A rotina começa cedo. Às 5h30, as voadeiras começam a riscar as águas calmas do Rio Cuiabá, em direção ao Parque Estadual Encontro das Águas, a cem quilômetros de Cuiabá, no Mato Grosso. Localizado na região da cidade de Poconé, o parque é considerado pelos guias como o melhor local para observação de onças.
Nessa área de mais de 100 mil hectares, no Pantanal Norte, o encontro de seis rios dá origem a uma sequência de curvas sinuosas pelas florestas. Os olhos de guias experientes correm atentos pela vegetação e não se enganam com ilusões de ótica que a mata fechada costuma causar.
As saídas para observação de animais duram uma manhã inteira e os guias não se contentam até terem avistado uma dezena de animais diferentes. E por ali tem de tudo: capivara, jacaré, ariranha, cobra, tuiuiú, garça, gavião e, claro, a anfitriã mais aguardada da temporada: a onça.
Avistar esse animal solitário não é garantido, e basta um deslocamento mais lento do barco para fotógrafos frustrados verem apenas manchas negras se fundirem na vegetação antes de desaparecerem de vez. Em alguns casos, só se vê o rabo erguido como uma antena entre a mata mais alta, mas sempre dá para ser surpreendido por um felino sobre um barranco, à espreita na margem do rio ou nadando entre barcos lotados de estrangeiros.
Guias locais contam que, na última temporada de observação de onças, chegaram a avistar sete a poucos metros de distância, na região de Porto Jofre, localidade a 140 quilômetros de Poconé. “Não tenho ideia de quantas têm aqui, só sei que são muitas”, arrisca Jamil Rodrigues da Costa, proprietário da fazenda que foi convertida no Hotel Pantanal Norte.
E os guias fazem de tudo para você voltar para casa com algumas dezenas de fotos do maior felino do continente americano, desde que sejam respeitadas a ordem de chegada dos barcos e a distância mínima de 20 metros do animal. De resto, é desligar os motores, manter silêncio e deixar a natureza fazer a sua parte.
Em que época ir ao Pantanal
Se o objetivo principal for buscar onças, evite a época de cheia no Pantanal, quando os animais se refugiam floresta adentro. Elas costumam dar as caras entre junho e outubro. Assim, para aproveitar melhor a experiência na maior área inundável do mundo, é preciso entender o calendário.
A primavera traz novos tons ao Pantanal e o início da temporada de acasalamento; com as chuvas de verão, a região se alaga e os animais buscam refúgio em setores mais elevados e, a partir do outono, os bichos retornam, o céu fica mais claro e a estação chuvosa dá uma trégua.
Mas é no período de seca, entre julho e novembro, quando o volume das águas é mais baixo, que o visitante desembarca em uma espécie de zoológico sem grades, quando a bicharada se concentra na beira de estradas e nas margens de rios em busca de água e presas.
Ganham os predadores e as centenas de fotógrafos (amadores ou profissionais) que lotam esse Patrimônio Natural da Humanidade com mais de mil espécies de animais. E nem precisa estar dentro daqueles documentários de alta definição sobre vida selvagem. A fauna pantaneira se exibe ali mesmo, em frente a visitantes pasmados, munidos com teleobjetivas potentes.
Onde dormir no Pantanal
Os safáris são oferecidos por hotéis que costumam ficar isolados na beira de rios e com estrutura de pensão completa. Afinal de contas, a natureza não tem hora para aparecer e os dispensáveis bate-voltas de cidades próximas não têm vez por ali. Quem chega ao Pantanal deve ir sem pressa e com pelo menos quatro dias livres.
Dos 28 quartos do Hotel Pantanal Norte, dezoito estão voltados para o rio. A propriedade conta também com piscina, pista de pouso e embarcações para passeios fluviais e observação de fauna, com lunch box para quem não pretende voltar antes do jantar.
A fazenda de Jamil pertence à quinta geração da família e viu, nas últimas décadas, a caça sem controle de onças ser substituída pelo turismo consciente. “Na época, ganhava-se dinheiro com o gado, por isso a matança era liberada. Hoje, ganhamos dinheiro preservando”, explica Jamil.
As velhas espingardas agora dão lugar a câmeras. Só para ter ideia do potencial cênico e da fama do Pantanal, 90% dos hóspedes desse estabelecimento são americanos e europeus, sobretudo durante a temporada de pesca, que vai de março a maio.
Quando a família abriu as portas de casa para hospedar forasteiros, o único meio de comunicação com Cuiabá era por rios, em uma viagem que levava dez horas até o Pantanal. Atualmente, gasta-se pouco mais de uma hora e meia (ou mais, de acordo com a disponibilidade do viajante em fazer paradas em uma das estradas mais cenográficas do Brasil).
Outra hospedagem na região é a Pousada Rio Claro, que se destaca no roteiro por estar em área com menos frequência de turistas e com atrações mais exclusivas, como o cenográfico Rio Claro, curso d’água que passa por pequenos bancos de areia e barrancos que servem de habitat para animais como capivaras e jacarés.
Passeios no Pantanal
No mundo do turismo pantaneiro tem todo tipo de viagem. Para mochileiros, aventureiros, pescadores, para quem vai de pacote… Não é raro ver grupos inteiros de visitantes com roteiros que têm um único objetivo: ver as onças pintadas do Pantanal. Agências como a Gondwana Brasil, especializada em expedições temáticas, oferece vivência fotográfica, como aconteceu no último mês de novembro, com o fotógrafo Zig Koch. Durante quase uma semana, Zig e fotógrafos amadores foram acompanhados por guias especializados na busca pelos felinos. “A fotografia no Pantanal é favorecida pela fauna fácil de ser observada, floresta aberta e variedade de roteiros como a Transpantaneira, trilhas e passeios de barcos”, descreve o fotógrafo.
Distante do Parque Estadual Encontro das Águas, a região tem voltado a receber onças. A agilidade dos funcionários da pousada permite organizar, em poucos minutos, saídas para ver os felinos assim que aparecem. As excursões guiadas em pequenos barcos duram duas horas e seguem por quase nove quilômetros rio abaixo. Em terra firme, é possível também realizar trilhas a partir da sede do hotel.
As caminhadas vão de 485 metros de extensão até a Transpantaneira (Trilha da Figueira) até 2,2 quilômetros (Trilha do Acurí), ao longo da Lagoa do Pepê.
Com início em Poconé, considerado o portal do pantanal mato-grossense, a estrada Transpantaneira (MT-060) tem 140 quilômetros de extensão e liga esse município à localidade de Porto Jofre.
A obra conta com 123 pontes – a maioria feita com madeira – erguidas sobre áreas alagadas, com grande concentração de animais. Única em seu gênero em todo o mundo, a Transpantaneira é o primeiro contato autêntico que o visitante tem com o Pantanal, onde é possível ver, ainda de dentro do carro, animais como tuiuiús, capivaras, veados e jacarés, que buscam água e alimento na margem da estrada durante a temporada seca.
Com acesso às principais pousadas e hotéis do destino, a estrada só deve ser usada durante os meses sem chuva e, de preferência, a bordo de carros equipados com tração nas rodas. Seja qual for a sua programação naquele território plano, essa estrada de terra batida já vale como uma das mais impressionantes experiências pantaneiras.
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