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Boipeba: quando ir e onde se hospedar nesse refúgio em Morro de São Paulo

Os dias são tranquilos nas praias desertas e piscinas naturais de Boipeba, que faz um contraponto de sossego à vizinha Morro de São Paulo.

Piscinas naturais de Boipeba
Piscinas naturais de Morerê (foto: MTUR/Márcio Filho)

Foram sete quilômetros de caminhada, através de praia e mata, sem cruzar com praticamente ninguém. Só um surfista local indicando o caminho certo aqui, uma turista pedindo orientação ali, o barqueiro fazendo a travessia do rio acolá.

O máximo de pessoas reunidas que vi foi já no destino final, onde o pessoal da vila tocava seus afazeres cotidianos à beira da praia. Crianças que brincavam de surfar sobre placas de isopor, avós que davam bronca em meninos espevitados, pescadores que limpavam seus barcos, cães que latiam uns para os outros… Ou seja, cenas que compõem um retrato fiel de Boipeba: pacata, simples, pitoresca.

Tranquilidade e isolamento são coisas que essa ilha baiana, pertencente ao município de Cairu, sempre ofereceu, mesmo antes da pandemia. Por isso, há algum tempo ela vem sendo apresentada como a alternativa sossegada ao burburinho da vizinha Morro de São Paulo.

Afinal, o maior movimento de Boipeba vem justamente dos passeios de barco que trazem turistas do Morro para passar o dia. De resto, é o lugar perfeito para quem quer dar uma desligada total, com quilômetros e mais quilômetros de praia só para si, comendo lagosta fresca e tomando caipirinha de cacau sob a sombrados coqueiros.

O acesso ao paraíso do sossego, porém, não é dos mais fáceis (e talvez seja por isso mesmo que a serenidade ainda reine por aqui). Enquanto Morro de São Paulo recebe balsas diretamente de Salvador, a saga até Boipeba acaba demandando um dia inteiro, se considerarmos desde a saída de casa até a chegada à pousada. Nesse ínterim, devem-se somar tempos de voo, de estrada, de barco e até de caminhada (veja mais a seguir).

Praia em Boipeba
Praia da Boca da Barra (foto: shutterstock)

Tudo o que você precisa saber para preparar a sua viagem!

Como chegar a Boipeba

O aeroporto mais próximo a Boipeba é o de Salvador, que recebe voos de várias cidades brasileiras. Como são várias etapas de transporte entre Salvador e Boipeba, os horários de cada trecho precisam estar muito bem casados.

É preciso chegar à capital baiana antes das 12h e, no dia do retorno, partir depois das 15h. O ideal é reservar um dia inteiro para a ida e outro para a volta. Ou, então, pode-se quebrar a viagem, dormindo em Salvador, para ter mais flexibilidade nos horários e evitar correria.

Existem algumas formas de chegar a Boipeba. Para garantir tranquilidade, você pode contratar o transfer com as agências de receptivo turístico, que providenciam toda a logística, em grupo ou privativo, a preços que começam em torno de R$ 230 por pessoa.

Consulte sua pousada para indicações de empresas. Um dos trajetos mais comuns inclui uma hora de ferry boat desde Salvador até Itaparica. Em seguida, 2h30 de estrada até Valença e mais uma hora de lancha até Boipeba. Uma vez na ilha, você caminha ou pega um quadriciclo/trator para chegar à sua pousada.

Outra opção é pegar duas horas de balsa de Salvador até Morro de São Paulo e seguir em veículo 4×4 até a ponta da Ilha de Tinharé, a partir de onde um barco atravessa para Boipeba em cinco minutos.

Mas em qualquer caso, o ideal é viajar com pouca bagagem. Se estiver com orçamento largo, vale investir no táxi aéreo. São pequenos aviões fretados que saem de Salvador e chegam a Boipeba em meia hora. Como carros não entram em Boipeba, alugar um não é pertinente.

Quando ir

Entre setembro e dezembro, os preços são de baixa temporada, há menos turistas na ilha e o clima é bom. De maio a julho, chove mais, o que prejudica o passeio às piscinas naturais.

Quanto tempo ficar

Como a logística até Boipeba não é tão simples, o ideal é ficar uma semana. São dois dias para ir e voltar e outros cinco para curtir a ilha.

Onde se hospedar

Vale lembrar que carros convencionais não são permitidos na ilha, que é feita de pequenos povoados espalhados. A vila de Velha Boipeba é a principal, com poucas ruas ao redor de uma praça, uma igrejinha do século 17 no alto da ladeira, restaurantes simples e alguns comércios.

Depois de desembarcar na Boca da Barra, a praia “central” que dá acesso ao vilarejo, você provavelmente terá que andar para chegar à sua pousada – um pouco ou talvez muito. Dependendo da localização, dá para recorrer aos quadriciclos ou mesmo às jardineiras puxadas por tratores, que fazem as vezes de táxi local.

No caso da Pousada Mangabeiras, situada em um morro no final da praia principal, a caminhada de 20 minutos ganha um refresco com a ajuda do simpático elevador do tipo plano inclinado, que leva até lá em cima. A localização se prova um bálsamo para os olhos, que, de qualquer ponto da pousada, regozijam-se com a vista para o mar.

Pousada Mangabeiras
Pousada Mangabeiras. (Foto: reprodução Booking)

Mas, para uma hospedagem mais prática, o ideal é ficar em Velha Boipeba mesmo, em pousadas como a Nascente do Sol. É mais simples e prescinde da vista panorâmica, mas dá acesso direto à Praia da Boca da Barra.

Nessa praia, separada da Ilha de Tinharé (onde fica Morro de São Paulo) apenas pelo Rio do Inferno, você aproveita a estrutura do restaurante da própria pousada ou então da Toca do Lobo, a barraca vizinha. Outra localidade interessante para se hospedar é a Praia de Moreré, um pedaço ainda mais sossegado de Boipeba, com pousadinhas charmosas como a Alizées e a Mangueira, por exemplo.

Praia de Boipeba
Velha Boipeba (foto: shutterstock)

Caminhos da ilha de Boipeba

Caminhar, afinal, faz parte de uma viagem a Boipeba. Foi assim, de pé na areia, que desbravei os sete km praticamente desertos entre a Pousada Mangabeiras e a Praia de Moreré, uma vila de pescadores que abriga algumas das famosas piscinas naturais da região.

Além dos trechos à beira-mar, o trajeto atravessa pedaços de mata, uma extensa e fotogênica fazenda de coqueiros e um rio. Ele seca na maré baixa, então, nesse período do dia a caminhada é mais indicada. Mas, se o rio estiver cheio, é provável que tenha um barqueiro nas margens fazendo a travessia por não mais que R$ 5.

Dessa caminhada sem pressa, a graça é justamente ir pulando de praia em praia (como a de Tassimirim e a de Cueira), desbravando corredores verdes que desembocam em pequenas enseadas.

Praia de Tassimirim
Praia de Tassimirim na Ilha de Boipeba, sul da Bahia. (Foto: shutterstock)

E assim, ir dando um mergulho em cada tranquilo pedaço de mar que surge. E, claro, fazendo paradas para degustar uma ou outra iguaria local, como a lagosta do Guido’s (na Praia da Cueira), a moqueca de camarão na Barraca Tassimirim (na praia de mesmo nome) ou a moqueca de polvo com banana da terra na Barraca Paraíso (em Moreré).

Tudo bem simples, com aquele tipo de charme que só os lugares genuinamente rústicos conseguem ter. O retorno a Velha Boipeba, para pouparas pernas de mais sete quilômetros de esforço, pode ser nos “quadritáxis” que ficam na vila de Moreré.

Passeios na maré baixa

A maré, aliás, determina tudo em Boipeba. Isso porque a principal atração turística – as piscinas naturais que deram fama à ilha – só surge quando a maré está baixa. A água cristalina é represada entre os arrecifes a poucos quilômetros da costa e torna-se cenário perfeito para o mergulho com snorkel.

Só é preciso se certificar de fazer o passeio com o tempo bom, sem que tenha chovido nos dias anteriores. Caso contrário, a água fica turva e mexida, e não se vê nada.

Há diferentes roteiros de barco que passam pelas piscinas, em passeios coletivos ou privativos, oferecidos por agências locais como a Coco Dendê. Saindo da Praia da Boca da Barra, as lanchas chegam às piscinas de Moreré em 15 minutos e fazem parada na vila de pescadores para almoço.

Uma opção mais turbinada do roteiro continua a navegação por outros 30 minutos até as piscinas naturais da Praia de Castelhanos, que deve seu nome ao naufrágio de uma embarcação espanhola em 1535. Dizem que, na maré baixa, dá para ver os restos do navio, incluindo a âncora, mas a visibilidade para mergulho é ruim por conta da água escura que vem do rio.

Rio rodeado pelo mangue
Rio Catu (foto: shutterstock)

Castelhanos

A extensa Praia de Castelhanos é famosa também pelas barracas rústicas de palha, que ficam na ponta banhada pelo Rio Ouritibe. Elas vendem pastel de lagosta e caranguejo, porção de lambreta (molusco típico do mangue) e caipirinhas como a de cacau com biri-biri, servida dentro da casca do cacau.

É em Castelhanos, aliás, que você faz a foto clássica de Boipeba, deitando-se no tronco inclinado dos muitos coqueiros que margeiam a areia branca e o mar transparente. Mas, de novo: se tiver chovido, o cenário muda.

A versão completa do passeio de barco, que se chama Volta à Ilha, continua depois de Castelhanos e vai até um banco de areia, que tem um lado banhado por água fria e profunda, e outro por água quente e rasa.

O almoço acontece no Povoado de São Sebastião, conhecido como Cova da Onça, que tem algumas opções de restaurantes, como o Estrela do Mar e o Toca da Onça. O trecho final da navegação sai do mar e adentra o mangue, percorrendo o Rio dos Patos até os bares flutuantes em Canavieiras, área famosa pela produção de ostras, que podem ser provadas fresquinhas ali mesmo, enquanto o sol se põe.

Passeio pelos mangues

Só não é possível caminhar por toda a circunferência da ilha porque boa parte dela é preenchida por mangues, principalmente a costa voltada para o continente. Navegar através deles, portanto, é outra atração imperdível de Boipeba, e fica ainda mais interessante a bordo de um caiaque.

O passeio, oferecido pela agência Ecomar, tem saída às 16h, no pequeno “shopping” de Velha Boipeba. Quem conduz o grupo é a oceanógrafa Marta Smith, que vai à frente em uma prancha de stand up paddle, com pelo menos um de seus cachorros a bordo, explicando a curiosa formação do mangue, um ambiente naturalmente inóspito.

Então vamos rasgando as águas salobras e enlameadas do manguezal e adentramos o túnel formado pelas árvores conhecidas como mangue branco, vermelho e preto, em cujos troncos e raízes escondem-se diferentes tipos de caranguejo.

Outra iguaria da culinária local, que, por lei, só pode ser servida fora do período de defeso. A remada termina coma contemplação do pôr do sol no rio. Em uma versão mais estendida, os caiaques retornam pelo mangue depois que escurece, para ver os plânctons bioluminescentes se acendendo com o movimento da água.

De julho a setembro, a Ecomar tem passeio para observação da baleias jubarte, que passam por Boipeba em sua rota anual de acasalamento.

Caiaque na Bahia
Passeio de caiaque (foto: Cristiane Sinatura)

Boca da Barra

O finalzinho da Boca da Barra, a praia principal de Velha Boipeba, é um canto praticamente deserto, com as marolas quebrando suavemente nas pedras. Apenas uma curta trilha na mata separa essa faixa de areia do pitoresco elevador da Pousada Mangabeiras, que fica no alto do morro, em meio à Mata Atlântica.

A cabine de vidro com teto de sapé sobe vagarosamente, para o hóspede já ir entrando no ritmo de Boipeba. Uma vez lá no alto, é o mar que está sempre à vista, seja da piscina, de qualquer um dos 11 bangalôs ou da guest house completa para até seis pessoas.

Seguindo conceitos sustentáveis, a Mangabeiras foi erguida por iniciativa dos irmãos Juliana e Leandro, de Brasília, sem derrubar uma árvore sequer. Todas as construções foram posicionada sem espaços naturalmente disponíveis, rodeadas de dendezeiros, coqueiros, cajueiros e, claro, mangabeiras.

Assim surgiu uma das melhores pousadas de Boipeba, que respeita a essência simples da ilha para proporcionar uma experiência de alto padrão, mas sem pompa nem presunção. Os quartos, portanto, são muito espaçosos e confortáveis. E mesmo estando entre os mais bacanas de Boipeba, não têm a pretensão de serem sofisticados. Sendo assim, o auge do luxo é o Bangalô Master, que tem hidromassagem com vista para o mar.

Pousada em Cairu
Pousada Mangabeiras (foto: Cristiane Sinatura)

A ideia, afinal, não é ostentar. A graça, aqui, é sair da cama, abrir a cortina e dar de cara com o mar lá embaixo. É aproveitar um café da manhã com sabores regionais que mudam diariamente, com direito a tapioca, cuscuz com queijo coalho, macaxeira cozida e bolinho de estudante.

Fazer uma caminhada pitoresca na mata para chegar à praia que quase parece particular. Tomar um drinque à beira da piscina no fim da tarde, vendo o sol se pôr no mar. Ou ficar em dúvida sobre o que pedir no jantar à luz de velas, porque tudo no menu do dia parece bom.

Culinária em Boipeba

Por fim, chegamos a um ponto de destaque da Mangabeiras: a gastronomia. Como a proprietária Juliana também é chef de cozinha, é de se esperar que os pratos servidos na pousada sejam de altíssimo nível, atraindo para o jantar até visitantes que não estão hospedados.

Cada dia da semana tem um menu à la carte diferente, com várias opções de entrada, prato principal e sobremesa, sujeitas à disponibilidade dos ingredientes. Afinal, estamos em uma ilha e existe toda uma logística para a entrega de mantimentos.

A proposta é de comida internacional, com toques baianos. Bruschetta de polvo, bobó ou risoto de camarão, peixe com banana-da-terra, salada tailandesa e polvo com arroz negro são algumas das receitas que chegam à mesa em belas e fartas montagens. Energia garantida para gastar em mais uma caminhada no dia seguinte ou para simplesmente acumular em um belo ócio à beira-mar.

Viagem a convite da Pousada Mangabeiras.

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