Arrumar as malas para ir a Belo Horizonte tem um gostinho especial. Afinal, é preciso deixar um bom espaço em meio às roupas para acomodar queijos, doces e outras delícias que serão trazidas da capital mineira. Porque em BH comer bem é sempre uma regra.
Dados da Pesquisa de Demanda Turística do Ministério do Turismo revelam que a culinária é o item mais bem avaliado pelos turistas estrangeiros em Belo Horizonte, com mais de 98% de aprovação. Não à toa, o destino foi reconhecido em 2019 como Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco.
Roteiro em Belo Horizonte: dia 1
E é pelo estômago que começa esse nosso roteiro de dois dias. Portanto, nada melhor que dar o pontapé inicial pelo Mercado Central. São mais de 400 lojas com itens que vão dos famosos queijos, doces e temperos a artigos religiosos e utilidades para casa. Aberto em 1929 para reunir todos os feirantes que abasteciam a cidade em um mesmo local, o Mercadão acabou virando um dos pontos turísticos mais concorridos na capital. Por isso, as visitas gratuitas com guias acontecem todos os dias.
O agendamento é feito no site mercadocentral.com.br/visita-guiada e a dica para aproveitar bem o passeio é ir cedo. Afinal, mesmo que você tenha algum produto específico em mente, nada melhor do que espiar todos os corredores sem pressa.
Queijos de Minas e outras iguarias
Para degustar o famoso queijo minas ou provar um gorgonzola de colher com azeite de limão siciliano, por exemplo, dê um pulo no armazém Roça Capital, que vende também cafés e cachaças artesanais.
E doces, claro! O doce de leite em barra é um clássico, e igualmente gostosos são os doces de manga e goiaba. Coloque na sua lista experimentar também o requeijão com rapa, o pão de queijo com pernil e a gelatina de cachaça – que, aliás, são as estrelas do Mercadão, especialmente em lugares como o restaurante Casa Cheia. Não à toa, seus pratos já receberam muitos prêmios, entre eles o Comida di Buteco.
Quem estiver disposto a vencer a fila de espera, que costuma ser longa, não erra ao pedir o Mexidoido Chapado, o prato mais vendido, um bem-bolado que mistura na chapa arroz, linguiça caseira, iscas de alcatra, ovo frito de codorna, lombo e legumes cozidos ao azeite. Entendeu o porquê do nome Mexidoido?
O prato também é vendido na versão vegetariana, em que saem as carnes e entram o grão de bico, a soja em grão, a abobrinha e a cenoura. Faz sucesso também a Costela de Adão, preparada com costelinha de porco e linguiça defumada e mandioca ao molho com jiló. Isso tudo além das pedidas tradicionais, como carne de panela, feijoada, feijão tropeiro e rabada com batata cozida. Por fim, guarde um espacinho para a famosa limonada do mercadão, com sua banca aberta desde 1938.
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Missas aos domingos
Além de toda essa comilança, quem visita o Mercado Central pode também participar das missas que acontecem todo domingo às 7h, na Capela de Nossa Senhora de Fátima, situada no estacionamento. Caso você se perca pelos imensos corredores do mercado (o que provavelmente vai acontecer), tente localizar o posto de informações turísticas, localizado na entrada principal (Av. Augusto de Lima, 744). Lá você pode pegar um mapa do mercado para se orientar melhor. Vai levar as crianças? O estacionamento também conta com área kids para os pequenos se divertirem.
Criatividade mineira
Não é só na cozinha que “Beagá” se destaca pela criatividade. Por isso, vale a pena fechar o roteiro do dia com uma visita ao Grande Hotel Ronaldo Fraga.
O casarão de 1920 é a residência do estilista mineiro Ronaldo Fraga, onde funciona também uma loja com produtos de sua grife, além de marcas nacionais e internacionais escolhidas a dedo por ele, junto com a esposa, Ivana Neves. Com paredes coloridas e cheio de mobília de antiquário, o casarão rende cliques fotogênicos em diversos cantinhos – até uma ida ao banheiro pode ser instagramável, com os azulejos coloridões estampados pelos designers Virginia Domingos e Rodrigo Baba. Com uma atmosfera aconchegante, o espaço abriga também um café, uma biblioteca, uma barbearia e área para eventos.
A entrada no Grande Hotel Ronaldo Fraga é gratuita (apesar do nome sugestivo, o lugar não recebe hóspedes).
Roteiro em Belo Horizonte: dia 2
O segundo dia em Belo Horizonte não poderia começar sem um café da manhã dos bons. Por isso, a dica é ir até a Casa Bonomi, uma padaria de visual comum, mas de cardápio bem caprichado. Recomendadíssima a panqueca de banana, que parece enorme, mas a massa é tão leve que vai deixar espaço para mais.
Nesse “mais”, encaixe um coddled egg (tipo de ovo cozido) com torradas de brioche ou já emende um sanduíche de salmão defumado e queijo brie no pão preto. Para o almoço, a lula salteada com tomatinhos confit e batatas ou o bife de chorizo com batata ou salada são ótimas pedidas.
Visitando o Conjunto Moderno da Pampulha
Depois de encher o estômago, é hora de fazer o mesmo com os olhos em uma visita ao Conjunto Moderno da Pampulha, cujo projeto arquitetônico é de Oscar Niemeyer. Os traços curvilíneos, tão característicos de seus trabalhos, logo são notados nas ondulações azuis da Igreja de São Francisco de Assis (também conhecida como Igreja da Pampulha), que foi o primeiro projeto de expressão do arquiteto.
Erguida em 1943, a igreja, cujas ondas são uma referência às montanhas de Minas Gerais, é considerada a primeira em estilo moderno no Brasil. Os azulejos azuis e brancos da fachada são obra de Cândido Portinari e retratam cenas da vida de São Francisco. O artista também fez o mural do altar principal e os 14 quadros que retratam a Via Sacra, no interior da igreja.
Por fim, os jardins que a rodeiam são assinados pelo paisagista Roberto Burle Marx, cujos trabalhos também podem ser vistos no Cassino (que hoje é Museu de Arte da Pampulha) e na Casa do Baile. Enfim, depois de admirar todo esse legado de arquitetura e arte deixado por grandes mestres, vá dar uma olhada na paisagem da Lagoa da Pampulha, que fica ainda mais linda com as flores coloridas ao seu redor e as nuvens refletidas na água, formando um cenário que lembra muito uma pintura a óleo.
Casa Kubitschek e mais
Logo ao lado, fica o Museu de Arte da Pampulha (MAP), que começou com a proposta de ser um cassino e hoje conta com um acervo de quase 1.400 obras, especialmente de arte contemporânea. O museu fechou para reforma antes mesmo da pandemia, mas manteve seus jardins abertos para visitação. Aproveite o passeio para visitar também o Museu Casa Kubitschek, projetado por Niemeyer e construído entre 1940 e 1943.
Na época, a casa serviu como residência de fim de semana do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek. Com entrada gratuita, ela mantém todos os móveis e objetos da época, e é possível também ver as fotografias de família e outras recordações que permitem entender um pouco mais da história de quem viveu ali. No jardim, há espaço para fazer piqueniques e admirar a natureza.
A tradicional comida mineira
Depois desse passeio, a pausa para comer pode ser no restaurante Xapuri, um dos mais tradicionais de Belo Horizonte. A comida mineira é o carro-chefe e os pratos são para compartilhar. A moranga recheada com carne seca e requeijão, que acompanha arroz, feijão e couve, é demais.
Experimente também o Jardim de Burle Marx, feito com banana, cebola roxa, taioba, quiabo, batata doce, jiló, moranga, cenoura, brócolis e azeite. Por fim, peça uma dose caprichada da caipirinha de limão, feita com cachaça produzida em Minas. A sobremesa fica por conta de mais de 30 sugestões de doces caseiros.
Quem busca um ambiente mais descontraído e com comidinhas em conta, tem como opção o Mercado da Boca, com seis opções gastronômicas diferentes, entre hamburgueria, churrascaria, doceria e sorveteria.
Ali, o Trips Burger empolga com seu hambúrguer de picanha no pão de gergelim, com queijo canastra, alface, tomate, cebola flambada na cachaça e barbecue de goiaba. Já na sorveteria Mi Garba, por exemplo, o Absurdo (creme com chocolate e caramelo) é um sorvete absurdamente gostoso mesmo, assim como tudo que se prova nessa cidade irresistível.
Mais lugares onde comer
Restaurante Osso
É um lugar para os carnívoros, com receitas elaboradas a partir de cortes nobres da carne. Além disso, a casa oferece massas, hambúrgueres artesanais, ceviches e frutos do mar. R. São Paulo, 1.984, instagram.com/ossobh.
Salumeria
É uma casa especializada em queijos, presuntos e salames. Apesar do sucesso de pratos com carne de porco, o menu também oferece opções para vegetarianos. Há, ainda, grande diversidade de cervejas e vinhos. R. Sapucaí, 527, instagram.com/salumeria.central.
Cervejaria Wäls
O local oferece 21 torneiras de chope, sendo dez delas com cervejas exclusivas, produzidas no próprio espaço. Para comer, há diversas opções de petiscos e pratos autorais, como a costela de boi com purê de batata doce e farofa crocante. R. Gabriela de Melo, 566, wals.com.br/cervejaria.
Onde se hospedar em Belo Horizonte
Holiday Inn Belo Horizonte Savassi – A boa localização e o quarto espaçoso são pontos altos do hotel, que ainda conta com piscina, sauna a vapor, academia e hidromassagem. R. Professor Moraes, 600. Reserve aqui.
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Carnaval em Belo Horizonte
Se você vai a Belo Horizonte na época do carnaval, não podia ter feito melhor escolha. Afinal, a capital mineira tem se despontado nos últimos anos como um dos destinos mais procurados no Brasil para celebrar a folia.
Só em 2020 foram mais de 500 desfiles de blocos de rua e, de acordo com o presidente da Belotur, Gilberto Castro, é um dos carnavais mais seguros do país, considerando que não houve nenhuma ocorrência séria registrada pelos profissionais de segurança que atuaram durante a folia deste ano. Então, pode ir sem medo.
Para refrescar o calor, aposte nas famosas bebidas mineiras que não saem das mãos dos foliões: o Catuçaí, feito com catuaba e açaí (é bem refrescante), o Gin Gibre, feito com gin, limão e gengibre, e o Xeque-Mate, feito com chá-mate-rum, guaraná e limão.
Outro destaque do carnaval mineiro fica por conta do Concurso de Marchinhas do Mestre Jonas, no qual 10 marchinhas e 3 hits são classificados para a grande finalíssima, cuja música vencedora é votada pelo público no momento das apresentações. A qualidade das composições impressiona e a criatividade das letras – assim como das fantasias – faz o público muitas vezes cair na risada.
É aquele carnaval com ‘ar retrô’, que transporta os foliões a uma atmosfera encontrada nos antigos carnavais dos anos 1920 a 1960. Para participar, é preciso desembolsar um valor médio de R$ 35 no ingresso.
Viagem feita a convite da Belotur (Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte)