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Conheça a Fazenda Areia que Canta, em Brotas

Confira as atrações desse hotel de natureza onde a água brota e a areia canta, no interior de São Paulo

Passarelas suspensas levam à misteriosa nascente Areia que Canta
Nascente Areia que Canta fascina os visitantes com suas águas cristalinas e areias sonoras. Foto: Divulgação

Foi no início dos anos 2000 que visitei Brotas pela primeira vez. Na época, a cidade do interior paulista, localizada a cerca de 250 km da capital, começava a apostar no turismo ecológico e de aventura como alternativa econômica à indústria, que poderia poluir o principal rio que corta a cidade, o Jacaré-Pepira, um dos poucos com água ainda límpida no Estado de São Paulo.

Fiz rafting em suas corredeiras, canyoning em cachoeiras, mas nenhum lugar me fascinou tanto quanto a nascente Areia que Canta, uma mina escondida na vegetação, onde a água brota das profundezas da terra com força suficiente para ninguém afundar – como nos famosos fervedouros do Jalapão –, e a areia, misturada a minúsculos grãos de quartzo caprichosamente polidos pelo curso das águas, canta (e encanta!) quando friccionada, emitindo som semelhante ao de uma cuíca.

Depois de mergulhar nas águas cristalinas daquele ambiente mágico por natureza, saboreei um delicioso café preparado pela simpática dona Andrelina, matriarca da família Farsoni, proprietária da fazenda, e fui embora com vontade de retornar um dia para pernoitar ali.

Desde 1994, os Farsoni abriam suas porteiras para receber turistas, mas ainda não tinham estrutura para hospedagem naquela época.

Passadas mais de duas décadas desde aquela minha primeira visita, muita água rolou.

Convidada para o lançamento do livro comemorativo de 30 anos de abertura da fazenda ao turismo, escrito pelo jornalista Carlos Minuano (autor das biografias de Clodovil e Raul Seixas, publicadas pela Editora BestSeller), fiquei surpresa ao me deparar com um hotel completo, com 82 acomodações, estrutura de lazer que não deixa nada a dever aos resorts e gastronomia de primeira.

Vista aérea da Fazenda Areia que Canta
Com 300 hectares, a fazenda se transformou em um hotel completo, com 82 acomodações, lazer completo e excelente gastronomia. Foto: Divulgação

Isso sem falar no caloroso acolhimento dos proprietários. Gentis e espontaneamente hospitaleiros, dona Andrelina e seus filhos (Eloisa, Evandro e Eneida) fazem qualquer um se sentir no sítio de um parente do interior.

Não à toa, o hotel coleciona habitués, incluindo filhos ilustres da cidade, como o cantor Daniel, que até redigiu um capítulo do livro narrando suas experiências com a família ali. “O Areia que Canta faz parte da minha memória afetiva (…) O local em si, a energia, me toca profundamente, e isso me faz ter um elo muito forte com esse lugar tão especial”, escreveu o músico.

Confira a seguir as principais atrações do hotel e deixe-se encantar também por esse refúgio de natureza onde as águas brotam e as areias cantam.

Como chegar

O Hotel Fazenda Areia que Canta fica em Brotas, no interior de São Paulo, a cerca de 250 km da capital paulista.

O trajeto de carro leva, aproximadamente, três horas e meia, com acesso pela Rodovia dos Bandeirantes (SP-348). Endereço: Km 124,5 da Rodovia Engenheiro Paulo Nilo Romano.

Circuitos turísticos

Dois passeios permitem ter uma noção geral dos principais atrativos do hotel: o Circuito Fazendinha, com pomar, tirolesas e trilhas para caminhada, e o Circuito das Águas, que dá acesso à famosa nascente Areia que Canta e ao rio Tamanduá, com corredeiras, trilhas, “prainha” para banho e uma hidromassagem natural que faz qualquer um retornar revigorado da caminhada, em completa conexão com a natureza.

Circuito Fazendinha
No Circuito Fazendinha, adultos e crianças podem alimentar cabras e aprender curiosidades sobre a vida rural. Foto: Divulgação

O Circuito Fazendinha é perfeito para famílias com crianças, que podem alimentar cabritos, acariciar ovelhas, ver vacas e aprender um pouco sobre as curiosidades da vida rural.

O percurso é autoguiado e cada um pode fazer no seu tempo. Além da área dos animais, o trajeto contempla uma área de pesca esportiva (pesque e solte), ponte suspensa, piscina natural, minitirolesa, parquinho infantil e um redário sombreado excelente para ler um livro ou curtir o pôr do sol no mais absoluto relax.

Durante a caminhada, aproveite para visitar o Museu Casa da Fazenda, com utensílios e pertences de época que retratam o modo de vida do imigrante italiano e do caipira do interior de São Paulo.

Por fim, não deixe de visitar o pomar e a horta, onde a dona Andrelina costuma receber os visitantes com receitinhas preparadas na hora à base de verduras, frutas e legumes recém-colhidos e, claro, um bom dedo de prosa.

Dá vontade de passar horas ali, só ouvindo as histórias da matriarca da família, que acolhe a todos sempre com muito carinho e simpatia.

Quando estive lá, ela falou das plantas, refogou no azeite um repolho que havia acabado de colher e ainda me deu sementes para eu plantar em casa.

Horta da Fazenda Areia que Canta
Verduras e legumes fresquinhos saem da horta orgânica direto para a cozinha do restaurante. Foto: Heloísa Cestari

Opções de lazer

Outra atividade em contato com a natureza é o Tamanduboia. Nesse passeio programado com caminhada, a grande atração é brincar à moda antiga, como faziam os brotenses, descendo um trecho do Rio Tamanduá, que fica dentro da área do hotel, a bordo de câmeras de ar de caminhão que fazem as vezes de boia.

Uma atividade divertida e com boas doses de adrenalina.

Já a infraestrutura de lazer do hotel conta com quadra de tênis, campos de futebol e minigolfe, salão de jogos, academia, bosque, barco, caiaque e bicicletas.

Também há três piscinas: uma aquecida e coberta, uma infantil com escorrega e outra ao ar livre, semiolímpica. Em todas elas, a água é climatizada e tratada com ozônio. E ainda tem uma piscina natural – linda, mas com água bem gelada.

Piscina ao ar livre
Todas as piscinas têm água climatizada por uma fornalha e tratada com ozônio. Foto: Divulgação

Entre as novidades está o Casa Spa Estela Farsoni, onde é possível fazer massagens relaxantes e nadar em uma piscina exclusiva dos clientes.

Para completar essa experiência de bem-estar, a família planeja inaugurar outra piscina em 2025, em um local mais reservado do hotel, para quem quiser relaxar em uma atmosfera intimista, longe das brincadeiras dos monitores.

Por falar em recreação, o Areia que Canta oferece atividades diárias para todas as idades. A programação fica exposta em um mural e é dividida por faixa etária: dos 3 aos 6, dos 7 aos 12 e dos 13 aos 17 anos. Tem brincadeiras, jogos, oficinas, piqueniques, passeios na fazendinha, ordenha, alongamento e várias outras atividades para preencher o dia.

Piscina natural
Piscina natural tem água pura e gelada, proveniente de uma nascente local. Foto: Divulgação

Responsabilidade ambiental

Quando os Farsoni começaram a abrir suas porteiras a visitantes, o ecoturismo ainda estava dando seus primeiros passos na região. Mas a família já tinha a visão socioambiental de que era preciso preservar e, ao mesmo tempo, compartilhar a beleza de sua nascente com quem mais quisesse ver.

A solução foi controlar a visitação. “Teve gente que nos chamou de egoístas porque fechamos uma estrada que dava acesso à mina e impedimos a entrada de estranhos, mas eu disse: ‘Muito pelo contrário!

Assim, todo mundo vai poder vir, não só a meia dúzia que já conhece o caminho e ainda estraga, até faz fogueira’. Não queríamos segurar aquele lugar só pra gente”, lembra Andrelina.

Hoje, apesar do apelo da cidade ao turismo de aventura, o Areia que Canta funciona como um refúgio de sossego e compromisso com o meio ambiente. Placas solares fotovoltaicas respondem por 80% da energia consumida no hotel.

A água de uso é aquecida por uma fornalha. Todos os resíduos sólidos são descartados corretamente. E o entorno de nascentes e córregos foi reflorestado com o plantio de mais de 30 mil mudas de árvores nativas.

Reflorestamento da mata ciliar
Mais de 30 mil mudas de espécies nativas foram plantadas no entorno de nascentes e córregos da propriedade para reflorestar a mata ciliar. Foto: Divulgação

Além disso, para conservar a nascente Areia que Canta, estabeleceu-se um limite diário de aproximadamente 100 visitantes, que não podem mais mergulhar em suas águas. Quem quiser se banhar durante o passeio, contudo, pode curtir a prainha formada pelo Rio Tamanduá e suas revigorantes corredeiras.

O resultado de tantas iniciativas sustentáveis reflete-se na própria natureza. Em 2008, um grupo de pesquisadores da PUCCamp e da UNICAMP catalogou 207 espécies de pássaros do cerrado paulista que habitam os 300 hectares de área verde do hotel – um deleite para os aficionados por bird watching! Totens com a descrição das principais espécies estão espalhados nas áreas comuns.

Não por acaso, o hotel recebeu o prêmio Ambientalista do Ano na terceira edição do Fórum Municipal de Meio Ambiente, realizada em maio de 2024.

Gastronomia

Destino por si só, o Areia que Canta trabalha em regime de pensão completa, com café da manhã, almoço, um farto chá da tarde e jantar já incluídos no valor das diárias.

A gastronomia, aliás, merece menção honrosa. Com gostinho de comida caseira e o frescor de ingredientes locais, a maioria dos pratos servidos no bufê despertam a memória afetiva. E há opções para todos os paladares: desde feijoada, salmão e churrasco até pratos veganos, sem glúten e sem lactose (inclusive sobremesas).

gastronomia
Com gostinho de comida caseira e o frescor de ingredientes locais, a maioria dos pratos servidos no bufê desperta a memória afetiva. Foto: Heloísa Cestari

“O veganismo é uma tendência, e a gente também procura priorizar ingredientes que sejam frescos e da estação”, diz Eneida. Formada em Nutrição, ela não só coordena a parte de alimentação como também põe a mão na massa.

Destaque para as saladas e os patês do couvert, muitos deles preparados com temperos recém-colhidos da horta de dona Andrelina, que também faz compostas deliciosas. É o caso do seu incomparável doce de laranja, um must que acaba ocupando um lugar discreto no bufê em meio à tentadora variedade de tortas, bolos, mousses e sorvetes.

Acomodações

Com estrutura para casais, famílias e eventos corporativos, o Areia que Canta oferece 82 apartamentos divididos em seis categorias para atender a diferentes perfis de hóspedes.

Os apartamentos Ipê, de 32 m², por exemplo, são duplex e ideais para famílias, pois comportam até cinco pessoas. Lembram uma singela casa de fazenda de frente para o lago, com chão de cimento queimado e forro de madeira.

Apto da ala Paineira
Apartamentos da ala Paineira são novos e espaçosos, com varanda, jardins decorados e uma linda vista do pôr do sol. Foto: Heloísa Cestari

Já as categorias Cabreúva e Jatobá dispõem de algumas acomodações com banheira de hidromassagem, varanda individual ou mezanino que proporcionam uma memorável estadia a dois.

E quem fica na nova ala, a Paineira, conta com quartos espaçosos (48 m²), de design moderno, e varandas que dão para jardins decorados e proporcionam uma linda vista do pôr do sol.

Seja qual for a sua preferência, em todos eles você encontrará comodidades como frigobar, TV, ar-condicionado, telefone e Wi-Fi grátis.

Além disso, o hotel é pet friendly e possui cinco acomodações adaptadas a pessoas com mobilidade reduzida – lembrando que uma passarela leva às principais áreas comuns do hotel (como as piscinas, os salões de jogos e o restaurante), permitindo que cadeirantes tenham fácil acesso às opções de lazer.

Lago com tirolesa
Lago serve de “playground” para atividades como tirolesa, caiaque, stand up paddle e pesca esportiva. Foto: Divulgação

Preços

O valor das diárias no Hotel Fazenda Areia que Canta varia conforme a data e o tipo de acomodação. Os preços on-line partem de R$ 1.464,40 por casal, com lazer, pensão completa e cortesia para crianças de até 5 anos.

Outra opção é o Day Use, que permite usufruir de toda a infraestrutura de lazer do hotel das 8h às 18h.

Neste caso, os preços (válidos até setembro) partem de R$ 340 por pessoa de segunda a sexta-feira e R$ 370 aos sábados, domingos e feriados, incluindo café da manhã, almoço e chá da tarde. Crianças até 5 anos não pagam.

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