A maior procissão católica do mundo, o Círio de Nazaré acontece desde 1793 na capital paraense e atrai anualmente mais de 2 milhões de devotos de diversos países

O Círio de Nazaré é a maior manifestação católica do Brasil, celebrada anualmente no segundo domingo de outubro pelas ruas de Belém, capital do Pará, há mais de 200 anos. A festa reúne mais de dois milhões de pessoas de todos os lugares do mundo para participar da tradicional procissão religiosa da Amazônia.
Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pelo Iphan e declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, o evento consolida a fé dos católicos paraenses e atrai turistas interessados em vivenciar uma das maiores manifestações religiosas do planeta.
O nome “Círio” vem de Portugal, onde os “círios” eram as velas de cera carregadas pelos romeiros nas romarias.
Origem da devoção na Amazônia

A colonização portuguesa trouxe a devoção a Nossa Senhora de Nazaré para Belém em 1616, com a construção do Forte do Presépio. Registros históricos de 1653 já documentavam uma comunidade jesuíta no Pará dedicada à santa na localidade de Vigia.
A história da devoção na Amazônia começou em 1700, quando o caboclo Plácido José de Souza encontrou a imagem de Nossa Senhora de Nazaré nas margens de um igarapé, a cerca de três quilômetros de onde morava. No dia seguinte ao achado, a imagem desapareceu de sua casa e reapareceu no mesmo local onde havia sido encontrada. Este acontecimento deu início à devoção na região.
Em Belém, Dom Frei João Evangelista foi o primeiro bispo a documentar, em manuscrito do Convento de Santo Antônio dos Capuchos em Portugal, sua conversa com Plácido José de Souza sobre o descobrimento da imagem original em 1700. O prelado, quinto bispo do Pará entre 1772 e 1782, pertenceu à Terceira Ordem Regular de São Francisco e visitou a ermida de Plácido logo após sua chegada.
Primeiro Círio marcou história em 1793

Francisco de Souza Coutinho, então capitão geral do Rio Negro e Grão-Pará, visitou o arraial em outubro de 1792. Impressionado com a mobilização dos devotos, decidiu dar maior importância ao local e atrair atenção provincial para Belém.
O capitão planejou organizar uma grande feira com produtos agrícolas das várias regiões da Capitania. Cada vila ou cidade contribuiria com exposições, havendo transporte gratuito até Belém. Alguns navios trariam inclusive indígenas de várias etnias.
Após três meses de intensa preparação, no final de junho o capitão adoeceu. Prometeu que se ficasse curado mandaria buscar a imagem ao Palácio, celebraria missa na capela e levaria a imagem em palanquim até a ermida, acompanhada pelo povo. A primeira grande procissão aconteceu em 8 de setembro de 1793.
Elementos icônicos da procissão

Em 1855, uma enchente na Baía do Guajará alagou completamente a orla próxima ao Ver o Peso. Isso fez com que a berlinda ficasse atolada e os cavalos não conseguissem puxá-la. Um comerciante local emprestou uma corda para que fiéis puxassem a berlinda.
A corda foi utilizada ocasionalmente para vencer obstáculos até ser oficialmente introduzida em 1868. Atualmente é um dos maiores ícones da festa. Aos promesseiros, a corda representa o cordão umbilical ligando a mãe aos filhos. Confeccionada em sisal torcido, possui duas polegadas de diâmetro e 400 metros de comprimento para cada romaria.
A berlinda começou a ser utilizada no Círio a partir de 1882. Até então a imagem era conduzida no colo pelo capelão do Palácio do Governo em palanquim. A berlinda atual é a quinta da história, confeccionada em 1964 pelo escultor João Pinto em estilo barroco e cedro vermelho. Fica exposta na Estação Padre Luciano Brambilla.
Manto sagrado renovado anualmente

Tradicionalmente, na quinta-feira que antecede o domingo do Círio, as luzes da Basílica Santuário são desligadas para apresentar o novo manto. Com conotação mística, o manto retrata a mensagem anual da igreja em obra de arte transmitida ao vivo pela televisão.
A cada ano, o novo manto renova o interesse de aproximar-se de Nossa Senhora. Os devotos orgulham-se de fotografar o manto de perto e compartilham selfies ao lado do novo manto com familiares e amigos.
Imagem Peregrina moderniza tradição

Em 1968, atendendo pedidos dos fiéis, o então Pároco de Nazaré Padre Miguel Giambelli encomendou réplica da imagem ao escultor italiano Giacomo Mussner. Maria teria rosto das mulheres amazônicas e o Menino Jesus aparência de criança indígena, com medidas exatas da imagem original.
Como participar da procissão

Para participar do Círio de Nazaré, os fiéis podem se juntar à multidão que acompanha a procissão pelas ruas de Belém no segundo domingo de outubro. A participação é gratuita e aberta ao público, sendo recomendado chegar cedo para garantir um bom posicionamento ao longo do percurso. Muitos devotos optam por segurar a corda que puxa a berlinda, experiência que exige força e disposição devido à grande quantidade de pessoas.
Para quem prefere assistir com mais conforto o Círio de Nazaré, a Diretoria da Festa organiza arquibancadas e camarotes ao longo ao longo da Avenida Presidente Vargas, que devem ser adquiridos com antecedência através do site oficial ou pontos de venda autorizados. Os ingressos para esses espaços costumam esgotar rapidamente, especialmente nos trechos mais tradicionais da procissão.
É importante usar roupas leves e confortáveis, levar água e protetor solar, pois a caminhada acontece durante o dia sob o sol amazônico. O trajeto do Círio de Nazaré oficial tem aproximadamente 3,6 km e dura cerca de cinco horas.
Museu Memória de Nazaré

O Museu Memória de Nazaré funciona nas dependências da Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré e apresenta aos visitantes os principais personagens, histórias e lendas relacionadas à origem da devoção mariana na Amazônia. O espaço busca estimular o conhecimento histórico dos eventos herdados de Portugal e da Terra Santa como raízes da identidade paraense.
A visitação ocorre de segunda a sexta-feira das 9h às 13h e das 14h às 18h, aos sábados das 8h às 12h. A entrada custa R$ 10 e meia-entrada R$ 5. Às terças-feiras funciona o Projeto Memória Cultural com visitação gratuita. O museu também oferece visitas guiadas nos turnos da manhã (10h e 11h) e tarde (15h e 16h), de segunda a sexta-feira.
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