A cidade arquitetada para a política é terreno fértil para manifestações culturais e sociais desafiadoras da norma. Da rebeldia punk dos anos 1980 à batida militante da música go-go e à arte urbana estampada nas paredes, protestos artísticos fizeram (e ainda fazem) a capital americana sair do compasso oficial. Apresentamos um outro olhar de uma metrópole que resiste com ritmo, cores e voz

Destinos políticos são palcos perfeitos para a rebeldia criativa. E em Washington D.C., nos Estados Unidos, um dos maiores centros de poder do mundo, esse cenário ganha proporções ainda mais expressivas. A capital americana respira política os 365 dias do ano, terno e gravata são o seu dress code, e os bastidores do mundo se desenrolam em telefonemas cifrados e apertos de mão discretos em salões históricos. E, honestamente, não teria nem como ser diferente. Aqui, o futuro de nações é debatido entre as paredes do Capitólio, leis nascem (ou morrem) na Casa Branca, decisões sigilosas circulam pelos corredores da CIA e do FBI, estratégias militares ganham forma no Pentágono e líderes mundiais batem ponto em mais de 175 embaixadas.
Mas, sob essa superfície diplomática e institucional, também pulsa uma cidade que resiste. A própria história de Washington D.C. tem sido escrita com capítulos notáveis de manifestações culturais que nasceram da insatisfação, da exclusão e da necessidade urgente de ocupar espaço. Dos tantos movimentos que ressoam fora dos gabinetes de comando, três em especial ajudaram a moldar uma cidade contestadora e revolucionária: o punk dos anos 1980, a go-go music e a arte urbana que colore os muros com provocações visuais ousadas.
Enquanto o punk transformava letras ásperas em protestos contra o conservadorismo da era Reagan, a go-go – subgênero do funk genuinamente criado em D.C. – fazia da batida contagiante o pano de fundo de uma identidade negra resistente e orgulhosa. E tudo isso segue impresso nas ruas, em murais que narram lutas por justiça, visibilidade e equidade. A cidade pode até viver da política, mas é na arte que mora sua alma mais autêntica.

Rebeldia punk

Poucos lugares no mundo traduzem tão bem a dicotomia entre o discurso diplomático e a ação contestadora quanto Washington D.C. – e nos anos 1980, foi o punk que deu forma e volume à insatisfação em uma das resistências mais “barulhentas” contra o conservadorismo da era Reagan. O embate entre autoridade e oposição artística escancarava ao mundo o cenário sem grandes esperanças para uma juventude descontente, inquieta e indomável. E foi justamente a proximidade com o poder político que fez bandas como Bad Brains, Fugazi, Minor Threat e Government Issue canalizarem o descontentamento de uma geração inteira ao transformar porões, garagens, bares e casas noturnas em trincheiras sonoras contra o sistema.
O punk de Washington D.C. nos anos 1980 tinha características muito próprias e apostava fortemente na cultura independente. O movimento abraçava o espírito DIY (do inglês, Do It Yourself), como uma escolha ideológica e consciente de ficar fora da lógica comercial da indústria fonográfica tradicional. As bandas criavam seus selos – caso da Dischord Records, fundada por Ian MacKaye e Jeff Nelson, membros do Minor Threat, que até hoje é referência global na distribuição musical independente – e os shows eram organizados de forma direta, com ingressos a preços acessíveis, sem patrocínio nem intermediários.
Entre os ideais mais surpreendentes do movimento estava a filosofia straight edge, popularizada justamente pela Minor Threat, uma das bandas mais influentes da cena hardcore local (ou harDCore, como ficou conhecida em D.C.). A proposta era clara: evitar álcool e drogas como forma de resistência cultural – uma ruptura explícita com os excessos das gerações anteriores, especialmente os hippies das décadas de 1960 e 70.
Outra ideia improvável para um movimento “sem leis” era a defesa de causas sociais – bandeira levantada por várias bandas. A Fugazi foi uma delas: com quase duas décadas nos palcos, realizou mais de 80 shows beneficentes, a maioria em Washington D.C., para apoiar organizações comunitárias, centros de apoio a sem-teto, iniciativas educacionais e projetos de justiça social.
Endereços simbólicos dessa era punk ainda existem – alguns fiéis à proposta revolucionária, e outros que, com o tempo, abraçaram novos estilos musicais. O célebre 9:30 Club foi o epicentro do punk e hardcore quando funcionava no edifício Atlantic e recebia, sem filtro, as bandas Minor Threat, Black Flag, Bad Brains e Scream. O clube mudou de endereço, mas continua ativo e é referência para shows alternativos e para quem deseja sentir a pulsação pesada do punk local.
Embora fundado em 1993, o Black Cat, situado no U Street Corridor, é herdeiro direto da filosofia punk de D.C., especialmente porque um de seus donos é o Ian MacKaye, aquele mesmo criador da Dischord Records e ex-integrante das bandas Fugazi e Minor Threat. A programação com música independente segue firme até hoje, combinada a uma lista extensa de nomes consagrados do rock alternativo e do pop experimental, como Foo Fighters, The Killers, Radiohead, Bad Religion e Billie Eilish.

Da mesma época, o Madam’s Organ, no Adams Morgan – bairro icônico na cena alternativa dos anos 1980 –, tem raízes na cultura underground, apesar de atualmente ser mais conhecido por suas noites de blues e bluegrass. O espírito rebelde desse bar, restaurante e nightclub, no entanto, não se perdeu com o tempo. Ele segue vivo em detalhes como seu slogan provocador – “onde as pessoas bonitas vão para ficar feias” – e no mural de mais de 10 metros de altura na fachada: a imagem ousada de uma mulher ruiva com generosos quatro metros de seios.
Até mesmo lugares improváveis da capital americana se transformaram em palco para os acordes dissonantes das guitarras punk. O Wilson Center, por exemplo – instalado no subsolo de uma igreja presbiteriana – foi cenário de shows históricos das bandas Bad Brains e Fugazi. Hoje, o espaço abriga uma escola, mas ainda é lembrado como um marco no circuito punk de D.C., assim como o Lansburgh Cultural Center (renomeado Lansburgh Theatre), que entrou para a história ao sediar o último show do Minor Threat, em 1983.
Outro tesouro remanescente do movimento punk é a Smash Records, uma loja de discos em Adams Morgan que, desde 1984, vende vinis, CDs, livros, fanzines, camisetas, sapatos, memorabilia e até skateboards com forte identidade punk e alternativa. É o tipo de lugar onde você entra para “só dar uma olhadinha” e sai carregando um vinil raro, uma camiseta dos Ramones e a vontade enorme de montar uma banda na garagem.

Funk de protesto

Antes do movimento punk, outro estilo musical já nascia em Washington D.C. para dar ritmo à resistência. A go-go music, gênero da família do funk criado por músicos afro-americanos da cidade, tornou-se mais uma forma de protestar longe dos palanques e microfones oficiais. Com batidas marcadas por bumbo, caixa, chimbau e congas, combinadas a instrumentos de sopro e teclados que fazem a música “não parar” – daí o nome –, e com muitas interações ao vivo com o público (o chamado call and response), o estilo virou uma experiência coletiva de afirmação cultural e pertencimento.
Apesar da popularidade limitada fora da região metropolitana, a go-go conquistou status de símbolo local — tanto que, em 2020, foi nomeada a música oficial de Washington D.C. após votação unânime do D.C. Council.
O artista Chuck Brown, conhecido como o “padrinho da go-go”, foi o responsável por moldar e democratizar o ritmo nas pistas de dança de Washington D.C. a partir da década de 1970. A sua relevância para o gênero é tamanha que ele ganhou um memorial e parque com palco para shows comunitários com seu apelido – o Chuck Brown Memorial Park –, e até uma rua batizada em sua homenagem – a Chuck Brown Way.
Ao lado de sua banda, The Soul Searchers, Chuck Brown misturou funk, jazz, blues e ritmos caribenhos para criar um som inconfundível e contagiante. Junto a ele, grupos como Rare Essence, The Young Senators, Experience Unlimited (EU), Trouble Funk, Black Heat e Junk Yard Band ajudaram a lotar casas de show com performances explosivas e letras que falavam diretamente das ruas, com temas como racismo, desigualdade, orgulho negro e resistência urbana.
Mais de 50 anos depois, a música go-go continua firme como uma das vozes mais autênticas da população afro-americana em Washington D.C., como em 2019 e 2020, quando voltou com força total ao centro dos protestos sociais em dois grandes movimentos.
O Não Cale D.C. (Don’t Mute D.C.) surgiu como reação à tentativa de silenciar uma loja de celulares no bairro Shaw que costumava tocar go-go nas caixas de som da calçada – algo que fazia parte do cotidiano local há décadas. O pedido de silêncio, feito por novos moradores incomodados com o volume, foi o empurrão para uma série de protestos contra a gentrifcação e o racismo, que tomaram as ruas embalados pela go-go.
Na mesma época, os atos do Black Lives Matter também encontraram no gênero uma trilha sonora de resistência. Caminhões com equipamentos de som e bandas ao vivo, tocando go-go, transformaram as manifestações em protestos com alta carga emocional – que inclusive espalharam-se para outras partes do país.
Ainda tão atual no cotidiano de Washington D.C., fica fácil explorar o passado e o presente desse gênero musical genuinamente ativista, especialmente porque a cidade acaba de ganhar uma atração inteiramente dedicada ao estilo, o Go-Go Museum and Café. Inaugurado em fevereiro deste ano no bairro de Anacostia, e com entrada gratuita, o espaço é, sem dúvida, o melhor lugar para conhecer a fundo as raízes, a história e o impacto cultural da música go-go.

A escolha por Anacostia para abrigar o museu, aliás, não poderia ser mais justa. A região é o coração da comunidade negra de D.C., foi palco dos primeiros shows da Junk Yard Band e continua sendo um dos redutos mais autênticos da go-go – onde o ritmo nasceu, cresceu e ainda pulsa.
A visita ao Go-Go Museum é, ao mesmo tempo, um passeio informativo e divertido, com exposições interativas que envolvem o visitante do início ao fim. Entre os destaques está a sessão para uma conversa virtual com as lendas da go-go Chuck Brown e Sugar Bear, recriados por tecnologia de inteligência artificial.


Uma linha do tempo na parede, sensível ao toque, percorre os marcos históricos do gênero, enquanto estações fotográficas recriam cenários icônicos da go-go e permitem tirar uma foto, estampar em uma camiseta e levar para casa como recordação. Também muito popular, um mural virtual incentiva a criar arte digital em estilo grafite com uso simulado de tinta spray. Uma das atrações mais dinâmicas, no entanto, é o estúdio de gravação para explorar as batidas da go-go, testar sons e até se arriscar a gravar uma faixa própria. Para deixar a experiência bem original, o museu ainda promove apresentações ao vivo de bandas de go-go e tem um food truck que serve pratos inspirados nas influências culturais do gênero.
Outro endereço expressivo para entender a influência da go-go na capital americana é a DC Public Library. A biblioteca tem um arquivo físico e digital robusto – o Go-Go Archive – com livros, revistas, documentos, discos de vinil, fitas cassete, DVDs e uma coletânea de mais de 10 mil tweets relacionados ao movimento Don’t Mute D.C. Em 2021, o acervo ganhou o reforço de quase duas mil imagens históricas de Chip Py, fotógrafo oficial de Chuck Brown nos últimos anos de sua vida. As fotos documentam apresentações de nomes icônicos da cena go-go, como Rare Essence, Backyard Band, Familiar Faces, Suttle Thoughts, Be’la Dona e Da Mixx Band, além de registros do próprio Chuck Brown em ação.
A go-go também marca presença – embora de forma mais compacta – nas exposições permanentes do Smithsonian National Museum of African American History and Culture, no National Mall. O museu dedica parte de sua exibição musical à go-go, contextualizando o gênero dentro da trajetória da música negra americana e seu papel como símbolo de identidade, orgulho e resistência em D.C. Entre os objetos exibidos, estão figurinos de artistas, instrumentos e fotos históricas de artistas e shows.

Ao lado de Anacostia, a U Street Corridor é mais um território simbólico para reviver a história da go-go music. A região, apelidada de Black Broadway, é o berço da cultura negra e da música afro-americana em D.C. e, por isso, concentra muitos dos bares e casas de shows que, por décadas, foram palco de apresentações de ícones do gênero.
Um desses endereços era o Club U: embora não exista mais, o clube ficava em um edifício multifuncional, onde, durante o dia, operavam escritórios administrativos, e à noite, a boate go-go badaladíssima. Apesar da popularidade, o local acabou sendo fechado após diversas queixas de moradores da vizinhança – algo recorrente na história da go-go.
Diferentemente do caso do Howard Theatre, no bairro Shaw, um ponto de encontro frequente dos entusiastas do ritmo nas décadas de 1980 e 1990. Ainda em atividade, o teatro – que já recebeu lendas como Duke Ellington e Marvin Gaye – não tem mais a mesma frequência de shows de go-go como antigamente, mas volta e meia dedica noites ao estilo que ajudou a definir a identidade musical da capital.
Para pistas de dança mais animadas, a Echostage e a The Fillmore Silver Spring mantêm em sua programação eventos especiais com shows ao vivo de bandas de go-go – prova de que o ritmo segue vivo, apenas se adaptando às novas gerações, sem perder suas raízes.
Arte resistente

Tanto tempo depois, esse espírito inconformado do funk e da go-go music não desapareceu de Washington D.C. – apenas mudou de formato. Em vez de guitarras, percussão e microfones, a rebeldia agora se espalha com a tinta dos sprays e as cores vivas de muros inteiros, becos grafitados e painéis provocativos. É só andar com os olhos atentos para perceber que a arte urbana na capital americana se tornou uma forma de resistência visual ao contar histórias de movimentos sociais e de orgulho cultural. Percorrer a street art de D.C. pode até não figurar nos roteiros oficiais de quem visita a cidade, mas é um jeito autêntico de entender sua alma política e revolucionária.
Endereços para apreciar a imaginação inventiva de artistas contestadores não faltam, especialmente no U Street Corridor, área com passado marcado pela luta pelos direitos civis. Hoje, é um lugar dinâmico e eclético, tomado por restaurantes e bares cult, cafés descolados, clubes de jazz e música ao vivo, além de uma forte presença da comunidade LGBTQIA+ — ou seja, cenário perfeito para expressões artísticas com identidade.
Aqui, o mural do restaurante Ben’s Chili Bowl impressiona pelo tamanho e pelas cores vibrantes ao homenagear celebridades negras americanas com vínculos históricos e culturais com Washington D.C., desde comediantes, atores e cantores como Dave Chappelle, Taraji P. Henson e Prince, até abolicionistas e figuras políticas, entre eles, Harriet Tubman, Barack Obama e Michelle Obama. O próprio restaurante é um ícone da cidade – não só por servir a famosa linguiça defumada de D.C., mas por já ter recebido nomes como Ella Fitzgerald e, inclusive, Barack Obama. Durante os protestos de 1968, deflagrados após o assassinato de Martin Luther King Jr., o Ben’s foi o único estabelecimento autorizado a permanecer aberto no toque de recolher, servindo comida tanto a manifestantes quanto a policiais.
No U Street Corridor estão, ainda, obras emblemáticas como The Resurrection, do renomado artista local Aniekan Udofia, que retrata lendas da música como Miles Davis, Duke Ellington, John Coltrane e Billie Holiday. Já o mural Lee’s Legacy, pintado por Kaliq Crosby, celebra a história da floricultura Lee – um marco na vizinhança – ao homenagear o negócio pertencente a empreendedores negros.
Aclamado contribuidor da street art em D.C., Kaliq Crosby também assina, no Shaw, o mural Go-Go City, uma reverência à cultura da go-go music e ao seu papel no ativismo comunitário. O painel presta tributo à Junk Yard Band, aos The Soul Searchers e a outros grupos lendários que ajudaram a popularizar o estilo nos anos 1970. O músico Marvin Gaye, nascido na capital americana, também ganhou a sua arte própria, no mesmo bairro, pelas mãos talentosas e pela criatividade ilimitada de Aniekan Udofia.
Chuck Brown e sua música go-go integram essa lista seleta de homenageados nas paredes de D.C. Há vários murais dedicados a ele, estampando o seu retrato em artes vibrantes e descontraídas, como em Anacostia e Columbia Heights. E, como não poderia deixar de ser, todos são uma oposição estética ao racismo e à marginalização cultural – em defesa dos afro-americanos e do ritmo nascido em Washington D.C.

Ward 8 é região outra lotadinha de arte urbana. Entre as tantas pinturas que cobrem suas paredes, a mais famosa é a obra comemorativa do centenário do sufrágio feminino, que reconhece as desigualdades raciais nos direitos de voto. A peça é formada por três painéis, criados por três artistas negras, e converteu-se em símbolo da luta pela equidade de gênero.
Igualmente inspirada por questões históricas de justiça social, a instalação Voice of Change, no Mount Vernon Triangle, estampa os rostos de Kamala Harris e Martin Luther King Jr. e da prefeita de Washington D.C., Muriel Bowser, em cinco murais de autoria dos artistas locais Shawn Perkins, Levi Robinson e Dez Zambrano.
Até mesmo uma igreja de 1886 não escapou dos pincéis inquietos dos artistas. A antiga Igreja Batista da Amizade, uma das congregações afro-americanas mais antigas de Southwest Waterfront, foi transformada em um centro comunitário de artes e cultura representativa. Tanto a sua fachada quanto seu interior ganharam cores intensas sob a intervenção ousada do artista Hense.


A oferta de muros pintados, entretanto, não acaba por aqui. Há dezenas de outros trabalhos incríveis espalhados por becos, avenidas, paredes de prédios e espaços públicos à espera de quem se aventura a descobrir D.C. com os olhos voltados para além dos monumentos.
Boa parte dessas obras nasce de iniciativas culturais e festivais pensados para dar voz às minorias. O DC Walls Festival (anteriormente conhecido como Pow! Wow! DC Murals), por exemplo, realizado no bairro de NoMa, entre setembro e outubro, é um dos principais eventos de arte urbana da cidade. A cada edição, ele transforma fachadas em telas de protesto e expressão criativa – muitas com forte carga política, como o mural do artista Madsteez retratando o ex-presidente George Washington. Com proposta semelhante, o NoMa in Color Mural Festival – que já tem data marcada para a edição de 2025: 8 a 18 de setembro – também segue promovendo arte acessível e engajada nas ruas da capital. Comemorando seu décimo aniversário este ano, o evento deu uma mãozinha importante na criação dos 75 murais existentes no bairro, distribuídos ao longo de 35 quarteirões, entre bares e restaurantes badalados.
Ainda na mesma linha, o WPA Mural, no bairro Adams Morgan, tem viabilizado a criação de diversos murais em becos e paredes da região – muitos deles com mensagens de inclusão, resistência e valorização da cultura de rua, em sintonia com o espírito provocador da região – e, essencialmente, como manda a tradição contestadora da capital.