeiro pode, e deve, entrar no radar dos turistas independentes.
O bacana é que os hóspedes dali têm acesso ao Studio Lounge, um lugar feito para que as pessoas se conheçam e combinem seus rolês. Porque uma coisa é fato: solidão e tédio são duas coisas que passam a milhares de milhas náuticas de distância dos navios da Norwegian!
Saídas e roteiros
A temporada inaugural do Prima começou em dezembro de 2022 e segue até março de 2023, com saídas de Port Canaveral, na Flórida, e roteiros pelo Caribe, com paradas no México, Jamaica, Honduras e nas duas ilhas exclusivas da NCL, Harvest Caye (Belize) e e Great Stirrup Cay (Bahamas).
Outros portos americanos estão no itinerário do navio para o final de 2023: Galveston, no Texas, e Nova York. No verão europeu, o Prima zarpará dos portos de Southampton (Inglaterra), Reykjavik (Islândia) e Barcelona (Espanha) e navegará também por Noruega, Bélgica, Itália e França. As Ilhas Gregas, por sua vez, serão contempladas nos roteiros que partem de Civitavecchia, perto de Roma (Itália).
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